✨Capítulo III- Seu abraço✨

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Os dias se passaram como minutos, como se eu fosse uma antagonista sem muita importância no meu próprio enredo

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Os dias se passaram como minutos, como se eu fosse uma antagonista sem muita importância no meu próprio enredo. Todos os dias eu acordava com a sensação de um vazio interior, como se tivessem tirado minha alma de dentro de mim e agora nada fazia sentido.

Uma semana.
Setes dias.
168 horas.
10.080 minutos sem ela.

Sei que comida foi colocada nos meus lábios, só não me pergunte que gosto tinha, ou o que era. Sei que tomei remédios para dormir a semana inteira, lembrando nada mais do que a falta da minha coroa. Tomei água sem gosto, dormir em lençóis macios mas que não tinham a mesma sensação que os braços dela, chorei minuto após minuto até cair no desespero das minhas lágrimas. Passei noventa e nove porcento do meu tempo sem conseguir direcionar um "oi Abba", mesmo sabendo que ele não tinha culpa.

Mas a quem mais eu iria descontar minha dor?

Por que logo quem deveria me segurar nos braços tinha feito isso comigo?

Dias passaram, com eles logo percebi que minha vida tinha se tornado outra em um piscar de dedos. Agora eu ia morar com a Tia Kellyn no seu apartamento, pelo menos até ficar maior de idade e escolher o que fazer com a nossa casa. É engraçado como as coisas são, um dia você estar sendo na cozinha com sua mãe fazendo planos incertos sobre seu futuro e no outro, você está mudando para a casa da sua tia sem ela.

Alguns amigos mais próximos ajudaram a gente com a mudança, apesar de eu ter negado mais ajuda e compaixão de todos. Eu apreciava saber que as pessoas estavam por perto, mas também odiava ser o centro das atenções como uma criança indefesa. Contudo meu luto era vidente, então o pouco que falava deixava todos ao meu redor em alerta. Eu nunca pularia de uma sacada, mas se
tivesse essa intenção eles nunca permitiriam.

Obrigada Deus por colocarem anjos ao meu redor, eles estão me ajudando a suportar,
mesmo quando quero tudo isso arriscar,
Só porque a dor está cada vez pior.

Depois de carregar todas as caixas para o quarto de visita, começo lentamente a arrumar as coisas nos seus respectivos lugares. Sabendo que a cama e meu cantinho de oração era as coisas mais vitais neste momento, monto encima da escrivaninha o altar. Coloco minha Bíblia entreaberta, minha imagem da Mãe Pereguina e uma vela acessa. Sentindo a falta de algo, vou até as caixas e procuro até voltar com o porta-retrato da minha mãe entre meus dedos pálidos. Encaixando perfeitamente ao lado da minha Bíblia, acabo deixando um sorriso triste escapar dos meus lábios ao observa-la naquele dia.

Estávamos em frente a montanha-russa, fazendo caretas indispensáveis para aquela noite das meninas. Dona Leandra sempre gostou de altas aventuras, ao mesmo tempo que gostava de ficar em casa e cozinhar para nós. Sempre foi apenas nós duas, duas almas peregrinas buscando fazer o melhor nesta estadia terrestre. Observo seus olhos através da moldura me encaram, acompanhado do seu sorriso que faz-me derramar uma lágrima de saudade.

Apaixonada pelo Coroinha✞Onde histórias criam vida. Descubra agora