Capítulo 1

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Olá, pessoal, sejam bem-vindas e bem-vindos! Nos laços do amor já está com a história completa, eu a deixarei aqui até dia 15/05/22. 

Desejo que gostem da leitura!

Beijos, 

Renata.


Capítulo 1


Chicão


Aguardei a porteira abrir. Apesar do barulho, conseguia ouvir as batidas do meu coração retumbando dentro do peito. Perdi as contas de quantas vezes montei em um touro e participei de rodeios, mas a ansiedade era sempre a mesma, como se fosse a primeira vez. Naquele momento, o suor escorria pela testa e minha respiração ofegava. Ao ouvir o anúncio do meu nome, apertei a corda na mão enluvada e me preparei.

A porteira abriu. O touro escapou. Forte e enfurecido, saltava corcoveando, levantando poeira, enquanto me agarrava a ele. Força e equilíbrio eram essenciais, por isso aliava pilates, montaria, musculação, natação e hidroginástica em meus treinos, nas oito horas diárias de dedicação total ao esporte, o que vinha me rendendo bons frutos em dez anos de trabalho árduo. O animal era meu adversário, mas merecia respeito e cuidado.

Para tentar aumentar a pontuação, bati as esporas sem ponta nos flancos do boi. O futuro com o qual sonhava dependia do meu esforço. Na arena, pensava em minha família, cada vitória me deixava mais próximo de poder retornar às origens, de garantir uma velhice sossegada para eles, que tanto mereciam.

Oito segundos. Esse era o tempo que precisava permanecer montado. Mesmo que pouco, parecia durar uma eternidade quando estava ali. Por um momento, desequilibrei, no entanto logo me recuperei.

Consegui me manter até o final como aconteceu outras vezes, e com um bom desempenho. Ao ver minha nota, fiquei satisfeito e esperançoso.

Apesar de algumas pessoas criticarem as competições, por julgarem violentas e com possíveis maus tratos aos animais, essa não era a realidade daquelas que eu participava. Os tropeiros que criavam bois para rodeios só podiam permitir a participação daqueles com mais de quatro anos de idade e boa saúde. Garantiam alimentação de qualidade, treinos e descanso para eles, além de acompanhamento contínuo com um veterinário. Um touro só entrava na arena em uma noite por uma única vez e tinha o dia seguinte de descanso. Durante a competição também existiam regras a respeito dos materiais permitidos, com o intuito de não machucar os bichos, como cordas de lã ou feltro e esporas sem pontas.

Os bois de competição faziam natação, cooper e outras atividades de fortalecimento e relaxamento. Assim como nós peões, eles também eram atletas de alto nível. Competiam por no máximo cinco anos e então deveriam ser aposentados, retornando para a fazenda onde foram criados, continuando a receber cuidados, mas sem treinos.

Eu amava a vida no campo, nasci e fui criado em uma propriedade rural no interior de Minas Gerais, filho do capataz, desde cedo ajudava meu pai. Aos dezoito anos deixei o lugar, em busca de melhorar de vida. Mesmo que desejasse ganhar dinheiro, não teria me tornado um peão de rodeio se soubesse que os touros eram maltratados. Desde que parti da Fazenda Esperança, onde meus pais ainda viviam, a vida mudou muito. Felizmente meus planos deram certo.

Em dez anos de uma carreira de sucesso, contabilizava muitas vitórias, prêmios e dinheiro acumulado. Participei de competições nacionais enquanto ainda morava com seu Jair e Dona Jandira. O casal de idosos, amigo dos meus avós paternos, que me acolheu logo que cheguei a Piracicaba, a primeira cidade onde morei quando decidi me tornar peão de rodeio.

Nos laços do amor (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora