Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
SELENE se lembra perfeitamente de quando seu avô lhe mostrou uma constelação pela primeira vez.
Lembra que era a constelação Órion. A constelação mais bela que já viu e provavelmente a mais bela que existe.
Noites quentes não eram muito comuns em Lyon e na Europa em um geral, o que fazia com que fossem poucas as vezes em que visse essa constelação; sendo ela a favorita do seu avô, ele costumava lhe dizer que isso era o que fazia daquela constelação tão especial: coisas rotineiras, se tornavam comuns e coisas comuns eram céticas e previsíveis.
Desde então, não houve uma só estrela ou constelação que passasse despercebida pelos olhos brilhantes e curiosos da garotinha de cabelos castanhos.
Seu avô que partiu quando ela ainda tinha 7 anos, em sua partida lhe disse que estava indo morar em um lugar distante e que em todas as noites estreladas, ele seria a estrela mais brilhante no céu.
Para a pequena Selene, os dias ensolarados em que todas as crianças corriam felizes já não faziam mais tanto sentido e não tinham mais tanta graça assim. Para ela, a noite passou a ser a melhor parte do seu dia, e observar o céu estrelado a procura de uma estrela brilhante se tornou o seu melhor passatempo.
Seus pais, empresários ricos, nunca tiveram muito tempo para a filha, então os presentes caros em datas importantes foi tudo o que teve para suprir a ausência deles, e ser posta para dormir por babás foi o mais próximo que teve de um amor materno.
Quando ela completou os seus 17 anos, seus pais não se opuseram quando ela pediu a emancipação e tampouco se importaram quando ela ligou para avisar que estaria se mudando para uma cidade pequena fora do seu país de origem.
Não foi em busca de alguma aventura ou de nada novo, não estava procurando nada, sabia que possuía em si mesma tudo o que precisava.
Mas nada disso impediu que o universo pusesse em seu caminho, uma certa família de lindos pares de olhos dourados e peles pálidas, não para que a tornassem, mas para que preenchessem as lacunas que nem mesmo ela sabia que tinha e lhe fizessem fazer parte de algo que nem ela sabia que precisava participar.
Entrou em sua casa com um pouco de dificuldade por conta das malas em suas mãos, olhou ao redor e suspirou satisfeita.
É um lugar relativamente pequeno, mas ainda sim passando um ar de aconchego pelas paredes de madeira e móveis em um estilo rústico.
Pôs a água para esquentar para preparar um chá, e sentou em frente a imensa janela da sua sala.
Era bom estar na presença da sua própria companhia.
