Five acordou com um odor forte de gasolina e mofo e, por um momento, esqueceu-se de onde estava. O mesmo levantou agoniado pelo cheiro e vasculhou o quarto com o olhar, buscando a menina.
— Ahm... Kim?
O silêncio novamente cobriu o quarto. Ainda estava relativamente cedo tendo em vista o Sol nascendo. Ele olhou para a mesa vendo uma pequena embalagem com um bilhete e foi em sua direção, arrancando o pequeno papel e se esforçando para ler a letra de garrancho.
Bom dia, playboy.
Tive de ir resolver uns assuntos inacabados, aí está seu café da manhã.
Volto antes do meio-dia :)O menino amassou o papel e o arremessou pelo quarto, se perguntando onde diabos a forasteira havia se metido. Dentro da sacola haviam dois pequenos pães e um pequeno copo de papelão com minúsculas letras: Kim, a heroína. Ele pegou o café e se dirigiu até a janela, tentando abrir a mesma, mas logo desistindo por estar emperrada. Suspirou sentindo o cheiro de café preencher seus pulmões invadindo todo o seu sistema nervoso, acalmando-se instantaneamente. O menino trouxe o copo até a boca, deixando-se o sabor amargo dançar em sua língua. Estava tomando seu café da manhã calmamente até uma figura adulta entra no quarto com agressividade. A mulher estava perto de seus trinta anos, tinha longos cabelos loiros soltos até sua cintura e trajava um vestido bege. O menino põe seu café na mesa e prende a mulher contra a parede, passando a mão pelo seu pescoço.
— Quem é você?
A mulher franze a sobrancelha e sorri de leve antes de acertar o menino nos... Bem, você sabe. O menino solta um grunhido leve e se joga no chão.
— Não quer me ver brava, playboy.
A moça rapidamente teve todo o seu corpo desconfigurado até o rosto familiar. Ela ajudou o menino a se levantar.
— Vejo que gostou do café, especialidade do Taz.
Kim bebericou do café do menino, lançando o chapéu em sua cama. O garoto agora percebeu as botas sujas de lama, corpo coberto de poeira e pequenas manchas de sangue no rosto da mesma. Ela o entregou o café e foi até a sua pequena trouxa de roupas, selecionando algumas e indo até o pequeno chuveiro. Ele tomou o resto do conteúdo do copo, jogando-o no lixo logo em seguida.
— Hoje iremos partir até o próximo destino, claro. Iremos para a Vila do Sol e sim, esse nome é pelo calor, é infernal. Recomendo passar muito protetor e pegar a roupa mais leve possível.
Ela saiu rapidamente do chuveiro, o cheiro de sabonete inundando o quarto. O garoto travou ao ver a mesma. Trajava uma regata branca já gasta, calças marrons, uma capa bege e um lenço amarelo em seu pescoço. Seu cabelo estava molhado, penteado todo para trás e carregava a bota agora em suas mãos. Era possível ver o seu corpo, devido a blusa quase que transparente, mas isso não seria tocado.
— Ok, vamos lá- — a menina se interrompeu ao perceber o olhar do menino. — Perdeu alguma coisa?
O menino corou, a ignorando, voltando a ir para o chuveiro e escorando a porta do banheiro.
— Algumas informações básicas para você. A galera é barra pesada, só diga que está me acompanhando e olhe para o chão. Tenho contatos por lá, então tentarei encontrar algum lugar para dormir sem que precise pagar. — ela suspirou cansada. — Iremos de carroça até próximo de lá.
"Merda." Five pensou ao perceber que havia deixado sua toalha em cima da cadeira.
— Kim, você pode trazer minha toalha?
— Tá me achando com cara de empregada, garoto?
Ele revirou os olhos.
— Então feche os olhos.
— Tá.
O menino saiu do banheiro, tentando se cobrir com sua roupa suja. Ele rapidamente pegou sua toalha e a enrolou na cintura. Quando se virou, deu de cara com a garota limpando sua bota, com olhos abertos.
— Se apresse.
Ele ignorou a mesma.
— Ei, Five.
— Uhm... — a olhou para ver um sorriso travesso.
— Bela bunda.
Ele a deu o dedo do meio e voltou ao banheiro extremante irritado e corado.
~ ~ ~
— Voltará em breve?
— Claro que sim! Voltaremos dentro de duas semanas.
Uma pequena multidão se formou ao saber que Kim já sairia do vilarejo. Entregavam comida e água que mais tarde seriam úteis. Five já esperava a menina no pequeno veículo.
— Ei, Number Five? — o garoto se virou e encontrou-se com Dalila, a – não tão – amiga de Kim.
— Uhm.
— Esse aqui é uma lembrancinha. Caso você queira tornar Kim uma moça de família. — ela o entregou uma pequena sacola e piscou para o mesmo ao sair.
O menino abriu intrigado. Um pequeno preservativo descansava no fundo da bolsa, ele revirou os olhos. Jogou a bolsa em sua mala e aguardou Kim se despedir.
— Voltaremos em breve!
A menina disse e foi em direção a Five na carroça. Uma onda de "tchau"s e "logo"s afogaram os mesmos. Quando se distanciaram do multidão, ela sussurrou:
— Vi que conversou com a Flores.
— Oh, sim. Garotinha agradável. — disse irônico.
— Ela consegue ser um saco quando quer. — eles se aconchegaram com as costas no feno.
— Ela me entregou uma...
— Camisinha? É. Ela faz isso.
Revirou seus olhos e subiu seu lenço até a boca. O menino imitou seu movimento. Kim olhou para Five por um momento.
— Que é?
Hesitantemente, colocou a cabeça no seu ombro. Five sentiu seu corpo todo estremecer. Ele congelou. Sentiu a menina pegar suas mãos e brincar com seus dedos. A respiração da menina era lenta e constante enquanto a do garota era acelerada e instável. Ele começou a relaxar quando percebeu que ela estava caindo no sono. O mesmo a puxou para mais perto e olhou para a pequena vila se perdendo no horizonte.
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TDN - Number Five
Fiksi PenggemarTERRA DE NINGUÉM Onde Five precisa de uma guia e pede um favor a garota mais conhecida do Oeste. • O mesmo ainda trabalhava na Comissão. • Trechos da música THAT BITCH - Bea Miller