47 - míope

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- Que porra é essa? - Gabriel perguntou, largando as coisas do mercado na mesa da cozinha.

Rafaella ficava ali a maioria das tarde.

Não gostava de ficar sozinha.

E Monique trabalhava a tarde inteira.

- É uma dança. - ela riu.

Ele franziu o cenho.

- Sim, mas por que? - ele perguntou. - A Dhiovanna também fica fazendo essas coisas. - ele imitou. - E eu sempre fico boiando.

Ela colocou a mão na boca para não rir.

- Tem algumas que são difíceis mesmo. - ela concordou. - Mas essa aqui não é difícil.

- Qual o nome? - ele perguntou e se aproximou do celular.

- Não nasceu para namorar. - ela respondeu, simples.

Ele voltou para a mesa e pegou os óculos.

- As vezes, no silêncio da noite, me pergunto o que eu faria de não fosse míope.

Ela riu.

- Eu também tenho miopia, mas prefiro usar lente. É mais fácil e prático.

Ele escutou a música e tentou imitar os passos.

- Fácil e prático? - ele perguntou, incrédulo. - Fala sério! Colocar lente causa agonia e deixa meus olhos parecendo pimentão.

Ela passou a mão pelo cabelo.

- O seu olho é mais sensível, mas se você for praticando, ele se acostuma.

Ele suspirou.

- O pior é que vou ter que usar para jogar. Não enxergo o campo sem eles. O médico disse para mim começar a usar lente.

- Já foi comprar? - ela perguntou.

- Ainda não. - ele disse, mexendo as mãos e os pés. - Mas vou comprar antes do jogo. Vou tentar achar uma que não me cause o efeito pimenta.

Ela começou a rir.

- Efeito pimenta! - ela sentou em uma das cadeiras. - Sinceramente, Gabriel!

Ele deu de ombros.

- Vontade de quebrar esse óculos. - ele disse e arrumou os óculos no rosto.

Fetiche - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora