13 - Até uma outra vida

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- Esse é o Nelson? – Pergunto Adryele boquiaberta ao encontrar o amigo perfurado por um dos escombros do caminhão – Consegue me ouvir?

- Não está doendo! – Nelson respondeu com um sorriso – Que droga, eu não queria me encontrar com o Charlie tão cedo, nunca fui com a cara dele!

- Socorro! – Gritava a médica do grupo – Eu vou tentar te tirar daqui, só preciso de alguém pra ajudar!

Ao virar-se para olhar Nelson mais uma vez, os olhos vazios do garoto e o sangue que escorria de seus diversos machucados já deixavam bem clara sua atuação situação, a guerra havia feito mais uma vítima.

Os amigos de Nelson foram chegando aos poucos devidos aos gritos estridentes de Adryele, nada poderia trazer o sorriso daquela criança outra vez.

...

Manuel e Eduarda encontravam-se frente a frente, sozinhos em um local ermo e sombrio. A escuridão ao redor contrastava com a intensidade dos olhares entre os dois protagonistas. Era como se o universo inteiro se resumisse àquele momento crucial.

Manuel fitava Eduarda com olhos cheios de dor e incredulidade. Cada palavra pronunciada por ele era carregada de uma mistura avassaladora de raiva, mágoa e desespero.

- Você me amou ao ponto de matar pessoas de sua família, sem nenhum remorso! - começou Manuel com a voz trêmula. - Você ajudou a procurar o culpado quando, na verdade, era você o tempo todo. Você matou uma criança inocente!

Eduarda encolheu-se levemente, absorvendo o impacto das palavras de Manuel. Seu semblante oscilava entre a culpa e o amor que ela ainda sentia.

- Eu ainda te amo! - confessou Eduarda, sua voz repleta de vulnerabilidade. - Eu nunca vou deixar de te amar, principalmente depois de tudo o que eu fiz. Venha até mim!

Manuel lutava internamente, seu coração dividido entre os sentimentos que nutria por Eduarda e a traição que havia sido revelada. No entanto, a influência do sangue Arck era uma força avassaladora.

- Pare de fazer isso! - gritou Manuel, sua voz ecoando no vazio. - Eu não quero mais seguir suas ordens!

As palavras de Manuel reverberaram no ar, mas ele sabia que desafiar uma ordem direta de sua Reiss tinha consequências graves. O peso do seu ato de desobediência começou a se manifestar em dores agudas que atingiam sua cabeça.

A dor pulsante em sua mente só se intensificava, como punição pela sua resistência. Cada pontada trazia uma onda de desespero, mas Manuel se recusava a ceder. Ele sabia que, se abrisse mão de sua própria vontade, perderia sua identidade.

- Por favor... - suplicou Manuel, já não aguentando tamanha tortura. - Quando isso vai acabar?

Eduarda, embora visivelmente abalada, sustentava uma determinação feroz. Ela havia lutado durante anos contra a desigualdade entre os Reiss e os Arck, e não estava disposta a desistir.

- É contra isso que eu lutei todos esses anos, até o Thomas aparecer! - exclamou Eduarda, sua voz carregada de uma mistura de exaustão e esperança. - Eu não vou desistir de acabar com essa diferença entre os Reiss e os Arck!

A realidade do que Eduarda havia feito começava a pesar sobre os ombros de Manuel. Ele se via diante de uma escolha impossível, envolto em uma teia de lealdade, amor e dor.

- E pra isso você vai me matar? - perguntou Manuel, sua voz trêmula de incredulidade. - Você não acabou de dizer que fez tudo isso por mim?

Eduarda, com um olhar carregado de arrependimento e determinação, retirou uma faca da cintura. Seus dedos tremiam levemente enquanto ela se aproximava de Manuel.

O mundo não prometido: Guerra entre MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora