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Renata R. Corrêa
Capítulo 4
Chicão
Ansioso para encontrar logo minha família, desci da caminhonete e abri a porteira, que como costumava ser no passado, estava sem cadeado. Passei com o carro e a fechei outra vez.
Apesar de ser um homem rico, seu Dionísio nunca se preocupou muito com assaltos a sua propriedade, que de fato nunca ocorreram.
Fui direto para a pequena casa que meus pais ocupavam.
Após estacionar, desci e bati de leve na porta. Sem esperar, girei a maçaneta e empurrei. Com o movimento, a madeira velha rangiu. O aroma de bolo assando recendia pelo ambiente.
— Tem alguém aí? — perguntei ao entrar.
— Que bom que chegou, meu filho! — Mamãe surgiu apressada vindo da cozinha. — Fez boa viagem?
— Oi, mãe! — Dei um abraço apertado nela, suspendendo-a do chão. — Fiz boa viagem, sim. Que saudades já estava!
— Nós também de você.
— Cadê o pai? Como ele está?
— No quarto, descansando. Vai lá, ele ficará feliz em te ver. Depois venha tomar um café e comer um pedaço de bolo, acabei de retirar do forno. Também quero que me conte como está sua vida, como foi sábado.
— Pode deixar que contarei tudo. — Beijei o topo da cabeça dela e segui na direção do pequeno corredor.
Entrei meio ressabiado.
— Chicão? — Meu velho abriu os olhos e me observou por um instante, parecendo conferir se minha presença era mesmo real. A respiração ofegante chamou minha atenção.
— Sou eu, pai. — Sentei ao lado dele na cama. — Como o senhor está?
— Melhor agora. — Esboçou um sorriso e tossiu. — Desmancha essa cara de preocupação. Meu coração me deu mais um susto, mas sou duro na queda! — Mesmo fazendo graça, ele não conseguia disfarçar seu real estado.
— Eu sei disso... — Acariciei-lhe a mão, magra, áspera e fria. Notei as pontas dos dedos meio azuladas. Aquilo não podia ser boa coisa.
— Sua mãe me contou que venceu o rodeio sábado. Não consegui assistir, mas fiquei muito feliz. Tenho um orgulho danado do cê, filho!
— Obrigado, seu Tonho! A competição foi acirrada, dei o meu melhor. Estou juntando dinheiro, já tenho quase o suficiente para comprar umas terras aqui perto. Andei sondando um corretor rural.
— Que bom, Chicão. Eu tinha certeza de que conseguiria conquistar seus objetivos, quando saiu ainda frangote daqui.
— Já faz tanto tempo, mas lembro bem daquele dia. Por pouco não perdi o ônibus! — Sorrimos com a recordação e fui transportado para dez anos antes.
Meu pai me levaria até a rodoviária da cidade mais próxima para que eu pudesse pegar o ônibus até Piracicaba. Como me demorei nas despedidas, ao conferir as horas no relógio de pulso, fiquei sobressaltado.
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Nos laços do amor (DEGUSTAÇÃO)
RomansaFrancisco, mais conhecido como Chicão, é um jovem obstinado que se tornou um famoso peão de rodeios. Prestes a encerrar a carreira, ele almeja se consagrar conquistando uma importante vitória em um grande campeonato e, assim, voltar para a sua terra...