10 - Abner

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Era uma manhã ensolarada quando Abner, um jovem de 16 anos com cabelos escuros e olhos expressivos, chegou à sua escola, uma instituição de ensino renomada. Com sua mochila nas costas, ele caminhava pelos corredores cheios de vida e animação. Seu coração batia ansiosamente em seu peito, pois sabia que aquele seria um dia especial.

Ao entrar na sala de aula, Abner notou um garoto sentado no canto, com cabelos castanhos e um sorriso cativante. Era Pablo, um rapaz de olhar doce e expressão amigável. Uma faísca de curiosidade acendeu-se dentro de Abner, e ele decidiu se aproximar.

- Oi, posso me sentar aqui? - perguntou Abner, apontando para a carteira ao lado de Pablo.

- Claro, fique à vontade! - Pablo olhou para cima e sorriu calorosamente.

A partir desse momento, uma conexão especial começou a se formar entre os dois jovens. Eles compartilhavam interesses semelhantes, riam das mesmas piadas e pareciam se entender sem precisar de palavras. A amizade floresceu rapidamente, e Abner e Pablo logo se tornaram inseparáveis.

Os dias na escola se transformaram em uma aventura compartilhada. Eles exploravam os arredores da escola, descobriam novos lugares e se divertiam com pequenas travessuras. Suas risadas ecoavam pelos corredores enquanto construíam memórias inesquecíveis.

Mas, por trás dessa amizade profunda, havia um sentimento mais intenso que ambos escondiam. Abner e Pablo começaram a desenvolver uma atração especial um pelo outro. Seus corações batiam acelerados quando estavam juntos, e um olhar fugaz ou um toque inocente fazia com que suas bochechas corassem. No entanto, o medo de estragar a amizade e o receio de uma possível rejeição os impedia de revelar seus verdadeiros sentimentos.

As tardes eram preenchidas por conversas intermináveis, confidências compartilhadas e momentos de cumplicidade. Abner e Pablo se apoiavam mutuamente, estendendo uma mão amiga sempre que um deles precisava. Eles se tornaram o porto seguro um do outro, a base sólida em meio às turbulências da adolescência.

Era uma manhã ensolarada. Abner, com seus cabelos escuros e olhos penetrantes, caminhava pelos corredores da escola com um sorriso tímido nos lábios. Seu coração batia descompassado, ansioso para encontrar seu amigo especial.

Naquele dia, algo dentro de Abner mudou. Ele sentiu que não poderia mais guardar seus sentimentos em segredo, que era hora de revelar a verdade que o consumia por dentro. Com o coração aos pulos, Abner dirigiu-se ao jardim da escola, um lugar mágico onde a luz do sol atravessava as folhas das árvores e criava um cenário romântico perfeito.

Lá estava Pablo, com seu sorriso cativante que iluminava qualquer ambiente. Ele estava encostado em um banco, folheando um livro, alheio à chegada de Abner. O coração de Abner disparou ainda mais ao vê-lo ali, tão sereno e cativante.

Abner aproximou-se lentamente, sentindo o nervosismo tomar conta de seu corpo. Ele respirou fundo e reuniu coragem para falar o que tanto desejou dizer.

- Pablo! - chamou Abner, sua voz sussurrante, mas cheia de emoção. - Preciso te contar algo importante.

Pablo ergueu os olhos do livro e sorriu ao ver Abner.

- O que foi, Abner? – O adolescente suava frio por um motivo desconhecido

Abner sentiu um frio na barriga, mas seu coração lhe dava a coragem necessária para continuar. Ele olhou nos olhos de Pablo, perdendo-se naquela profundidade.

- Pablo, ao longo desses anos, nossa amizade se tornou algo especial para mim. Mas agora... agora eu sinto algo a mais! - revelou Abner, sua voz cheia de ternura e vulnerabilidade. - Eu me apaixonei por você.

Pablo ficou visivelmente surpreso, seus olhos expressavam uma mistura de choque e emoção. Ele olhou fixamente para Abner por um momento, sem encontrar palavras para responder. O silêncio entre eles era carregado de expectativa e incerteza.

Finalmente, Pablo falou, sua voz repleta de sinceridade.

- Abner, eu... eu também sinto o mesmo por você. Por tanto tempo, guardei esse sentimento no mais profundo do meu coração. Mas agora que você revelou, eu percebo que o amor que sinto por você vai além da amizade.

Uma onda de alívio e alegria percorreu o corpo de Abner, enquanto um sorriso brilhante se formava em seu rosto. Eles se encararam por um instante, conscientes da grandeza do momento que estavam vivendo.

Abner deu alguns passos em direção a Pablo, seus corações batendo em uníssono. Em um gesto carinhoso, suas mãos se encontraram, e o mundo ao redor parecia desaparecer, deixando apenas eles dois no centro de uma história de amor proibido.

O sol brilhava intensamente, envolvendo os jovens amantes em um abraço de luz. E então, sem mais hesitação, eles se beijaram. Foi um beijo cheio de ternura, paixão e a promessa de um amor que desafiaria todas as adversidades.

Mas o destino tinha outros planos reservados para Abner e Pablo. Logo após o primeiro beijo, Pablo começou a sentir uma estranha sensação de fraqueza e dor. Ele segurou o peito, gemendo de agonia, o motivo de seu suor frio, logo se revela.

- Abner... algo está errado. Sinto uma dor profunda em meu corpo! - disse Pablo, lutando para falar entre suspiros de dor.

O coração de Abner acelerou em desespero. Ele segurou as mãos trêmulas de Pablo, seus olhos estavam cheios de preocupação.

- O que está acontecendo, Pablo? O que posso fazer? - perguntou Abner, com a voz trêmula.

Pablo lutou para se manter firme, seu rosto marcado pela dor.

- Eu... fui infectado por um vírus chamado Ignotus. Ele está me transformando em um demônio, um ser que se alimenta de humanos. Não há cura, Abner. Eu... eu não quero que você veja o que vou me tornar.

A confusão tomou conta da cabeça de Abner, ele já havia ouvido falar do vírus Ignotus mas pensava apenas ser uma lenda urbana, ou um surto que não iria muito longe. Lágrimas inundaram os olhos de Abner enquanto ele segurava o rosto de Pablo com carinho.

- Não, Pablo! Não posso te perder. Vou fazer qualquer coisa para te salvar

Pablo apertou a mão de Abner, transmitindo seu amor e confiança.

- Você não pode me salvar, meu amor. Ah, como eu desejei tanto de chamar assim um dia. Você pode me libertar dessa dor. Por favor, prometa-me que fará o que é necessário.

Abner sentiu seu coração se partir em mil pedaços, mas sabia que não podia deixar seu amado sofrer. Com um misto de dor e determinação, ele se levantou e olhou nos olhos de Pablo.

- Pablo, meu amor, prometo que isso será rápido e indolor. Você será livre do sofrimento que esse vírus impõe. Por favor, perdoe-me! - disse Abner, sua voz embargada pela tristeza.

Com lágrimas escorrendo pelo rosto, Pablo assentiu, compreendendo a difícil decisão que Abner estava tomando. Abner fechou os olhos, respirou fundo e, com um movimento rápido e preciso, pôs fim à vida de seu amado.

Um silêncio sepulcral pairou no jardim da escola, interrompido apenas pelo som das lágrimas de Abner. O mundo ao seu redor parecia desmoronar enquanto ele olhava o corpo inerte de Pablo, sentindo uma mistura avassaladora de tristeza, culpa e desespero. Olhando ao redor da escola, que antes parecia vazia, Abner percebeu que a desgraça estava acontecendo por todo o local, o vírus infectava quase todos os estudantes

O desespero consumiu Abner quando percebeu que ele próprio estava mudando. Um calafrio percorreu sua espinha, e ele sentiu uma energia sombria pulsando em seu interior. Seu corpo se contorceu, a pele adquiriu uma palidez doentia e seus olhos brilharam com um dourado maligno. Abner havia se tornado aquilo que mais temia, um demônio assombrado pela sombra do amor perdido. Um ignus.

As lágrimas continuaram a rolar pelo rosto de Abner enquanto ele observava o corpo de Pablo, agora deformado e monstruoso. A vida que haviam sonhado juntos foi interrompida de forma trágica e brutal. Agora, Abner estava condenado a carregar o fardo de suas ações e a enfrentar um futuro incerto como um demônio torturado pelo amor perdido e pela culpa que corroía sua alma. Ele acabou se tornando aquilo que seu amado mais temia se tornar.

O mundo não prometido: Guerra entre MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora