Crumbling Walls • Destiel

Capítulo 30

Dean gostaria de poder tirar a ansiedade de seu corpo com as próprias mãos.

Ele se sentia pesado e era difícil respirar. Ele não tinha comido nada e demorou quase uma hora para tomar uma pequena xícara de café porque sentia vontade de vomitar a qualquer segundo.

Ver Castiel andando pela casa em calças de moletom e camiseta confortáveis enquanto ria com Jack e Claire não estava exatamente ajudando seu corpo e mente a se acalmar. Cas deu a ele alguns olhares de lado e sobrancelhas questionadoras durante o dia, mas Dean descartou suas preocupações com sorrisos tensos.

Por volta das cinco da tarde, Dean estava quase explodindo. Ele tinha que fazer logo. Ele queria. Ele precisava disso.

Ele foi até o quarto, pegou a caixinha do fundo da gaveta menos usada, enfiou-a no bolso da calça de moletom e voltou para o corredor, parando para respirar fundo algumas vezes. Cas estava assistindo TV com Jack e Claire, então quando Dean sentiu que seus pulmões estavam trabalhando novamente, ele parou na entrada da sala de estar.

"Amor?" Dean chamou e Castiel resmungou em resposta. "Quer tomar um chá comigo lá fora?"

Castiel se sentou no sofá e olhou para Dean com uma expressão entre a suspeita e o interesse. "Claro," ele disse e sorriu grande.

Dean assentiu, percebendo o olhar de olhos arregalados que Claire e Jack compartilharam. Aparentemente, ele era assim tão óbvio. Ele se virou para a cozinha e despejou água na chaleira, colocou sobre a chama do fogão que acabara de acender e preparou duas xícaras com o chá escolhido.

Quando ele se encostou no balcão perto do fogão, viu Castiel caminhando da sala de estar para o corredor para pegar uma jaqueta. Dean sorriu quando Cas saiu de lá vestindo um gorro de lã que acabara de tricotar e seu sobretudo em vez de sua habitual jaqueta de náilon preta. Cas se aproximou dele para dar um beijo em sua bochecha e lhe entregar um casaco pesado, antes de caminhar em direção à lavanderia e abrir a porta dos fundos da casa. O vento o pegou em um forte sopro, bagunçando seus cabelos e fazendo seu sobretudo balançar atrás dele.

O coração de Dean acelerou imediatamente. Sua mente ansiosa nadando em mil memórias ao mesmo tempo.

Permitindo que elas chegassem, ele fechou os olhos e lembrou-se da primeira vez que eles se viram, do quanto ele temeu aquele ser desconhecido que resistia às suas armas mais poderosas. Como seu mundo pareceu escuro e iluminado ao mesmo tempo e ele não conseguia explicar como ou por quê. Ele se lembrava vividamente daqueles grandes olhos azuis olhando diretamente para os seus e perguntando sobre todas as coisas que ele temia e odiava em si mesmo.

Ele se lembrou de todas as vezes que Castiel desafiou sua própria fé e sua própria espécie, apenas para mantê-lo seguro. Para ajudá-lo. Para cuidar dele. Cas foi o primeiro a acreditar nele de uma forma diferente e única. O primeiro a acreditar que ele não era apenas um peão à mercê de Deus, que era capaz de muito mais do que as pessoas acreditavam.

Ele se lembrou de todas as vezes que Castiel se enfraqueceu para ajudá-lo, para salvá-lo. Todas as vezes que ele se colocou em perigo por Dean. Todas as vezes que eles brigaram, discutiram e deram um ao outro tratamento de silêncio por terem opiniões diferentes. Todas as vezes em que se viram em situações perigosas, que pensaram que não valia a pena serem salvos.

Ele se lembrou de tentar ajudar Castiel. Ele se lembrou de ter perdoado todos os seus erros quase imediatamente após serem cometidos. Ele também se lembrou da culpa e da dor insuportável que marcava sua alma cada vez que ele desistia de Cas, cada vez que ele decepcionava Castiel, cada vez que ele escolhia outra pessoa em vez dele.

Ele se lembrou de todos os casos em que trabalharam juntos, de todas as suas batalhas, de todas as noites de filmes, de todo o tempo que passaram juntos, de todos os jantares-não-encontros e das escapadas para esconder cadáveres. Todas as piadas internas e conversas noturnas sobre cerveja e torta. Todos os "bom dia, raio de sol" e os apelidos provocadores com um óbvio significado mais profundo por trás deles. Todos os seus abraços. Todos os eventos de "última noite na Terra", que deveriam ter levado a algo, mas nunca aconteceram, porque o medo os impediu.