Esteja pronto

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Five e Kim se confortaram na casa. Pegaram um quarto para cada e logo se acomodaram. Quando Five acordou era perto das quatro da manhã. Era possível escutar, mesmo que de longe, uma música abafada vindo de fora de seu quarto. O menino levantou, colocou seu casaco e rapidamente se teletransportou para o corredor principal. Música explodindo pela casa. Ele chegou numa sala e se escorou na porta vendo a menina dançar sua alma para fora.

Ela dançava de uma maneira extremamente agitada. Os seus cabelos curtos esvoaçantes ficaram grudados ao rosto da mesma por conta do suor. Parecia uma obra de arte. Ela se mexia de uma maneira tão enlouquecente, mas ao mesmo tempo, uniforme. A música parou e ela notou o mesmo na porta.

— Te acordei?

— Não importa. Já estou acordado, não estou? — deu-lhe um sorriso irônico.

— Desculpe de qualquer forma, me empolguei.

— Onde você aprendeu a dançar?

Ela riu anasalado, pegando uma garrafinha de água do mini freezer e bebendo como se sua vida dependesse daquilo. Ela arremessou a garrafa ao acabar.

— Já andei por muitos lugares, Playboy. Vi muitas culturas, conheci muita gente e até benzi alguns defuntos. Isso não é nada.

O garoto calou e começaram a andar inconscientemente em direção a cozinha.

— Então você tinha um namorado?

— Ah, por favor. Entre lamber o chão e aquela coisa, prefiro saborear o concreto.

Ele riu anasalado.

— Pessoa ruim?

— Ele não era uma pessoa ruim, só tiver o azar de conhecer seu pior lado.

Kim perguntou brevemente se o menino queria ajuda para usar a cafeteira elétrica, mas ele recusou, então ela subiu para o seu quarto para se limpar. Five encarava amargamente a cafeteira, se perguntando o porquê de não poder usar uma chaleira normal. Ele apertou alguns botões e, como que num piscar de olho, lançou-a pela cozinha. Não era obrigado a lidar com aquela merda. Pigarreou, recuperando-se de seu surto e procurou pacientemente a chaleira.

~ ~ ~

Kim revisava o caminho mais uma vez, escrito com a letra robusta em seu caderno de couro ganhado em uma de suas viagens:

"Villa Sinnuy OK
Vila do Sol OK
Aduy
GALORA - DESTINO FINAL"

Ela respira fundo e coloca seus cabelos para trás. A menina calçou suas botas e colocou o chapéu em cima de sua cama. Kim escutou o telefone residencial e tocar e desceu pelas escadas apressadamente para atender.

— Alô?

— Kim. Quanto tempo.

Ela calou, olhou para Five que a observava com uma xícara de café em suas mãos.

— É muita coragem sua me ligar.

— Quem diria? O que você está fazendo por aqui? Venha até minha casa.

— Vai tomar no seu cu, Oliver. — os olhos de Five arregalaram, ficando cada vez mais interessado no telefonema.

— Ora, Kim, não seja assim. Você sabe que eu te amo. Eu não vivo sem você.

— Então por que não morreu ainda? Por que ainda está respirando?

— Não se faça de difícil.

— Você é um idiota e sabe que estou certa.

— Um passarinho me contou que você está com um puto gourmet.

— E daí, capacho de motel? Qualquer vira lata é melhor que você. É até um insulto para eles.

— Sempre engraçadinha.

— Se você me ligar novamente, vou enfiar um lápis no seu olho até que atinja o seu cérebro. Isso não é uma ameaça, é um aviso. Não me ligue mais.

Ela desligou com certa agressividade, desligando da tomada o aparelho.

Punheteiro do caralho. — sussurrou.

— Café? — ele estendeu a outra xícara que tinha colocado para a menina.

— Obrigada.

Kim respira fundo e ambos bebem em completo silêncio.

Ao acabar, ela se levanta em silêncio, coloca sua xícara na pia e se vira para o mesmo.

— Estou indo dormir. Partiremos ao anoitecer. Esteja pronto.

Ela se aproximou do menino e deixou um leve beijo em sua bochecha, indo embora logo em seguida. Five, agora corado, colocou a mão no lugar, sorrindo leve.

TDN - Number FiveOnde histórias criam vida. Descubra agora