Não sou um anjo

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Sexta-feira 20:00h da noite

Mãos suadas, coração acelerado e um grande peso cobrindo minhas costas, deixando meus ombros rigidamente tensos, era assim que eu me encontrava em frente à casa dos Gregg, observando o batente da porta atentamente tomando coragem para adentrar, como eu iria disfarçar a cara de "matei uma pessoa" para os meus pais? Não dava, eu não me surpreenderia se meus pés abrissem um extenso buraco no chão, talvez eu poderia ficar ali parada na frente da porta... Por minutos, horas, dias, quem sabe até semanas? Eu não tinha pressa.

— Entra logo, Sinclair - a voz de Avani ecoou da janela do segundo andar, olhei para cima e lá estava ela dependurada com a cabeça para fora, sua expressão? "Acabou sua vida"

Assim que finalmente girei a maçaneta da porta, atravessei o batente que se dirigia de imediato a sala, e todos estavam lá, o Sr.Gregg aderia uma expressão de alívio, meu pai possuía a mesma feição, senti Ava rapidamente correr em minha direção e estender os braços para que eu a pegasse no colo, atendi o pedido da pequena que normalmente era tão alegre que parecia ter a energia ligada no 220v, agora possuía uma feição de chateação e tristeza. O motivo? Eu poderia deduzir já que minha mãe me olhava de forma tão mortal que eu poderia jurar que facas se lançariam de seus olhos imediatamente em minha direção.

— Priscila Sinclair, será que podemos conversar um instante a sós, querida? - falou minha mãe com um ar sarcástico e visivelmente irritada

— Querida...- meu pai tentou segura-la

— JÁ CHEGA, eu sou a mãe, também tenho o direito de colocar juízo na cabeça dessa garota entendeu? - ela respondeu meu pai rudemente

Quando meu pai baixou a guarda, e Ava havia desvinculado seus braços de mim, a mulher que se encontrava em estado de pura e cruel selvageria, agarrou meus pulsos e me arrastou, literalmente, para um cômodo qualquer da casa, quando me atirou lá dentro, fechou a porta que se encontrava atrás de nós com um baque estridente, fazendo-me arregalar os olhos. Ela assim como eu, havia mudado e muito, durante nossa estadia no lado sul, principalmente quando eu tive a brilhante ideia de fugir de casa, cantando pneu e tudo mais, ela mudou...

— AONDE VOCÊ ESTAVA??! - ela perguntou com um grito tão alto que eu cheguei a imaginar que o bairro inteiro ouviu

— Eu estava segura tudo bem? Eu jamais fugiria dessa casa de novo, menos mãe - eu a respondi rispidamente, logo em seguida levando um ardido tapa em meu rosto

— MENOS MÃE ? Como ousa me pedir isso Priscila? você pode não estar foragida, MAS PASSA APENAS 5 MINUTOS NESSA CASA POR SEMANA, É QUASE IGUAL - ela berra

— Eu fico porque eu quero, e eu estou bem mãe isso que deveria importar - tentei me defender

— MAS EU NÃO ESTOU MINHA FILHA, você sabe pelo menos o que aconteceu ontem? - ela perguntou com o olhar esperançoso com a voz embargada pelo choro

— Não - respondi em um murmúrio

— EU PERDI MEU FILHO, O SEU IRMÃO PRISCILA, ELE MORREU - ela fala jogando um balde de água fria em minha cabeça

— Meu Deus... Mãe eu sinto muito E-eu não sei nem o que dizer - falei com lágrimas

— Claro que não sabe - ela falou fazendo uma feição decepcionada

— Me desculpe - falei abaixando a cabeça

— Apesar de tudo, você é minha filha e eu te amo, mas você tem que aprender uma lição com tudo isso - ela afirmou

South Side - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora