Cap 33

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Camila Mendes

O que eu fiz no meu cabelo foi coisa simples. Como eu disse: só de saber que mudei algo é libertador. O cabelo que um dia foi castanho agora é preto.

Eu estava me segurando para não roer as unhas por conta da ansiedade para o baile, mas ainda assim as vezes me pegava cutucando algum cantinho. Penélope tinha saído e minha avó estava sentada ao meu lado me observando.

- Você se parece muito com a sua mãe. - ela disse baixinho.-

Não a vi muito, mas sabia o tão doce era.

- Minha mãe doce? ela era mais bruta que meu pai. - brinquei e ela riu.

- Por trás da Cascadura dela havia um coração mole, mole, mole. Pode acreditar. Você não se parece com ela só pela aparência, mas também pela personalidade. Você não é tão durona quanto parece, mocinha.

- Eu não pareço durona. - dei de ombros.

A campainha tocou e me levantei para atender. Pensei ser Penélope, mas me surpreendi. Ele estava ali na minha frente, com uma carinha de cachorro sem dono, vestindo uma camisa branca e um casaco jeans.

- O que você quer, Keneti? - falei baixo para minha vó não ouvir.

- Ryan foi resolver negócios e eu resolvi passar aqui pra não ficar sozinho em casa.

- Como se você se importasse em ficar sozinho. - revirei os olhos. Queria manda-lo embora, mas minha avó o viu.

- Quem é esse rapaz? - ela perguntou da sala, eu e Keneti a encaramos e ele sorriu pra ela.

Abri a porta e Apa entrou pedindo licença como se fosse um bom moço.

- Ele é meu amigo, vó. - falei fechando a porta enquanto ele ocupava um lugar no sofá.

- Você tem amigos bonitos, Perrie. - KJ sorriu encantadoramente meio tímido mostrando uma leve covinha em sua bochecha, pude sentir meus olhos brilharem. - Qual seu nome?

- KJ.

- Acho que te conheço de algum lugar...

- Acho que você tá confundindo, vó. - sorri sem jeito.

- É... pode ser. Mas vou tomar um banho e assistir minha novela, juízo garotos. - vi em sua cara que ela queria nos deixar sozinhos, aliás, em sua televisão não passa novela.

Me sentei longe de KJ e fingi prestar atenção no programa de culinária que passava na TV, mas ele ficou me encarando.

- Seu cabelo está lindo. - olhei surpresa pra ele e ele deu um sorrisinho sem mostrar os dentes.

- Obrigada. Queria mudar um pouco...

- Entendo. Eu já quis mudar muito também.

-Já mudou em que? - perguntei curiosa.

- Em tudo. Cabelo, tatuagens, atitudes... - ele ergueu as sobrancelhas.

- Eu queria ser um pouco mais radical... - comentei.

- Eu sei por onde começar. - ele se levantou e sentou do meu lado. - Você gosta de tatuagens?

- Acho legal. Só não tenho coragem.

- Bom, eu digo que os sentimentos me desenham. Ou desenhavam... em fim. Depois que comecei a fazer tatuagens, não parei, cada pequena coisa era motivo pra eu fazer um novo desenho em mim.

- Como assim os sentimentos te desenha? - perguntei.

- Você se cortava, certo? - ele me olhou com a cabeça baixa. E eu concordei. - Se cortava pra extravasar a tristeza, correto? - concordei novamente. - Bom, eu fazia tatuagens. Era uma maneira de liberar o que estava sentindo. Ou as vezes, alguma conquista ou algo que me deixava feliz, também me levava a tatuar.

Nightfall- KjmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora