"Tudo naquele corpo era Voldemort"

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Querido homem mascarado

Me diga

Onde estás?

Por que sumiras?

Meu amado cavalheiro de armadura

Por que me deixaras sozinha na sarjeta?

Por que me chamaras de amor para depois me abandonar?

Por que agora decidiu por me odiar?

Qual é o significado do amor que sonhava em me doar? 


E foi como se tudo não tivesse passado de uma explosão de luz, uma explosão de luz cega, não vista pelos olhos dos então Comensais da Morte. A garota até então existia e, tão de repente quanto um estalar, não existia mais. Ou talvez ainda existisse num lugarzinho daquele corpo miúdo agora ocupado por Lorde Voldemort, mas isso era, talvez, impossível.

No andar de cima, James forçava a maçaneta da porta, sem saber que a garota que o mantinha... Vivo? Não se encontrava mais viva. Chegava a soar como uma piada, porque a garota que até então o mantivera vivo, não estava mais viva... Era cômico, mas ele ainda não tinha como saber. E quando soubesse não haveria alma do mundo capaz de impedi-lo de fazer alguma coisa pela qual se arrependeria depois.

Os comensais estavam de joelhos, cabeça baixa e seus corpos tremiam. Os olhos escuros de Melissa Snape agora eram os vermelhos e sem vida de Lorde Voldemort. Sua postura já não era a mesma, sua expressão estava amarga, seus passos eram mais lentos, longos e a voz... Eles não sabiam se queriam ouvi-la. Tudo naquele corpo já não era Melissa Snape, tudo naquele corpo era Voldemort.

--Por que demoraram tanto?--Pânico, Voldemort estava irritado, não era um bom sinal.--Como ousaram repetir o mesmo erro da primeira vez? Como ousaram esperar tanto?

--Milorde.--A voz fraca e patética de Lúcius Malfoy toma o silêncio que seus companheiros deixaram tomar forma momentos atrás.--Precisávamos ter certeza que o corpo da garota seria compatível e precisávamos que ela estivesse numa idade boa. Seu corpo não envelhecerá mais e o senhor viverá para sempre dessa forma, ela não poderia ser muito nova... O experimento...

--CHEGA!

Todos, sem exceção, estremecem em pavor. Já fazia anos que eles não sentiam um sentimento tão pavoroso.

--Milorde...--Lúcius tenta, mas se prova uma péssima ideia quando Voldemort o joga para trás com um crucio que o faz desmaiar. Lorde das Trevas sentira falta de causar isso em seus comensais.

--Todos dessa residência estão aqui embaixo?

--Milorde... Draco Malfoy está em seu escritório, ele não sab...

--CHEGA! Traga-o aqui, quero que todos saibam da minha volta.

Nenhum deles se lembrou de James Potter, nem pensou em falar a respeito da experiência ruim com Albus Potter. Quando Lorde Voldemort soubesse que eles haviam transformado Albus Potter em uma máquina de matar sem controle, eles estariam em péssimas águas.


Uma Melissa de quatro anos escorregava pelo corredor pouco iluminado de sua casa. Uma tempestade cruel causava um alvoroço nas árvores ao redor da casa e ela estava apavorava. Severus não havia ido para seu quarto como o costume e ela não queria cruzar todo o caminho até a porta do quarto do pai sozinha. Estava muito escuro e lágrimas nervosas desciam por sua face.

Ela estava soluçando e esperava que isso fosse o suficiente para chamar a atenção do homem a grandes passos de distância, mas os trovões estavam muito altos e pavorosos. Seu pai não tinha um sono pesado, então por que ele não saia do quarto e corria até o quarto da filha? Sua pequena estava apavorada.

Um trovão alto, alto demais, soa e treme os vidros das janelas. Ela grita apavorada, alto o suficiente para acordar sua mãe bêbada do vinho que bebera durante o dia. Sons de passos rápidos e muito frenéticos chegam ao corredor e Melissa ofega, feliz.

Severus corre em sua direção e toma o pequeno corpo no colo. Melissa enterra a cabeça em seu pescoço, os olhos atentos nas cicatrizes pouco iluminadas em seu pescoço. O homem massageia suas costas e beija seus cabelos, ele odiava vê-la assustada.

--Desculpa, meu amor... Dessa vez eu estava dormindo pesado.--Melissa solta um solucinho baixo e treme novamente com outro trovão alto.--Vamos dormir, okay? Não vou mais deixá-la sozinha... Nunca vou deixá-la sozinha... Eu sempre estarei ao seu lodo, okay?

A Melissa de quatro anos acreditara no pai.

A Questão não era Rose-ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora