Nightfall- Kjmila

Cap 53

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Camila Mendes

- Vou levar sua avó para fazer alguns exames na cidade ao lado. - disse Penélope arrumando uma bolsa.

Continuei mordendo a unha com o olhar fixo para a parede enquanto pensava sobre KJ.

- E nada de ir na delegacia! Eu conversei com a mãe da Lili e se você for, ela vai me falar. E vai ter castigo! Acho melhor você obedecer, esse Keneti não é futuro pra você.

Não a respondi. Ela saiu e trancou a porta. Ultimamente não ando dando muita bola para o que ela fala. E agora ela e minha avó resolveram me proibir de ver KJ. Mas uma coisa é certa: eu não costumo cumprir regras, assim como não cumpri a placa que dizia "não entre" naquela floresta.

A campainha tocou e me assustei. Abri a porta rápido e vi Lili e Ryan na minha frente. Lili com os braços cruzados e Ryan aflito.

Eles entraram e se sentaram no sofá. Fiquei parada em pé.

- Alguma notícia?

- Não. - os dois falaram em coro.

- Eu tenho minhas dúvidas... - andei pela sala. - Acho que Clara tem algo a ver. Disseram que ela foi para a casa da mãe dela, o que eu acho injusto já que contei que ela também fez parte do meu sequestro, mas enfim, ela é apaixonada por Jason.

- Eu vi ela hoje. Ela não está com a mãe dela. - disse Lili emburrada.

- Ela pode estar aqui atoa... não acho que ela faria isso. - encarei Ryan com cenho franzido.

- Como assim, Ryan?! Ela ajudou a fazer um sequestro! Você acha que ela não seria capaz de colocar Keneti na cadeia?

- Sei lá, ela deve ter agido por um impulso. - Ryan tinha os olhos focados em seus pés que não paravam de batucar o chão um segundo.

- O que está acontecendo, Ryan?-perguntei.

- Nada. Só estou preocupado com KJ... Onde é o banheiro?

- No andar de cima. -cruzei os braços e ele se dirigiu rápido para as escadas. Quando ele estava fora de vista, me sentei ao lado de Lili.

- Porque Ryan está assim? - notei que ele escondia algo, eu ando muito desconfiada de tudo e nem sempre é paranóia. Ele sempre foi um grande amigo de KJ, mas as pessoas costumam mudar e te apunhalar pelas costas.

-Não sei... desde que voltou.

- Ele sabe de algo, Lili.

- Larga de bobeira, Camila! Ele é o melhor amigo do Keneti. Para de graça e de ser tão desconfiada assim, Ryan conhece Apa antes mesmo de você! - me calei e o loiro voltou para a sala. - Eu tive uma ideia... eu consigo entrar onde eles guardam as provas mais recentes e ai nós pegamos o diário e acabou, ninguém tem mais nada contra KJ.

- Eles não enviam as provas para um departamento mais seguro? - indagou Ryan.

- Sim. Por isso temos que ser rápidos...

Não opinei em nada. Apenas encarei Ryan friamente e ele percebeu.

- Eai, Camila, topa? - perguntou Carlie e eu chacoalhei a cabeça confirmando.

Encarei a delegacia enquanto permanecia parada atrás de um carro junto com Ryan e Lili. O medo tomou conta de mim, mas eu seria capaz de fazer de tudo para tirar Apa da cadeia. Eu jamais defenderia um bandido, mas como eu sei que ele é inocente, vale a pena cada perigo.

- As chaves estão no meu bolso... Eu sou amiga do único guarda da parte das provas recentes. Vou distrair ele enquanto você - ela apontou pra Ryan com um capuz na cabeça. - E Camila entram e pegam o diário. Provavelmente vai estar num saquinho com o nome do KJ.

- E as câmeras?-perguntei.

- Eu vou entrar no sistema de controle pelo notebook da minha mãe e apago... mas é bom vocês usarem seus capuzes se caso alguém estiver acompanhando as imagens.

- Qual a probabilidade disso acontecer? - indagou ele.

- Bem pouca... esse departamento é uma segurança péssima, a cidade é pequena e conservadora, ninguém roubaria provas de um crime. - deu de ombros. - Vamos.

Saímos de traz do carro e tentamos andar normalmente. Mas minhas pernas estavam bambas e cada pessoa que passava na rua eu sentia que sabiam o que estávamos fazendo. Entramos no departamento e evitei o máximo a mãe da Lili, ela nem me viu, estava entretida numa conversa. - Esperem aqui, contem dez segundos e vão. - ela entregou a chave para Ryan e virou um corredor.

- Um... - Ryan começou e eu coloquei as luvas.

- Antes, Ryan, se eu souber que você está envolvido ou sabe de algo sobre a prisão do KJ... - olhei firme em seus olhos. - Eu acabo com você.

- Ta maluca? - ele evitou meu olhar e seguiu o caminho que Lili fez. Paramos no fim do corredor e nos certificamos de que o segurança estava de costa para nós conversando com Lili.

Avistei uma porta com o nome de "depósito" e a apontei. Lili mexia nos cabelos e o segurança parecia vidrado nela. Andamos sorrateiros até a porta e Ryan se enrolou todo para abri-la. Lili nos olhava aflita e quando o segurança fez menção de se virar, ela o puxou para um beijo. Puxei a chave da mão de Ryan e abri a porta, ele entrou e eu a fechei rapidamente.

Estava tudo escuro, peguei meu celular e liguei a lanterna,o rapaz fez o mesmo.

- Tem poucas coisas aqui, vai ser fácil... - disse ele.

Procurei em uma prateleira e ele procurou em outra. Existiam diversos objetos presos em sacos transparentes. Haviam duas prateleiras, cada prateleira tinham três caixas lotadas de provas.

- Encontrou? - ele perguntou.

- Não... - mirei a lanterna para o alto da prateleira e li "casos resolvidos". Bufei com os minutos gastos. - Essas são casos resolvidos... - ele girou a lanterna para o fundo.

- Acho que está ali. - ele se dirigiu para o fundo e eu o acompanhei até a prateleira com os casos recentes, mas não tinha nada.

- ELES LEVARAM AS PROVAS EMBORA, RYAN! - eu disse histérica com as mãos tremendo.

- Venha, vamos sair logo daqui. - ele me puxou, enquanto eu pensava numa solução.

Lili ainda conversava com o segurança, saímos de sua vista e eu me sentei no corredor sentindo o suor escorrer pelo meu rosto. Tirei minhas luvas e as guardei no bolso da calça jeans, Ryan fez o mesmo. Lili veio atrás de nós e me olhou confusa.

- O diário não está lá. - falei decepcionada. Lili colocou a mão na cabeça e se virou de costas.

-DROGA!

Me levantei inconformada e seguimos caminho até a saída, mas antes, a mãe de Lilinos viu.

- O que fazem aqui?

- Estávamos te procurando, mãe. Queria saber se Camila pode dormir em casa... - Lili sempre foi muito boa com mentiras.

- Pode. Não vou pra casa hoje. Recebemos uma denúncia de que alguém roubaria alguma prova, tivemos que encaminhar diversos arquivos para Nova York. - ela colocou as mãos na cintura, parecia cansada.

- Provas de quê?

- Ainda não sei. Tinha um caso de estupro arquivado com o autor solto, talvez seja isso.

- E você tem alguma notícia de KJ? Podemos vê-lo? -perguntei com esperança.

- Amanhã você pode vir visita-lo, Cami. Ele está numa cela segura, consegui isso por você.

- E o julgamento? Vai ser quando?

- Ainda não foi marcado. Perdemos contato com algumas vítimas, ele pode ser liberado sem nem precisar de julgamento. Tenha fé. Aliás, a mãe dele está na cidade, você a viu?

- Não! - franzi o cenho. - Onde ela está?

- Na casa dele...

Olhei para Ryan que suava frio.

- Você está bem, Ryan? - perguntei desconfiada.

- Estou ótimo.

- Tchau, meninos. Vou voltar ao trabalho!