23 - Aniquilação

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Thomas acordou abruptamente e percebeu que não estava mais na ilha demoníaca onde costumava viver. Agora, encontrava-se em meio a uma agitada metrópole repleta de avenidas largas e modernos carros que zumbiam pelas ruas. Uma sensação de desconcerto o envolve enquanto ele tenta assimilar seu novo ambiente.

Antes que Thomas conseguisse reunir seus pensamentos, uma voz furiosa o interrompeu, cortando o ar como um chicote.

- Ei! Pode sair da frente? - Ele se virou e se deparou com uma garota cujo rosto expressava uma mistura de fúria e impaciência.

Sua voz carregava uma ponta de irritação ao falar

- Você não é um enfeite para ficar parado no meio da calçada! - A garota parecia exasperada. - Já me formei há quase um ano e preciso fazer de tudo para impedir que destruam a ilha!

- Ilha? – Perguntou Thomas com um olhar confuso - Do que você está falando?

- Você só pode viver debaixo de uma pedra! – A garota soltou um suspiro - Está em todos os jornais. Em uma semana, a ilha habitada pelos demônios será completamente aniquilada!

A notícia caiu como um soco no estômago de Thomas.

- Mas também há humanos lá!

A garota agradece, e um brilho de gratidão reluz em seus olhos.

- Obrigada! Eu luto por eles desde o ensino médio, mas as pessoas não me ouvem. Têm medo de arriscar uma nova disseminação do vírus!

Determinado a ajudar de alguma forma, Thomas começa a seguir a garota, seu coração pulsando com urgência diante da iminente tragédia.

- Com quem eu posso falar para impedir isso? - ele perguntou, seus olhos suplicantes.

A garota para de caminhar subitamente e o encara com intensidade. Ela exala uma mistura de descrença e esperança.

- Você pode falar comigo, Layla Durant. Mas, infelizmente, acredito que isso não fará muita diferença. Sou a única que se importa com a vida humana! No entanto, há de haver algum jeito!

- Eu moro naquela ilha. Tenho amigos lá. Eles não podem morrer! - Thomas compartilha sua preocupação e medo

Layla interrompe sua caminhada, fitando Thomas com um misto de perplexidade e compaixão. Em seguida, solta uma risada descrente antes de retomar seu passo apressado.

- É impossível você morar na ilha! Primeiro, por que você está aqui? É impossível entrar ou sair daquele lugar. Segundo, você está vivo! Os humanos vivem aprisionados lá!

Finalmente, Layla chega ao seu local de trabalho. Thomas a seguiu, desesperado para encontrar uma solução e salvar sua terra natal e seus entes queridos da destruição iminente.

- Nos despedimos aqui, estranho! - Layla diz ao abrir as portas do local. Entretanto, ao se virar para entrar, ela se depara com Thomas novamente. Sua expressão transita entre o choque e a perplexidade. - Como isso é possível?

- Ainda estou na ilha! Sou filho de uma humana com um demônio, o que me concedeu poderes. Preciso falar com a autoridade máxima! - Thomas respondeu com convicção

Layla, agora fascinada, acolhe a revelação com olhos brilhantes.

- Isso é incrível! Mas lamento informar que é impossível falar com o presidente do governo mundial. Ele é intocável. No entanto, seja bem-vindo a uma das nossas sedes. Aqui, desenvolvemos tecnologias para deter o avanço dos demônios. Como você mora lá, certamente já ouviu falar dos demônios originais adormecidos!

- Eles são a nossa esperança! - Thomas exclamou impulsivamente. - São a única chance de escaparmos daquele lugar!

Sentindo-se impelido pela urgência, Thomas correu pelos corredores do prédio, consciente de que apenas Layla podia vê-lo. Enquanto avançava, ele se deparou com imagens perturbadoras que simulam a destruição iminente da ilha.

- Eles sabem que há pessoas inocentes lá e mesmo assim... – Exclamou Thomas atordoado

Layla se aproxima, compartilhando a angústia de Thomas

- As pessoas aqui só se importam consigo mesmas! Por mais que eu tente, não consigo impedir!

Repentinamente, o chefe de Layla entra na sala. Sua presença é opressora e autoritária, provocando um calafrio na espinha de todos presentes.

- Que bom que chegou! - O chefe anunciou com uma voz grave. - Quero que ajude os outros com a finalização do projeto de aniquilação. Espero que você tenha abandonado a ideia de resgatar alguns humanos de lá. Eles não têm salvação!

Revoltada diante dessa crueldade, Layla não consegue se calar.

- Eles são inocentes! Eles não podem nos infectar. São imunes!

O chefe de Layla reagiu com violência, desferindo um golpe brutal que a derrubou ao chão. O som do impacto ressoou no ambiente, ecoando como uma sentença de silêncio.

A sala ficou momentaneamente paralisada, todos chocados com a violência presenciada. Layla se levantou lentamente, seus olhos faiscando de raiva e determinação. Ela pegou suas coisas, lançando um olhar furtivo a Thomas enquanto sussurra

- Não há liberdade, só ilusão!

Thomas despertou abruptamente em meio à densa floresta da Black School, seu coração disparado. Manuel se aproximou preocupado.

- Thomas, você está bem?

Respirando fundo, Thomas se ergueu, encarando seu pai com olhos resolutos.

- Vão nos destruir sem se importarem com a nossa existência aqui! Precisamos sair daqui antes que isso aconteça!

- E você acha que seremos bem recebidos? Para todos aqueles que não vivem neste continente, somos considerados demônios! – Ray olhou para ele com ceticismo

- O que você espera que eu faça? Eles pensam que somos demônios por causa de vocês! - Thomas retrucou, determinado

Ray permaneceu obstinado, incitando seu filho a ação fora daquele lugar

- Abra seus olhos, garoto! Você tem a chave para ser respeitado lá fora. Use os demônios gigantes. Mate alguns deles, faça-os ter medo de você, é assim que o mundo deles funciona, para eles, medo é sinônimo de respeito!

As palavras de seu pai ressoam em seus ouvidos, mas Thomas se mantém firme, sua ética interior resistia

- Eu não mato humanos! – Gritou Thomas

Então, num ápice de agitação, as pontas de pedra da muralha que circunda as seis escolas começaram a se quebrar. Enormes rochas desprenderam-se, causando uma destruição avassaladora. Não é Mateus quem está por trás desse caos, mas a ira indomável de Thomas, despertando os demônios adormecidos.

- Agora, meu filho! - Ray gritou, orgulhoso. - Você é a nossa salvação!

As rochas gigantes desencadearam o pânico entre os humanos, que recuavam apavorados. No entanto, uma das rochas estava prestes a cair diretamente sobre a floresta, rumo a Evandro Reiss que descansava entre as árvores, ainda tentando estancar o sangramento do ferimento que lhe foi causado.

- Saia daí! - Yamilla gritou, correndo em direção a seu amado, mesmo sabendo que o tempo é implacável.

Júlio, o mais próximo, conseguiu alcançar o antigo rei, mas a velocidade da rocha avassaladora. Incapaz de retirá-lo do perigo iminente, Yamilla, tomada pelo desespero, usou a corda de seu EMA para puxar Júlio consigo, livrando-o do impacto fatal. Porém, a cena agonizante se desenrolou diante de seus olhos quando a rocha esmagou Evandro sem piedade.

- Evandro! - Yamilla gritou em desespero, horrorizada ao ver apenas um braço exposto do seu amado emergir dos escombros. - Meu amor! Eu... Eu não tenho mais... Não tenho mais razões para viver sem você!

O coração de Thomas apertou-se com angústia, suas mãos trêmulas refletiam a culpa que o assolava naquele momento. A voz sombria de Ray ressoa em seu íntimo.

- Não mata humanos, não é? E agora, o que tem a dizer? A culpa é sua, Thomas. Você acabou de matar um humano!

O mundo não prometido: Guerra entre MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora