Arquivo 55

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Já era quase manhã quando haviam chegado em uma espécie de hotél abandonado que ficava há uns três quarteirões da praça em que quase haviam morrido, o local estava repleto de tábuas de madeira nas portas de entrada e janelas, que impediam o acesso de qualquer pessoa. No salão principal F e Z estavam sentados em um antigo balcão de recepcionista bebendo cerveja e conversando por horas,  vez ou outra soltavam risos. Era estranho ver o rapaz loiro de olhar frio tão a vontade e de certa forma feliz dando várias goladas nas cervejas que haviam conseguido ao arrombar o freezer do bar. Sentadas nas poltronas estavam V e E que acabavam de fazer um curativo no braço da jovem cientista de olhos castanhos e dóceis que retribuiam a garota com um sorriso pela ajuda, era estranho para R ver a mudança radical de V uma assassina louca para uma garota doce e confiável.

Apesar de que nada para R ali era confiável, mas nem ela mesma sabia o que ainda fazia ali, não conhecia ninguém na cidade além deles... Será que também eram memórias falsas? Será que ela ainda não lembrava de algum fato importante de sua vida?
Do que adiantava se perguntar essas coisas agora? Ela estava completamente vulnerável naquela situação como qualquer um deles ali... Mas se pudessem talvez... fugir da cidade...

- Já pensaram em fugir da cidade? - Ninguém a ouviu.

V agora estava mexendo em seu notebook, seus olhos estavam extremamente concentrados e firmes. F parecia estar chorando agora enquanto Z o abraçava, e E ficava manuseando uma pequena navalha na mão enquanto andava de um lado para o outro. R se levantou do sofá em que estava e foi até o meio do salão, por uma das pequenas frestas de madeira um dos primeiros raios de sol refletia por cima de seu cabelo alaranjado, R ainda não havia se acostumado em como se sentia um ponto laranja chamativo quando estava debaixo do sol, a garota percebeu que V tinha parado de teclar em seu notebook  para ver o que ela iria fazer.

- Por que não fugimos da cidade? - Disse a garota levantando a voz olhando diretamente para Z, que agora a olhava junto de todos os outros.

- Não é tão simples... - Respondeu o rapaz.

- Por que não? E se lá fora o efeito five days não fizer efeito sobre nós? Sei que não vai ser fácil, mas ficar aqui dentro vai ser muito mais difícil. - retrucou a garota gesticulando com as mãos olhando agora para os outros.

- Não vou sair daqui sem meu irmão... - Disse a garota que aparentava ser uma pré adolescente, cabelos curtos cor de mel desgrenhados, que pareciam se encaixar em seu  olhar verde e felino que agora encarava R

Um pequena clima de tensão e desconforto se instalou no ar enquanto as duas se olhavam , até V intervir deixando seu notebook sobre uma pequena mesinha de mogno, e então se  levantando lentamente quebrando a tensão.

- Precisamos de estratégia...

Z a fitou com uma espécie de olhar que R bem conhecia, olhar de um soldado atento. O rapaz que se camuflava no escuro naquele momento devido seu casaco preto agora levantou de onde estava para se aproximar. Obviamente aquilo não era algo que chamava somente a atenção dele e logo todos se viraram para fitar V, exceto F que permaneceu sentado distante ainda um pouco confuso apesar de parecer interessado no que aquela mente brilhante estava pensando, se houvesse uma chance... Por menor que fosse de fazerem aquilo parar, definitivamente F a seguiria.

- Estabelecemos que no momento estamos com policiamento nas ruas. A cada quadra temos 4 policiais vistoriando o perímetro, em cada casa temos câmeras em todos os cômodos, todos os locais que ainda não tem "olhos" são considerados como nossa localização. - Dizia V enquanto andava de um lado para o outro olhando cada um deles ao proferir suas palavras.

6° DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora