Capítulo 2 - Laços

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Junmyeon contava até dez quando estava nervoso com alguma coisa e mesmo que eu achasse exagero da parte dele, era fofo vê-lo fazer isso. Ele aspirava o ar e contava. Ele olhava para mim e dizia mais um número. Acabo não aguentando e rio.

- Não ria de mim, Doutor Zhang!

- Yixing.

O corrijo e o maior acaba sorrindo fraco para mim. Já haviam se passado três semanas desde que Junmyeon se tornou meu paciência. Nesse meio tempo, descobri que ele era filho de um dos homens mais fluentes em tecnologia da Coreia do Sul. Sua mãe, faleceu quando ele tinha apenas 10 anos e mesmo que não falasse, era visível em seu olhar o quanto ele sentia falta dela. Como filho de alguém bem sucedido, Junmyeon teve uma vida fácil e tudo o que ele desejava, aparecia em suas mãos num simples estalar de dedos. Porém, o que mais admiro nele, é o quanto ele não demostrava a arrogância de um típico rapaz rico.

Lembro-me também, dele ter comentado que era formado em alguma área de TI e que desde então passou a ajudar o pai com os negócios da família. Entretanto, a um ano atrás, depois de sentir dores nos ossos e articulações, ele foi à procura de um médico. Para saber o que eram as dores e através de alguns exames, foi descoberto a doença.

Leucemia Mielóide Aguda. O diagnóstico pode ser feito através de um exame de sangue, como o hemograma, que permite observar a diminuição de glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas. Mas para confirmar o diagnóstico, é necessário fazer uma biópsia da medula óssea. Essa doença, ocorre quando há um dano no DNA das células na medula óssea, que leva ao desenvolvimento anormal em células malignas. Na época em que for descoberta, a doença não se encontrava tão agressiva, mas agora, estava um tanto preocupante. Realmente, acho ser um milagre ele ter aguentado por tanto tempo antes de iniciar o tratamento de fato.

- Junmyeon, sei que é difícil, mas você precisa dar início ao tratamento de quimioterapia

Sorrio com gentileza ao pegar a mão dele - com cuidado - e o vejo suspirar quando olha para mim.

- Eu sei... é só que estou com medo

Ele realmente estava com medo. Em momentos como esse, é muito bom termos as pessoas que amamos ao nosso lado. Porém, Junmyeon não tinha ninguém. Se o maior não tivesse tomado alguma atitude para interna a si mesmo, o pai não faria isso. Pelo que eu entendi, vagamente, parece que o senhor Kim tem raiva do Junmyeon está assim. Mas como poderia ser culpa dele? Ninguém pede para ficar doente.

- Não fique, eu estarei lá para o que você precisar

Encorajo-o, fazendo carinho em sua mão com a minha livre. Meus olhos castanhos encaram os claros dele e sorrio.

- O que foi?

Pergunto arqueando uma das sobrancelhas ao perceber que ele me encarava também.

- Você é muito gentil. Por isso nunca mude, Yixing.

Sinto as bochechas formigarem, mas tento manter a plenitude e sorrio.

- Eu só faço o meu trabalho

- Não... eu já vi muitos médicos na minha vida, mas você é o primeiro que realmente ama o que faz e que quer ajudar as pessoas de verdade.

Acabo não conseguindo me conter e desvio meu olhar. Sabia que minhas bochechas ficaram rubras - devido à forte formigação.

- Por que está dizendo essas coisas? É vergonhoso...

Pergunto enquanto ajeitava os utensílios dentro da bandeja de metal. Ele continuava me olhando, porém não me dava uma resposta. Olho para o mais velho, ainda estando envergonhado e ele sorri singelo.

- É apenas á verdade.

- Então... o-obrigado...

Digo tentando manter a voz tranquila, mas ela falha quando gaguejo. Volto minha atenção ao que eu fazia e assim que termino de pegar tudo, olho para ele.

- Posso marca a primeira sessão?

Junmyeon solta o ar com pesar e encara suas mãos que estavam juntas.

- Meu cabelo vai cair não é?

Ele me responde com outra pergunta, sem olhar em meus olhos. Dou a pequena bandeja a enfermeira - que acabou de entrar - e peço para ela nos deixar assoeis novamente.

- Senhor Kim, você já está entre os primeiros na fila para um transplante de medula óssea. Acredito que conseguirá antes que seu cabelo caia.

Sorrio fraco e me aproximo do menor. Levo a minha mão até as suas - que ainda se mantinham juntas - e ele olha para mim.

- Estou fazendo o meu melhor para que você saia daqui o quanto antes.

Ele assente tocando minha mão também e sorrio.

- Tudo bem, eu vou confiar em você. Vamos logo começa essa... hm... quimioterapia do mal

Junmyeon faz uma careta e rio singelo diante da piada sem graça.

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Os dias se passaram e quando fizemos a primeira sessão de quimioterapia, Junmyeon tentava ser otimista. Entretanto, era visível a tristeza e preocupação em seu olhar. De volta ao quarto, ele estava cansado por conta do medicamento e dormia. Fico perto dele por alguns instantes e como ele estava sozinho no quarto, faço carinho em seus fios negros sem pressa. Mordo meu lábio inferior de modo tímido e vergonhoso por está fazendo aquilo com tanto carinho. Ele era muito bonito mesmo estando abatido. Cada traço do seu rosto me deixa encantado e seus lábios cheinhos... balanço a cabeça não acreditando aonde minha mente foi parar. Continuo observando ele e não podia negar que algo estava crescendo dentro de mim.

- Quando melhorar... será que você aceitaria sair comigo?

Sussurro para não acorda-lo, mas suas pálpebras tremem um pouco e ele abre os olhos. O mais velho me encara e minhas bochechas ficam rubras quando afasto minhas mãos.

- Seria um prazer...

Junmyeon mostra para mim aquele sorriso de canto dele, que era sexy e de tirar fôlego. Como ele conseguia? O mesmo apenas me da uma resposta e volta a cair num sono profundo. O que foi isso? Volto a toca-lo da mesma forma e uma ansiedade começa a tomar conta de mim. É clichê e ridículo, mas parecia que haviam borboletas brincando em meu estômago.

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⏰ Última atualização: Dec 14, 2021 ⏰

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