𝐈 - 𝐓𝐨𝐫𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚

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❝Mesmo sabendo que nada dura para sempre, eu nunca estarei preparado para te perder

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❝Mesmo sabendo que nada dura para sempre, eu nunca estarei preparado para te perder.❞

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       O silencio envolveu Izuku após o final da cerimonia. Ele não disse nada, uma única palavra seria capaz do o desabar em lágrimas. O tempo nublado ameaçando uma tempestade por entre as nuvens carregadas e o vento forte, parecia segurar a tormenta assim como Izuku engolia goela abaixo toda vez que a dor persistia em querer ser liberta. Naquele cemitério vazio Midoriya podia sentir sua pele contorcer como se fosse rasgar sozinha. O tumulo gravado com nome de sua mãe Inko Midoriya a sua frente parecia irreal, um pesadelo ruim do qual logo acordaria que a mulher gentil e acolhedora, agora esta sendo esmagada pelo peso da terra trancada em um caixão de madeira frágil em total escuridão, e completamente, sem vida

   — Gomen. — Sussurrou quase soprado, a fragilidade em sua voz era como vidro suportando um peso que em breve iria o estilhaçar.

   Alguns passos secos e cuidadosos se aproximaram leves e devagar com medo de qualquer movimento brusco que pudesse ferir de alguma maneira o esverdeado estético em frente ao túmulo.

   — Jovem Midoriya. — A conhecida voz de All Might soou baixa sendo acompanhada de um aperto em seu ombro. A forma como sua mão esquentou ombro do garoto mostrava quão gelado estava. A quantas horas estava ali afinal? Um dia inteiro?

   O uniforme de herói verde ainda continuava nas mesmas condições precárias, carregando algumas marcas da luta anterior como rasgos, sangue e queimado. E aquilo havia sido a dois dias.

   Apertou mais seu ombro conforme o silêncio se estendia de alguma forma esperou passar conforto, mas sequer seu calor era capaz de chegar ao coração partido e frio de Izuku no momento. Midoriya inspirou fundo quando toque quente o incitou a querer derramar as lágrimas que vinha segurando, não iria fazer isso diante seu ídolo e mentor, a única pessoa que o veria chorar durante toda sua vida é Inko e se ela não está mais aqui, então não há lágrimas que possam escapar de seus olhos.

   — Você precisa voltar para casa, não pode ficar aqui assim. — O loiro tentou mais uma vez. Os ombros de Izuku cederam da tensão acumulada e ele levantou vagamente sua cabeça.

   — Depois. — Foi o que conseguiu responder. O tremor em sua voz conseguiu apertar o peito de Toshinori, não sabia como lidar com rapaz a sua frente. Sempre tão forte, um jovem determinado com sorriso brilhante, esperançoso, carinhoso e heroico, agora não parecia mais do que uma criança frágil e instável, era primeira vez que o via envolto de uma áurea tão obscura, nem mesmo da primeira vez que se encontraram e Toshinori duvidou de sua capacidade o garoto chegou a carregar tanto vazio no olhar, aquilo seria capaz de congelar qualquer um.

   Quando iria voltar a insistir o próprio esverdeado colocou uma mão sobre a sua, seu olhar abatido com olheiras marcantes abaixo e vermelho que saltava na veia de seus olhos por segurar as lágrimas encararam sua face sem de fato focar em seus olhos e abriu um sorriso fraco, embora pudesse parecer para qualquer um que não tivesse consciência da situação que era de alegria genuína.

   — Eu já vou, não precisa me esperar. — Falou mais uma vez. Toshinori se abaixou para abraçar o menino, seu olhar um tanto severo carregado de preocupação dizia: "Você não precisa aguentar tudo sozinho." Mas era inútil, isso é exatamente o que define Izuku Midoriya, suas muralhas reforçadas e enormes que não deixavam ninguém chegar tão perto ao ponto de vê-lo admitir sua fraqueza. — Preciso ficar sozinho, só isso. —

   Abandonou o abraço de All Might e enfim deixou que seu tênis vermelho marcasse a porção de terra pela qual andou para sair do cemitério, deixando um professor com olhar preocupado para trás.

   Sua mente esteve tão vazia que assim que passou pelos portões não se importou para onde iria, não pensou em voltar para casa, Yuei, ou qualquer lugar que fosse, apenas caminhou com a falta crescente em seu âmago até se deparar com as paredes claras da sua casa. No fim era exatamente aquele lugar que sua mente o guiaria quando não pudesse suportar mais a nada nem ninguém, ao seu lar, mas estava vazio agora.

   Não havia o cheiro de comida, o som da teve, as luzes acesas, o calor confortante de casa, nem Inko. Tudo que o esperava atrás daquela porta é a solidão e o baque definitivo da realidade. Inko morreu.

   Contorceu lábio antes de voltar a caminhar, queria um abraço que não o deixasse frágil, um abraço que não quebrasse o restante dele, ainda que soubesse que Bakugou não faria mais do que piorar sua situação ele queria ver o loiro, se estivesse sofrendo pela mistura de medo, ansiedade e dependência que lhe causava, talvez não precisasse pensar sobre as últimas horas. Andou ate a porta da casa de Katsuki, era duas casas depois da sua, bateu fraco na madeira o suficiente para ser escutado na casa silenciosa. Vagarosamente ela se abriu revelando os cabelos espetados e o rosto nervoso de Bakugou, o som baixo da teve denunciava sobre a serie que assistia, não era difícil de ver as comidas espalhadas na mesa de centro nem a forma confortável com a qual o loiro estava vestido ao usar aquela regata, por que estava tão confortável? Não é para ficar confortável.

   — Vai dizer o que quer ou eu preciso socar sua boca pra isso? — Jogou sua arrogância em cima dele. Izuku não conseguiu reagir de maneira alguma aquilo, todos sabiam da morte de Inko, então por que ele tinha de continuar agindo normalmente, como se nada tivesse acontecido? Ele bufou antes de endireitar a postura. — Não sou seu psicólogo, procure outra pessoa. — Foi tudo que disse antes de fechar a porta em sua cara.

   O ar frio permitiu que o silêncio fosse uma companhia arrebatadora para sua mente prestes a colapsar. Decidiu que seria melhor voltar para casa, de alguma forma Inko ainda deveria estar lá, nas paredes, nos móveis, no ar da casa e ele não poderia mais segurar a ardência em seus olhos pela vontade de chorar contida.

   Abriu a porta de casa, o único som presente foi do relógio passando as horas no vazio, isso remexeu em seu peito, ela não está aqui, então por que o tempo insiste em continuar seu trabalho inútil? Não está correto.

   Puxou ar com lentidão antes de se colocar por completo na casa e decidir ligar a tevê, ascendeu às luzes, se dirigiu ao fogão e fez o caseiro Katsudon que havia aprendido com ela. Serviu dois pratos na mesa e sentou-se na cadeira afrente da qual ela deveria estar.

   Mergulhou a colher em seu pote, a fumaça saía aos montes pela temperatura do prato, mas ele tentou não se importar ao soprar. Ainda estava errado.

   Uma lágrima silenciosa deslizou por seu rosto, dando continuidade as outras que iam se formando em cascatas cada vez mais dolorosas de se ver e então não pode segurar mais. O aperto em seu peito, a verdade, a falta que faria, as coisas que não poderia ter mais ao lado dela, o carinho, a dor, a saudade. Ele não poderia negar mais.

   Ela se foi, Izuku. Para sempre.

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Contínua

N/A: Espero que estejam gostando da reescrita.

Dúvidas, sugestões e pedidos deixem aqui.

Obrigada pela leitura🖤🖤
  

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