TDN - Number Five

Ainda não, Five

- Quais são as chances de chover numa vila com Sol no nome? - diz Five, intrigado.

- Ótimo, prepare-se para um temporal. Teremos que ficar aqui até estiar. 

Kimi largou as suas poucas malas no chão e foi até a janela, olhando as gotas baterem na janela violentamente. Five chegou perto da garota, apenas para ela apoiar sua  cabeça em seu ombro, soltando um suspiro. Mais uma vez, Five via-se em estado vulnerável. A menina sentiu o mesmo enrijecer seu corpo e soltou uma leve risada anasalada. 

- Relaxe, playboy. 

Ela tirou a cabeça do ombro do menino e o olhou nos olhos, deixou-lhe um sorriso leve e virou-se. Deixando-o sozinho na sala de estar. Number Five suspirou e apoiou sua face em sua palma, envergonhado pela situação. Não deveria estar sentindo-se do jeito e sabia. Ele retomou sua pose e foi em direção a cozinha, atrás de um gole de água, buscando acordar de seu transe. 

Five a encontrou na cozinha, encarando a enorme janela que dava a visão de toda a cidade, agora chuvosa. Ela o observou, trocando olhares com o mesmo, e um sorriso leve surgiu em seus lábios. Ela estendeu sua mão, que foi hesitantemente pega por ele. Num puxão só, ela o colocou próximo o suficiente ao seu corpo que dava para sentir seu perfume. Ele respirou fundo, deixando o aroma doce da menina invadir seus pulmões e parou um momento, admirando a vista. Kimi segurou as mãos do menino e as colocou em volta da sua cintura, fazendo com que ele a abraçasse por trás.

Number Five aproveitava o momento como quem apreciava um bom vinho. Deixou-se relaxar no acalanto da forasteira. Kimi cantarolava "Feeling Good", de Michael Bublé, enquanto balançava seus corpos para frente e para trás. Eram uma rede num ritmo só. A campainha tocou repentinamente. A menina se distanciou de supetão e puxou o tablet da casa da bancada da cozinha, vendo as câmeras. Ela soltou uma risada anasalada e correu para a porta da frente.

- Quem é? - Five pergunta, seguindo-a.

Ela não responde. Apenas pega um guarda-chuva que estava pendurado próximo a porta e abre a mesma.

- O que porra você quer?

- Olá, Kimizinha.

Um menino diz. Ele era alto, olhos amendoados e o cabelo penteado para trás.

- Quem é você?

- Vejo que não me apresentou para-

- Chega de falação. Você não é bem-vindo, seu traiçoeiro filho da puta. - disse sorrindo, parecia uma psicopata. Five adorava isso.

- Deixemos o passado para o passado. Você está linda.

- É claro que estou. Você, pelo outro lado...

O garoto a pega pelo braço e coloca a mão em seu rosto com força, o segurando.

- Você esqueceu quem eu sou, porra? Você acha que pode falar comigo assim?

- Qual é a porra do seu nome mesmo?

- EU TE FIZ A MERDA DE UMA PERGUNTA.

- Você não manda mais em mim. Nós não somos nada. Vá. embora. - Disse pausadamente.

- Você sabe que aquela prostituta não foi nada. Ela não me fez gozar como você fez.

Kimi olhou para Five lambendo seus lábios, envergonhada pela situação.

- Ah, você não sabia? Sou Oliver. Pode ir embora agora.

- Oliver, seu lugar não é aqui.

- E o seu lugar é sendo a cadelinha que você é, chupando o meu-

Five, num impulso, acerta um soco no olho direito do menino e puxa Kimi para dentro do apartamento, trancando a porta logo em seguida. Ela estava estagnada, olhando para o vazio. Batidas na porta eram escutadas. Five se irrita e bate com mais força na porta ainda. As batidas cessaram e passos eram ouvidos distanciando-se.

- Eu não precisava de ajuda. - Kimi diz, sem olhar para o menino.

- Você está bem?

Kimi não fala nada.

- Me desculpe por não fazer nada antes. Eu-

- EU NÃO PRECISO DE AJUDA. EU NÃO PRECISO DE NINGUÉM. EU NÃO PRECISO DE VOCÊ.

Kimi dispara, olhos com uma fúria ferverosa, o olhando dessa vez. Seus lábios tremiam. Five estava confuso, um pouco frustrado.

- Eu sei que você não precisa de ninguém. Mas ele iria te machucar.

- Não é seu trabalho me proteger.

- O quê?

Ela calou e tentou andar para outro cômodo, mas Five segurou em seu pulso.

- O quê você está falando? Pare de fugir de mim.

Ela suspirou e olhou mais uma vez.

- Não precisamos falar nada sobre esse acontecimento. Esquecemos ele. Combinado?

Ela sorriu fraco. Por um momento, pareceu pensar. Five perguntou no quê, mas suas dúvidas acabaram no momento em que notou que ela encarava seus lábios. Five tentou se aproximar, encostando seus lábios, mas a menina virou seu rosto, encontrando com a bochecha da mesma.

- Ainda não, Five.