"Rose..."

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Um dia, dois dias, três dias, quatro dias e Scorpius Malfoy não aguentava mais ficar sem ver a luz do dia. Seu corpo estava necessitado de água e comida, e ele estava sobrevivendo de urina e fezes a dois dias. Não havia sucumbido com facilidade, mas ninguém aparecia para lhe servir. Ele já não sabia o que estava acontecendo nos andares acima, era como se nenhum som chegasse em sua pessoa, e não chegava mesmo. Queria saber onde aquela traída fora parar, aquela voz irritante que aparecia em seus pesadelos... Ele precisava saber... Ele se sentia obrigado a saber antes que decidissem fazer algo com sua pessoa. Aliás, por que ainda não haviam feito nada consigo e fingiam que ele não existia? Era engraçado e assustador. Ele estava cada vez mais assustado.

Um toque, um barulho estranho e passos frenéticos. Scorpius franze as sobrancelhas ao escutar uma voz feminina, doce e assustada.

--Scorpius? Scorpius?

Deveria ser um sonho. Onde mais ele escutaria uma voz feminina chamando seu nome na situação que se encontrava? Scorpius não conseguia levantar, estava com dor demais para se permitir andar até as grades. Sem contar, que não faria diferença levantar ou não. Deveria ser um anjo o chamando para a morte, uma morte tão certa quanto o futuro do mundo. Mas ele não morreria tão cedo por falta de comida... Mas e por água? Ele estava necessitado de água.

--Scorpius!

Estava cada vez mais perto, a voz doce estava cada vez mais perto. Scorpius só conseguia fitar o teto, sedento. Ele geralmente, enquanto procurava a mansão, comprava comida em mercadinhos pequenos com o dinheiro trouxa que guardara escondido por tanto tempo no dormitório. No fundo, ele sempre soube que teria que se meter numa confusão daquele cabimento, então preferira prevenir. O problema é que, apesar de não sentir tanta fome, embora as fezes fossem nojentas o suficiente para tê-lo feito vomitar um monte de líquido e o resto de comida que residia em seu estômago a dois dias atrás, ele não podia evitar a sede. A urina não estava ajudando-o a se manter hidratado.

--Scorpius!!!

Aquela voz era muito parecida com a de Rose e se aproximava rápido demais. Scorpius fica atento, com os ouvidos querendo captar cada mínimo som. Rose não poderia estar aí, porque não faria o menor sentido. Aquela voz não poderia ser de Rose, Rose Granger-Weasley não seria tão tola. E Scorpius não pôde evitar o pensamento de que a mataria caso estivesse mesmo aí.

--Scorpius!!!!

Batidas soam nas grades, a voz estava perto demais, gritando seu nome perto de seu ouvido. Scorpius se sente incomodado e sem vontade de confirmar suas suspeitas, mas ele é forçado a se virar para o que seria a pessoa mais tola do universo. Era a maldita Rose Granger-Weasley, que, apesar de Scorpius achar que não havia a mínima chance de ser, fora tola.

--Rose?--Ele não sabia se sua voz continha incredulidade, raiva ou felicidade. Era uma mistura suspeita.

A garota estava em pé atrás das grades e fitava seu rosto com uma ansiedade conhecida, tão conhecida que Scorpius sente todo o ar escapar de seus pulmões. Maldito seja, ele não queria vê-la ansiosa nunca mais, pensara que, quando toda a bagunça acabasse, fosse voltar para Hogwarts e ver uma Rose risonha. Ele não sabe de onde retira a força necessária, mas ele consegue se levantar e correr em direção às grades. Movido pelo o que, exatamente? Raiva? Ele estava assustado, desesperado talvez. Rose era louca.

--Eu encontrei você, eu não acredito que consegui! Você está bem?--A garota grita. É, ela era louca. Os comensais a escutariam se não calasse a boca. Scorpius não sabia como o sistema de sons funcionava daquele maldito local, embora se lembrasse de que quando era criança seu pai ter soltado um grito no andar de cima enquanto Scorpius explorava as masmorras. Ele escutara o pai alto e claro, então os comensais poderiam ter colocado um feitiço para ele não escutar nada, ou estavam fazendo um silêncio incrivelmente mortal a quatro dias.

A Questão não era Rose-ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora