O leilão

Capitulo 13

POV SN

A porta se fechou atrás deles com um estrondo que soou como um fim. O peso das palavras do meu pai ainda reverberava na minha mente, como um eco que não se apagava. Yoongi e sua família estavam nas mãos deles agora. Nas mãos dele.

Eu sentia o ódio nos meus ossos, o desespero me consumindo, e ao mesmo tempo, uma paralisia que me impedia de fazer qualquer coisa. O medo de perder Yoongi era maior do que qualquer outra coisa, mas... o que mais eu podia perder? Eu já não estava perdendo tudo?

-Eu já disse, SN.- a voz do meu pai cortou o silêncio, fria e autoritária, como sempre. -Se você não fizer o que eu estou pedindo, vou destruir tudo o que você mais ama. Você acha que ele vai te salvar? Que ele vai proteger vocês? Eu sou o único que pode garantir a segurança dele, e a sua.

Eu queria gritar. Queria berrar até que minha garganta se rasgasse. Mas em vez disso, eu fiquei lá, imóvel, sentindo cada palavra dele perfurar meu peito como se fosse uma lâmina. Ele sabia. Ele sabia que, se ele fizesse o que estava ameaçando, não seria só a vida de Yoongi que ele destruiria. Ele iria destruir o que restava de mim, da minha alma. E o pior de tudo: ele sabia disso. Ele sabia que eu não tinha coragem de perder ele, mas também sabia que eu não tinha forças para ficar longe de Yoongi.

Eu olhei para minha mãe, esperando algum sinal, alguma compaixão. Mas o que eu vi foi um olhar vazio, um olhar que dizia mais do que mil palavras. Ela estava com ele. Ela estava do lado dele. E, naquele momento, eu percebi que não havia mais ninguém ali por mim. Eles não eram mais minha família. Eles eram os agentes da dor, os arquitetos da minha ruína.

Eu não sabia o que era pior, a ameaça de destruir Yoongi e sua família, ou o fato de que, ao me verem como um simples peão em seu jogo, eles estavam destruindo minha essência. Eu queria chorar. Eu queria gritar. Mas as lágrimas não vinham. Meu corpo estava tão apertado, tão comprimido pelo medo, que parecia que eu estava me sufocando por dentro.

- Você sabe o que vai acontecer, não é, SN?.- O tom do meu pai se tornou ainda mais gélido. Ele dava passos lentos pela sala, cada um deles como um golpe no meu coração. - Se você não obedecer, eles vão pagar. Eu já avisei a ele. Eu já avisei à família dele. Agora, depende de você. Você vai escolher se render à realidade ou se vai condenar todo mundo? Vai me desafiar?.

Eu queria ser forte. Queria gritar que ele estava errado, que eu não era um simples brinquedo em suas mãos, mas o que restava da minha voz estava silenciado pelo terror. Porque ele não estava mentindo. Eu sabia que ele tinha feito algo. Eu sabia que, se eu não colaborasse, eles não iriam hesitar. Eles iriam destruir Yoongi e sua família sem pensar duas vezes.

E eu não podia permitir isso. Eu não podia ser a razão de destruí-los. Não podia ser a responsável por acabar com a única coisa verdadeira que restava na minha vida.

- Você vai entender, filha.- minha mãe disse, sua voz tão calma, tão fria, que parecia que ela estava explicando a fórmula de uma equação matemática. - Não é só sobre você. Não é só sobre o que você quer. Se você não fizer o que seu pai pediu, a dor não será só sua. Você entende isso, não entende?"

Eu fechei os olhos por um segundo, tentando bloquear o som das palavras, tentando escapar da realidade. Mas não havia como escapar. Eu sabia o que estava em jogo. Eu sabia que, se eu não seguisse as ordens deles, a dor seria maior. Eles não estavam me dando uma escolha. Eles estavam me esmagando, me fazendo acreditar que não havia saída.

A dor dentro de mim estava se tornando insuportável. Era como se a minha alma estivesse sendo rasgada em dois pedaços. Um pedaço queria correr para Yoongi, queria lutar por ele, por nós dois, por tudo o que representávamos. Mas o outro pedaço me dizia que, se eu não me curvasse, se eu não fizesse o que eles pediam, tudo o que eu amava seria destruído, e talvez nunca mais tivesse chance de viver.

A visão de Yoongi, com seu sorriso tranquilo e seus olhos cheios de esperança, pairava diante de mim. Eu queria estar com ele. Eu queria viver com ele, sem medo, sem essa sombra sobre minha cabeça. Mas minha mente estava dividida, meu coração em pedaços. Como eu poderia olhar para ele e dizer que tudo o que passamos, tudo o que sentimos, nada disso importava mais? Como eu poderia dizer isso a ele, sabendo que, ao fazer isso, estaria destruindo a única coisa que ele me deu? A única coisa que me fazia sentir viva.

Eu não sabia o que fazer. Eu queria lutar. Queria resistir. Mas, ao olhar para minha mãe e para meu pai, vi que, ao final, tudo o que me restava era uma escolha impossível. Eu não podia deixar que eles destruíssem Yoongi. Não podia. Mas eu também não queria ser a responsável por destruir minha própria família.

Eu senti as lágrimas começarem a cair sem controle. Eu não queria ser fraca, não queria me render, mas não havia mais forças em mim. Eu estava quebrada. Eu estava perdida.

- Você sabe o que fazer, filha.- minha mãe disse, e a frieza em sua voz era como gelo. - Não seja tola. Não faça todos nós sofrerem por causa de um garoto. Não vale a pena.

Eu queria olhar para ela, queria olhar para eles e gritar que sim, ele valia a pena. Que Yoongi era a única coisa que valia a pena. Mas, ao invés disso, me vi ali, em pé, com o peso das ameaças esmagando minha alma. E as palavras que eu queria dizer estavam presas na minha garganta, incapazes de sair.

Tudo o que eu mais temia agora estava prestes a acontecer. Eu sabia disso. Eu sabia que, se não fizesse o que eles pediam, a dor de perder Yoongi seria só o começo. Eles não hesitariam. Eu não poderia deixá-los fazer isso. Não poderia. Mas a verdade era que, se eu não os obedecesse, quem eu seria depois disso? Eu não teria mais nada.

E nesse abismo, entre o amor que eu sentia e o peso das ameaças dos meus pais, eu me vi perdida. Eu estava quebrada. Eu estava morrendo.

Eu não sabia mais o que fazer.

Continua...