"Garotinha assustada"

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James Potter

Onde eu estava? Meus olhos se negavam a ver qualquer coisa em minha frente. Me perguntava se era pelo recinto estar mesmo escuro, ou se eu havia ficado cego. Não me lembrava de muita coisa depois da babaquice que eu tentara fazer. Eu havia perdido? Só me lembrava de pegar a varinha de Melissa Snape.

Arthur Madison era um idiota. Como eu fora capaz de ser amigo de alguém como ele? Me negava a aceitar. Eu fora traído, e isso era vergonhoso o suficiente para nós dois.

--A bela adormecida acordou!

Aquela voz... Estranhamente fico animado ao escutá-la.

Olho ao redor, meu pescoço doía (pelo menos meus olhos pareciam funcionar). Ela estava sentada lá, no peitoril da janela. Sua expressão era dura, e suas olheiras eram grandes o suficiente para parecer que ela não dormia a dias. Foco em sua face... Ela não estava bem.

Mais alguém havia notado, ou eu era o único que parecia ver aquilo nela?

--Oi...--Tento me pôr sentado, mas mudo de ideia após sentir uma dor enorme em meu peito.--O que aconteceu?

--Aconteceu de eu tirar os olhos de você.

Ela se levanta do peitoril, os passos decididos seguindo seu rumo até a minha figura impotente. Ela me analisa por tempo o suficiente para as minhas bochechas corarem. Rezo para ela não notar.

--Está se sentindo inteiro?

Demoro para processar sua pergunta, quem sabe não estivesse inteiro.

--E... eu...

--Deixa, eu não quero saber.

Vejo ela se colocar sentada na beira da cama. Penso em perguntar para ela exatamente o que havia acontecido, mas eu não sabia se queria mesmo saber.

--Quanto tempo...

--Quinze dias.

Meus olhos se arregalam. Tento me concentrar em qualquer outro pensamento para não entrar em desespero. Quinze dias? Eu havia "dormido" por quinze dias?

--C... como?

--Por um momento eu temi que você não fosse acordar. Ainda bem que acordou, porque não estamos em um bom momento.

Ela se levanta, os olhos focados em mim. O que ela quis dizer com "não estamos em um bom momento"? Minha mente entra em colapso com os pensamentos do que aquilo poderia significar. Era bom, não? Significava que a luz deveria estar se dando bem. Mas eu deveria me preocupar comigo, com a minha vida. Por que era bom o fato de eu ter acordado?

--Você...

--Não acho que precise de explicação.

Sua fala me pega de surpresa.

--Por quê?

--Porque não diz tanto respeito a você. Agora levanta, duvido que esteja cansado. Irei levá-lo à cozinha, deve estar morto de fome.

Ela não diz mais nada, e eu não penso em negar sua ordem por medo das consequências. Vejo ela sair do quarto lentamente, a figura cansada e impotente.

Me coloco sentado com uma dor terrível. Ela bem que poderia ter ficado para me ajudar. Queria saber por que ela parecia não dormir a dias. Será que ela andava me vigiando durante esses quinze dias? Será que ficava sentada na janela se certificando de que eu estava bem? Me perguntava...

--Ai!--Grito de dor. A porta se abre no mesmo instante.

Melissa vem até o mim, os olhos voltados para a agulha em meu braço. Eu deveria imaginar que estava sobrevivendo de soro. Motivo pelo qual o "morto de fome" dela não me fez pular da cama. Eu acho que nem teria acordado se não fosse o soro me mantendo alimentado. Me mantendo vivo.

A Questão não era Rose-ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora