TDN - Number Five

Sozinha

Kimi estava calada, sentada na varanda da cobertura olhando a chuva. Estranho para uma garota como ela, conhecida por sua língua. Five a olhava intrigado.

-- O que está passando em sua mente?

Ela respirou fundo antes de começar.

-- Alguém havia me dito que eles iam sair juntos. Eu sabia que era mentira e corri atrás dele... Só que não era. Ele tinha a porra dos lábios grudados com ela. Não é o melhor sentimento de todos os tempos, sim? - riu anasalado. - Minha amiga disse para me recompor, que eu deveria matá-lo. E então, soube que eles dormiram juntos. Ele era meu e eu era dele... Então ele decidiu ser de outra enquanto eu ainda era dele. 

- Está falando do Oliver?

- Ele me ligou na noite seguinte. Dizendo que estava bêbado, que pensou o tempo todo em mim e que eu o fodia melhor. Eu só o disse "Eu não sei o que lhe foi dito, que eu estava mal ou puta com você, mas se há uma coisa que eu sei é que você é o maior rato dessa merda de foça que acabei de sair. Não me ligue, não me procure. Saiba que está morto para mim".

Ela calou-se por um tempo.

- Ele era um otário do caralho. 

Ela se levantou de supetão e foi até a beirada, pendurada pela cintura no parapeito. Five corava pela proximidade da bunda da menina em sua cara e olhava para qualquer lugar, menos para ela.

- Estou melhor sozinha, playboy. - se virou e encontrou o olhar de Five, abaixando-se para o olhar nos olhos, já que o mesmo estava sentado. - O Sol já saiu. Se apronte para partirmos.

•°•°•

Eles já estavam na estrada. Avante para Aduy. Five segurava a cintura de Kimi, que dirigia a moto como quem estava numa corrida. Ás vezes, podia jurar que estava voando. Ela vestia um sobretudo pesado cor de areia, que esvoaçava pelas pernas do menino. Suas malas se equilibravam no vácuo entre Five e Kimi, espremidas.

- Iremos parar num posto para abastecer.

Five assentiu, mesmo que ela não pudesse ver. Pararam no primeiro que viram. O menino desceu para esticar as pernas, pareciam gelatina. Observava cada movimento de Kimi. A calça colada em seu corpo, o cabelo curto agora no rosto por conta do capacete, suas botas que subiam até próximo da panturrilha. Respirou fundo.

- Você está babando, playboy.

Riu discreta e Five olhou na direção oposta.

- Vou no banheiro. - disse Kimi, o deixando só com a motocicleta.

Kimi se perdia pelos corredores anti-higiênicos do posto.

- Olá.

O garoto se assustou com a voz repentina e olhou para ver a dona. Uma jovem adolescente com um vestidinho verde escuro que ficava a cima de sua coxa, ela possuía cabelos ruivos e longos e um sorriso encantador.

- Parece perdido. 

- Não estou.

- Você é daqui?

- Eu não sou de lugar algum, moça.

- Me chamo Lylia.

- Five.

- Prazer, senhor Five. Trabalho no posto, tirando fotos dos clientes e tentando agradar a todos. - ela abriu um sorriso. 

- Me parece um baita de um trabalho.

- Nem me fale. Hoje está sendo um dia bom. Sem nenhum "creep" por aqui. A não ser que você seja um. - ela cutucou seu ombro, o mostrando discretamente seu decote.

- Não sei o que é, mas acredito que não seja.

- Você é bem bonito, Five.

- Você também é uma visão agradável.

- Poderia tirar uma foto sua?

- Que tal tirar minha, queridinha? - disse Kimi, já montada em sua motocicleta a olhando impaciente. Ela havia chegado fazia um tempo e olhava com interesse os jovens. 

- Oh... Claro.

Kimi pousou em cima da motocicleta. Corada, capturou a foto da menina, a estendendo a pequena polaroide.

- Obrigada. 

Ela ligou a moto e deixou a soltar um rugido. 

- Monte logo. - olhou para Five com impaciência.

Ele montou em silêncio e respirou fundo. Ela acelerou.

- Sua conversa estava legal?

- É... Acho que sim.

- Marcaram a próxima transa?

- O quê?

- Five, você estava falando com uma prostituta. Você sabe, né?

- Uma prostituta?

- Sim. - Riu.

- Ela não era uma prostituta. 

- Poderia ser a sua.

- O quê?

Ela silenciou. Five apertou a cintura da menina com força. 

- Relaxe, Kimi. Eu não sou seu ex.