6° Dia

Arquivo 46

"Irei pedir a mão dela em casamento, não há mulher alguma que me faça sentir como me sinto com ela...Quando eu a ver novamente eu..."

Z acordou mais uma vez encharcado de suor, os olhos esbugalhados, por que ele havia sido amaldiçoado a ter aquelas lembranças se ele não sabia sobre quem se tratava? Seus dias eram exaustivos mentalmente. Z se levantou, o cabelo liso desgrenhado, os braços sujos de graxa em partes. Começou loucamente a abrir as gavetas da estante jogando tudo de um lado para o outro, os olhos claros vidrados circunspecionavam cada perímetro do quarto à procura daquele objeto.

- NÃOOOOOOOOOO! - O urro de Z preencheu aquele pequeno cômodo escuro. - Maldição... Cadê você? 

Z começou a rir com os olhos ternos ao achar o que procurava, no chão haviam várias seringas usadas, jornais antigos e no meio disso tudo o rapaz se agachou e pegou seu bem mais precioso... Uma pequena caixinha preta que portava dentro um belo anel de diamante... O anel que nunca havia nem chegado ao dedo de sua amada.

Por mais que ele não lembrasse exatamente de nada, ele sabia que com ele por perto ele poderia sentir novamente a mão dela lhe acariciando o rosto, ouvir sua bela voz enquanto cantava no campo de girassóis. O rapaz lembrava de tudo isso enquanto passava a pequena caixa pelo rosto, seus olhos o mais fechados possíveis, Z estava beirando a loucura... Mas o que naquele mundo realmente era loucura?

Z levantou-se, guardou o anel, se banhou e preparou suas armas, seu trabalho ainda não havia acabado...

- F me espere... Que eu estou chegando! - disse Z sério enquanto se olhava no espelho e recarregava os revólveres.- Quero minha vida de novo... E farei o necessário para que isso aconteça!

O celular de Z começou a tocar e ele sabia exatamente quem era... Estava chegando a hora. Aquela voz a quem lhe parecia familiar estava lhe dizendo o próximo passo a seguir, ele conseguiria sua vida novamente, conseguiria proteger finalmente a quem ele amava, iria achar o amor de sua vida. Estava perto novamente...

Colocando um casaco preto Z pegou os revólveres e saiu de casa confiante de que finalmente o fim estava próximo. Ele lembrava exatamente de tudo de sua vida, parecia que sua única lembrança apagada tinha sido a daquela menina... Andando pelas ruas frias da cidade ele via sempre viaturas policiais vistoriando o perímetro, e pessoas completamente inebriadas de mentira seguindo suas falsas vidas normalmente, a cara cética e fria de Z parecia espantar qualquer pessoa que passasse por ele... Normal. Entrando em uma lanchonete próxima Z procurou seu contato e ao achá-lo sentou-se para discutir sobre o futuro de seu alvo...

- Onde estamos exatamente? - Perguntou F cansado após ter tido uma noite cansativa e mal dormido direito em um casebre de madeira de frente para um campo de girassóis.

- Estamos no limite norte da cidade, que na verdade é uns cinquenta minutos do centro. Por isso é bom, estamos longe de tudo, salvos por um tempo! - Disse M enquanto fazia café.

F se sentia mais seguro ali, aquele lugar lhe parecia familiar apesar de nunca ter ido até ali, sempre fora muito longe de tudo apesar de ser muito bonito. Mas ele não poderia ficar longe por muito tempo, os dois haviam guardado as roupas de oficiais no porão da casa e haviam dormido na cama de casal que havia ali, o imóvel era muito pequeno, mas para se esconder por um tempo estava bom. Muitas perguntas ainda ficavam latejando na cabeça de F, o que havia acontecido antes de ser obrigado a entrar na vã com Z? 

- O que houve no último dia? Você sabe se a R, P e Z estão bem? Estou preocupado! - perguntou F apreensivo.

M parou o que estava fazendo e pareceu fitar o nada refletindo sobre a resposta de F, nem todas as respostas que ele queria ouvir eram realmente o que ele queria, mas ele precisava saber...