11.

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Josh Beauchamp

As coisas estavam estranhas entre Any Gabrielly e eu. Sempre foram, já que nos odiávamos por algum motivo que eu desconhecia. Eu apenas sabia que ela me odiava por razão nenhuma, então eu apenas retribuía. Maturidade nunca foi realmente meu forte. Mas aquilo era outro nível. Tudo estava estranho demais. De repente tudo parecia que acompanhava uma áurea sexual bizarra. Até mesmo nossas provocações soavam como se tivessem alguma conotação sexual. E era ainda mais estranho quando essas coisas aconteciam na presença de Daisy Amelia. Quando chegamos ao acampamento, estávamos discutindo sobre o tamanho do meu pau. Aquilo já era estranho por si só, mas, se tivesse acontecido durante aquele período, no fim da discussão Any Gabrielly provavelmente já saberia exatamente o tamanho em questão. Apenas pensar nisso me deixa nervoso.

— Josh, você ouviu alguma coisa do que eu acabei de falar? – Lamar perguntou, acertando um tapa na minha nuca.

— Você falou alguma coisa? – devolvi com outra pergunta, recebendo uma careta do meu amigo.

— O assunto é sério, Joshua! – me repreendeu. Mesmo com sua raiva escancarada na minha frente, me distraí com sua fala. Escutá-lo me chamar de Joshua enquanto brigava comigo apenas me fez me lembrar de Any Gabrielly, que sempre fazia o mesmo. Até porque ela só me chamava de Joshua e tudo que ela falava comigo era voltado a brigar comigo. Menos quando ela me encurralou em um corredor e me beijou. Ela certamente mal se lembrava de algum xingamento para usá-lo naquele momento.

Senti minha cama se mexer e, quando voltei a realidade, Lamar estava parado em pé de frente para ela.

— Cara, eu tô tentando planejar uma festa de aniversário surpresa aqui. Se não quiser ajudar, não atrapalha – me olhou sério. — E outra; você devia ser o maior interessado nessa arrumação.

Ele estava certo. Havia poucas horas que tínhamos descoberto sobre o aniversário de Ams que, por acaso, também era dentro de poucas horas. Era uma segunda-feira, provavelmente umas 16h. Tínhamos acabado de voltar da aula, onde Daisy tinha resolvido revelar que estava completando seus seis anos de vida, tudo isso enquanto justificava que merecia faltar a aula do dia seguinte porque era seu aniversário. E eu sabia que ela tinha falado apenas por interesse, caso contrário, não diria a ninguém. Aquilo, por algum motivo, me deixava triste.

— Eu sei. Foi mal – suspirei, puxando-o para sentar na cama novamente.

Meu melhor amigo me olhou com uma certa compaixão. Apertei os olhos, temendo o que estaria prestes a sair de sua boca.

— Por que eu acho que essa sua cabeça avoada tem a ver com o beijo que você e Any acabaram de dar na aula? Porque, cara, foi um beijão – ele estava descaradamente prendendo a risada. Desgraçado. Alcancei um dos meus tênis e o joguei nele, fraco, já que ele estava muito perto de mim.

— Cala a boca. Não tem nada a ver – dei de ombros, me deitando na cama. Lamar empurrou meus pés para ter mais espaço para sua bunda.

Ninguém podia me julgar por estar emocionalmente abalado. Lamar estava certo – mais uma vez. Foi um beijo e tanto. E o que mais me deixava intrigado era que tinha sido apenas um beijo técnico. O que mais seríamos capazes de fazer fora da atuação?

— E sabe qual a parte que mais me deixou surpreso? – perguntou, ignorando completamente meu desprezo. — Parecia que vocês tavam doidinhos por aquele beijo. O último ensaio de vocês juntos abalou seus ódio?

Sem me surpreender, me senti gelar com a menção. Não ao último ensaio, mas ao verdadeiro motivo de estarmos “doidinhos por aquele beijo”. Se não tivéssemos provado o que era um beijo de verdade, não teríamos ficado tão afobados com aquele beijo.

Acting Love | BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora