Alguns chamam de amor

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Domingo 6:30

Algumas flechas de luz adentravam entre as longas cortinas empoeiradas do hotel, a luz do sol batia contra a poeira e eu pude ver cada pequeno grão circulando pelo ar, fui abrindo cada vez mais meus olhos a medida que eu fui me acostumando com a claridade, faço como eu fiz de madrugada e passei minhas mãos entre os lençóis a busca de um corpo, mas para minha infelicidade, não havia ninguém, foi aí que meus sentidos se aguçaram e eu pude ouvir gotas de água batendo contra o chão, Vinnie provavelmente estava no banho, eu encostei os meus dois pés no chão e fui para minha mala pegar as poucas peças de roupa que lá se encontravam para poder vestir, e tomar meu banho assim que Vinnie saísse. Lá se foi uns 5 minutos, até eu ouvir o barulho da água do chuveiro cessar, me prontifiquei em pé já com as peças de roupa em minhas mãos, vi ele sair em direção ao quarto, ele trajava uma blusa de mangas compridas cinza e uma calça jeans escura, seus cachos dourados estavam mais bagunçados que o normal, mas estavam comportados devido a ducha de água que ele recebeu a alguns minutos atrás, ele me deu um pequeno sorriso e eu retribui envergonhada, eu já ia passando por ele, mas ele segurou meu braço.

— Bom dia né sem educação - falou com humor, segurando a risada das minhas bochechas coradas

— Bom dia lobinho solitário, posso entrar no banheiro agora? - respondi no mesmo humor

— Começou com isso de "Lobo solitário", você não se cansa né smurf ? - falou

— Anãfóbico, agora dá licença, vou tomar meu lindo banho - falei empurrando ele de leve

Adentrei no banheiro, retirei as minhas peças de roupa, e entrei no box, liguei o chuveiro e suspirei com o prazer daquele banho que eu tanto precisava, as gotículas frias de água escorriam pelo meu corpo esguio e meus fios curtos de cabelo, finalizei meu banho em alguns minutos, me enxuguei e vesti as peças de roupa que eu havia separado, sequei meu cabelo às vezes dando uma modelada em sua ondulação, abri a porta do banheiro, e sai do mesmo, Vinnie estava jogado na cama mexendo em seu celular, tossi para que ele notasse minha presença, quando ele notou, se levantou.

— Vamos? Tá na hora de seguir viagem - ele me avisou pegando as malas

— Aí mas eu to com fome - eu falei manhosa

— Eu paro no caminho...vem precisamos ir embora logo - falou pegando na minha mão e me puxando para fora do quarto

Descemos as escadas feitas de madeira bruta feitas em espiral , eu tropeçava algumas vezes em meus próprios pés porquê querendo ou não, meu sono ainda me dominava. Todo mundo já se encontravam na recepção, e parece que eu fui a última a me levantar, eu me sentei em umas das poltronas distraída, fitava os poucos carros estacionados ao lado de fora pela janela, Vinnie deu um sinal para mim, e eu me levantei dando um sinal de "Até logo" para os outros, abri a porta e logo senti um vento gélido bater contra meu rosto o que me fez arrepiar, continuei seguindo Vinnie até o carro, abri a porta e dei uma boa olhada na pousada, aquele lugar com toda certeza me deu boas e ruins lembranças, eu iria guardar no meu coração até morrer. Entrei e fechei a porta do carro logo em seguida, Vinnie manobrou o carro e assim foi para a estrada, prosseguir.

Domingo 8:30

Vinnie dirigia mais uma vez, concentrado na estrada, alguns pingos de chuva caiam sob as janelas, eu observava-os atentamente, o céu estava escurecendo e podíamos ouvir alguns trovões ecoando pela imensidão azul, como tambores, nós estávamos cercados de uma imensa campina, eu via muitas árvores e algumas tinham cores coloridas, dando um destaque ainda maior para o verde que se contrastava com o escuro céu, eu estava muito receosa, hoje era o dia que finalmente eu iria saber a verdade completa, sem mais ou menos adições de vírgulas ou pontos finais, iria saber exatamente o que aconteceu com todas as palavras. Mas por algum motivo, eu não me sentia liberta a uma verdade, muito pelo contrário eu me sentia presa, como se eu tivesse me intrometendo em um assunto que não tem nada haver comigo... Mas eu me perguntava o porquê desse sentimento, e a resposta estava lá do meu lado dirigindo, eu me sentia mal por estar obrigando ele a fazer algo que ele não quer, pois o realidade dos sentimentos que eu sentia por Vinnie, era umas mil vezes mais forte que a minha curiosidade sufocante, eu estava sentindo muita culpa.

— Vinnie? - chamei pelo seu nome

— Sim...- ele respondeu ainda concentrado na longa estrada em sua frente

— Pode parar em algum posto? Precisamos parar um pouco, não acha? - sugeri

— Tem um posto a 3 km, quando chegarmos lá eu paro - ele falou simples

POV Nick

Avani dirigia, mas cantarolava as musicas que passavam na rádio, Charli que sentava no banco do passageiro ao lado de Avani, usava um fone de ouvido e escutava outras musicas, eu estava concentrado no céu escuro que ameaçava chover, me desconcentro do infinito azul quando sinto meu celular vibrar em meu bolso, eu retiro ele com dificuldade devido a calça, mas logo atendo ele sem mais delongas.

Ligação on; (Nick e Priscila)

Nick: Alô?

Priscila: Não fala meu nome, para em um lugar para falar comigo, preciso da sua ajuda

Nick: Tá bom vó, eu juro que não vou ir para a China de novo (Avani soltou uma gargalhada)

Priscila: Que desculpa mais esfarrapada

Nick: De onde você tá ligando vó? Eu achei que meu vô tinha quebrado o telefone

Priscila: Sim o Vinnie pegou meu celular, mas eu pedi pra parar em um posto, e to ligando do celular da balconista

Nick: Sim vó, eu compro mel pra você no caminho, me retorna daqui uns 15 minutos

Ligação off;

— Avani..pode parar em um posto para eu comprar mel? - perguntei, tentando ser o mais convincente possível para ela acreditar

— Sua vó sabe que você tá viajando? Pirou? ela pode contar para a polícia sabia - Avani avisa

— Minha vó não mora naquela cidade, e ela acha que eu estou viajando para visitar ela, eu já te falei isso, mas você não ouve - eu falei revirando os olhos, não era uma mentira

— Tá okay, eu paro para comprar esse maldito mel, mas seja rápido, Bryce e Vinnie já estão vários km á nossa frente - ela fala parando o carro em posto de gasolina

Desci rapidamente do carro, enquanto Avani completava o tanque e Charli usava o banheiro eu adentrei na conveniência, e sentei na mesa, aguardando a chamada de Priscila, 2 minutos se passaram e vi meu celular brilhando na mesa com um número desconhecido o chamando eu atendi no primeiro toque que o celular deu.

Ligação on; (Nick e Priscila)

Nick: Pode falar Priscila, já estou sozinho

Priscila: Nick, eu to me sentindo muito culpada por obrigar Vinnie a me contar toda a verdade, ele não está confortável com isso

Nick: Priscila, é um passado muito ruim, todos estão se sentindo assim, mas pelo fato de estar passando mais tempo com Vinnie, talvez não tenha notado...Mas é mais seguro que você saiba toda a verdade, do que voltar para casa sem saber de nada, sem saber como passar pelo interrogatório do policial, você precisa saber , mesmo que a verdade seja dolorosa

Priscila: Isso é normal? Quer dizer em alguns dias eu só pensava em desvendar toda a verdade, e agora que a verdade está na minha porta, eu quase desisto porque vi Vinnie triste

Nick: Alguns chamam de amor

Priscila: Obrigado Nick

Nick: Por nada, mas agora você me deve uns vinte dólares por esse mel que eu vou ser obrigado a comprar, por sua causa

Priscila: Tudo bem (fala gargalhando)

Ligação off;

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South Side - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora