"Eu teria o matado"

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Ele tinha a certeza, a certeza fatal.

Não, não era algo idiota, não que chamar aquela certeza de fatal fosse exagerar das ideias. Ele já se sentia louco, louco demais para se permitir ter um momento de sanidade.

Aí estava ele, com Rose deitada ao seu lado, numa noite extremamente bela, depois de um dia de calor intenso tentando executar o plano (não, eles ainda não tinham esse plano, mas pensar que tivessem fazia com que se sentissem menos ansiosos). Se tivessem mesmo esse plano, ele seria tão fadado ao fracasso quanto tentar fazer James sorrir... Porém, por mais que quisesse ficar deitado no chão daquela floresta de tundra para sempre, fingindo que nada de ruim estava acontecendo do mundo e que Albus não estava louco, sendo um completo psicopata, com uma garota louca também sendo uma completa psicopata, por quem James disse estar completamente apaixonado a alguns dias atrás... E BLÁ, BLÁ, BLÁ!

A sua certeza não tinha a ver com Albus nem com a garota louca, ou até com James. A sua certeza terrível, assustadora e anormal era a certeza tristonha de que não sentia vontade alguma de abraçar, beijar e ficar ao lado de Rose a dias (sim, ele já havia chegado nesse resultado de seus sentimentos a dias, só nunca parara para pensar no significado disso). Ele tentou, confessava que havia tentado, mas havia algo muito estranho com seu coração. Ele estava se sentindo vazio, triste, quebrado... Sentia muita falta de Albus, falta demais para tentar fingir. Aquele sentimento que achara sentir ontem, agora não passava de passado.

Ela, sua adorável voz sem dono, proclamara seu destino, e ele, sem saber, estava dando os passos que ela a tanto tempo programara.

Rose não se importara com a falta de toques no início, mas depois desses longos dias finalmente estava dando sinal de se importar. Scorpius sabia que precisaria ser sincero com ela. Rose provavelmente tentaria encontrar as respostas mais lógicas possíveis e contornaria o fato... Porém, depois que tudo isso acabasse, seria inegável.

Scorpius não sentia nada por Rose, se já sentira, era outra história... Ele não sabia. Mas tudo aquilo que passaram juntos, não poderia ser falso. Como negar que os toques, as lágrimas, as brigas... Tudo, tudo, tudo, fora verdadeiro? Claro que Scorpius usara a relação para contornar muitos problemas envolvendo Albus e o destino que se aproximava, mas a maioria das coisas que fizera com Rose não poderiam ser falsas.

Aí estava ele olhando para o céu estrelado, com Rose ao seu lado. Sem qualquer indício sentimentalista por ela.

--Rose...--A garota não emitiu som, mas Scorpius soube que ela entendeu e esperava a continuação.--Não posso ser sincero com você agora, não com tudo isso acontecendo. Espere, okay?

Scorpius soube, mesmo com a falta de comunicação viável, que Rose entendeu e não faria perguntas, nem choraria. Não naquela noite. Oh merda, seria ele o chorão da história dessa vez. Rose choraria quando não pudesse mais contornar a situação, o que aconteceria quando a guerra fosse vencida.

Se a guerra fosse vencida.


Como negar um plano de James? Fácil, dizendo não. Ele era mortal, eles sabiam antes mesmo de aceitá-lo. James nunca fora alguém fácil de lidar... Sendo sinceros, ele era considerado a anta mais desejada da escola, e o estereótipo da anta mais desejada da escola já era o de burrice total. Aquele plano além de mortal já era idiota antes de ser feito.

--Acabamos de voltar de lá!--Rose reclama.--Você quer que a gente volte para aquele local assustador e cheio de gente doida, para descobrir o que fizeram com Albus? Aquela garota mortal está lá!

A Questão não era Rose-ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora