Olá me chamo Lucas e vou te contar uma história um pouco trágica, aos meus 16 anos meus pais sofreram um acidente fatal que lhe tiraram a vida, e como eu já nunca fui muito bem de vida não sobrou nada para mim, na época os poucos amigos que eu tinha se diminuíram bem mais e eu acabei ficando apenas com minha namorada Julia, ela realmente foi minha companheira por tempos difíceis, por alguns meses consegui me esconder do conselho tutelar, sempre que apareciam em casa eu conseguia fingir que não estava, mas isso não durou muito tempo, com 6 meses do falecimento dos meus pais eu fui obrigado a ir morar com uma tia minha, que morava um pouco distante de mim, eu fui informado um dia antes de ir para lá qual era o endereço e que as 7:00 eles passariam me buscar aqui em casa.
As 7 da manhã do dia seguinte lá estava eu tomando pela última vez café na casa que eu morei minha vida inteira, sinto muito falta deles, o únicos que me amavam de verdade não esperando nada de troca, seco meus olhos após escorrer algumas lágrimas com a dor da saudade e a despedida desse lar que foi meu por tanto tempo.
Entro no carro, comprimento o motorista, que era alguém da prefeitura, e prefiro ficar em silêncio antes que diga algo ofensivo, afinal , ninguém tem culpa da minha dor e ninguém merece ignorância de graça, vou observando o caminho, já tinha se passado 30 minutos e não tinha chegado, nunca tive contato com essa tia porém soube de histórias lindas que minha mãe contava sobre ela, sempre lembrava dela com muita saudade mais como nunca tivemos muitas condições de ficar passeando nunca fomos na casa dela, só a conheço por histórias, sei que o nome é doraci, e que é meio doidinha da cabeça mais que tem um coração gigante sempre disposta a cuidar e ajudar qualquer um.
Eu penso em Julia que ficou pra trás, em outra cidade , Julia sempre teve condições boas de vida , vivia em condomínio no maior conforto mas sempre foi uma menina humilde e esforçada, sempre disposta a mostrar que independente do dinheiro ela tinha capacidade de construir sozinha uma vida, sem depender de ninguém, Julia muitas vezes era mais uma amiga do que uma namorada, entendia qualquer situação, não brigávamos, tínhamos um relacionamento saudável e muito bom, pouco desistendimento , pensávamos muito parecido e apesar de eu ter apenas 16 anos sempre fui uma pessoa bem responsável, sempre procurando evoluir em qualquer situação.
Saiu dos pensamentos quando sinto o carro parar , olho em volta e vejo um morro, era uma favela para se dizer com palavras mais claras, penso que o motorista vai me ajudar a chegar na casa da minha tia ele apenas se despede e disse era a primeira direita e a segunda esquerda uma casinha simples e verde, como vou achar isso.
Começo a subir e já vejo algo errado a primeira a direita e uma viela sem saída, volto o caminho que fiz e vou pra primeira esquerda que dá em uma ruazinha com três direitas , e agora, vejo uma menina passar com os cabelos longos e escuros , um corpo bem bonita, pele bronzeada e algumas tatuagens pelo corpo.
- O moça, será que pode me ajudar ? - pergunto meio receoso, afinal não conheço ninguém aqui, ela volta sua atenção pra mim com a carinha meio fechada.
- Sim - ela responde, apenas isso .
- É que eu tô procurando a casa de uma tia minha que mora aqui, só que como nunca vim aqui antes, não faço ideia de aonde pode ser, o nome dela é doraci - eu disse meio tímido ainda com aquela situação e pela cara de má vontade.
Quando de repente ela abre um sorriso, com uma expressão totalmente diferente.
- Doraci ? Conheço, você é o sobrinho dela que tá pra chegar né, vamos que te levo lá- ela disse e foi voltando todo caminho que eu tinha feito antes, eu só sei dizer que era uma rua totalmente diferente da que o motorista lá tinha me dito.
- É aquela casa verde ali ó- disse e apontou pra uma casa simples mas bem bonitinha diferente das outras em volta, só perdia pra uma cor cinza que era bem grande e diferente lá pra cima , uns 100 passos de distância da casa da doraci.
