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Any Gabrielly

Planejar uma festa infantil sem balões, sem crianças, sem doces, sem espaço e sem outros milhões de coisas necessárias era um desafio maior que parecia, principalmente quando tudo tinha que ser arranjado dentro de um curto tempo de prazo. Felizmente, eu tinha me livrado de parte das responsabilidades. Até porque, um tópico fundamental de uma festa surpresa é que o aniversariante surpreendido não saiba sobre a festa e seja, de fato, surpreendido. E, para evitar que a surpresa fosse estragada, eu e Joshua ficamos responsáveis de não – em hipótese alguma – deixar que Ams desconfiasse sobre nem una fatia de bolo que tínhamos implorado a cozinheira da escola a fazer.

— Vem, corre – sussurrei para Daisy Amelia enquanto a incentivava a correr de seu chalé para o de Nour e Mel.

Era por volta de umas 7h30 da manhã de terça-feira, e eu estava buscando a criança de recém 6 anos que dormia tranquilamente em seu chalé sem saber que iria literalmente fugir da aula. Claro que eu e Joshua tínhamos conversado com a professora e pedido permissão para que ela faltasse àquela aula, mas ela não precisava saber. Seu primeiro dia de 6 anos deveria ser emocionante e inesquecível porque, julgando pelo fato de que ela não tinha nenhum interesse em comemorar seu aniversário naquela idade, ela provavelmente nunca tinha tido uma comemoração que fosse especial para marcar a data. E Daisy Amelia merecia ter uma comemoração mais que especial que fosse inesquecível.

Algumas das crianças que acabavam de acordar e se dirigiam em bando para o refeitório nos olhavam com certo julgamento, e algo me dizia que alguma delas nos “deduraria” para a professora. Mas não tinha importância porque, apesar do tratamento totalmente exclusivo que davam a minha menina me irritar e indignar, eu não tinha tempo para parar e fazer um show e defender Ams dos ataques silenciosos e maldosos dos seus colegas. Joshua provavelmente estava parado na frente do chalé das minhas amigas tremendo de frio, já que o dia tinha amanhecido estranhamente gelado.

— Ans, o que a gente tá fazendo? – Ams sussurrou, usando o apelido que tinha resolvido me dar.

— A gente tá indo ter um café da manhã exclusivo – respondi enquanto parava no lugar para esperar por ela. Não estava verdadeiramente com pressa e ela tinha pernas bem mais curtas que as minhas. Esperei ela me alcançar para que eu me inclinasse e a pegasse no colo. — Não tá com frio, não? – perguntei, esfregando minhas mãos em seus braços para aquecê-la. Ela balançou a cabeça em negativo e comecei a andar com ela nos braços em passos rápidos.

Mélanie e Nour tinham aceitado dividir minha cama no chalé com Hina e Shivani, mesmo que a cama fosse pequena demais para as duas. Como o despertador do lado infantil tocava mais cedo que o nosso, eu e Joshua teríamos que buscar Daisy e levá-la para meu quarto iria atrapalhar o sono das meninas. Já que o chalé de Mel e Nour era apenas para as duas, menos pessoas saíram prejudicadas e o espaço seria suficiente para nós três.

— Joshy! – Ams se alegrou ao ver o garoto parado de frente para o chalé emprestado, esfregando os braços por cima do moletom. A coloquei no chão e ela correu até ele, abrindo os bracinhos pequenos para ser acolhida. Eu não gostava dele, mas, quando estava com Daisy Amelia, Joshua se tornava um pouco menos insuportável. Mas só um pouco.

— Oi, garotinha – a cumprimentou com um beijo na bochecha. Ele se ergueu com ela no colo e logo as pequenas mãos de Ams estavam subindo e descendo pelos braços cobertos de Joshua. Aquela era a cena mais fofa que eu já tinha presenciado em vida: Daisy Amelia tentando aquecer Joshua com aquelas mãozinhas que não cobriam nem o ombro do garoto.

Acting Love | BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora