Você não sabe

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POV Vinnie

Por um bom tempo eu escondi meus piores pesadelos das pessoas as quais amava, por um bom tempo eu venho guardando resquícios de cacos quebrados dentro de minhas mãos, eu buscava a luz no fim do túnel e à achei.

E em todas as manhãs que eu despertava sem tê-la ao meu lado, eu dizia para mim mesmo frente ao espelho que o sacrifício era um preço a ser pago, então de toda forma eu tentava acalantar meus soluços, estancar as minhas feridas e apenas ignorar o fato de que eu estava virando um escravo de minha própria vida.

O interessante de ter uma escuridão esgotando cada célula do seu corpo é que chega um ponto no qual você descobre que, a escuridão não pode expulsar a escuridão, necessitasse de uma luz, e assim luz não pode existir sem que tenha uma escuridão. Ambas são dependentes uma da outra e ambas são rivais no curso natural da vida, era algo meio cômico de se comparar.

Mas eu não estava farto de fugir da minha, não porque eu não queria ela por perto e sim por medo de perdê-la para todo o sempre, pois se tem algo pior do que viver na escuridão, é viver na escuridão sem esperança de que um dia a luz brilhará fortemente aquecendo seu rosto e dizendo: Está tudo bem, você não está sozinho.

Eu havia revelado quase tudo a Priscila, mas eu havia escondido um pequeno detalhe. E esse tipo de detalhe era como um isqueiro em meio gasolina, bastava uma faísca para que tudo se desmoronasse em chamas ardentes e cinzas.

Encaro inúmeras vezes aquela boate, eu iria me arrepender de fazer isso, medo da rejeição? É, talvez, mas não julgo se minha própria família me abandonar, eu fiz isso, afastei todos eles por repugna de meu pai, e não é como se eles fossem as pessoas mais gentis do mundo e me recepcionassem com uma xícara de café.

Com palpitações em meu coração e uma forte corrente elétrica percorrendo meu corpo, sinto uma breve cegueira tomar posse dos meus olhos quando as luzes em tons arroxeados vão contra os mesmos. Hoje estava lotado, eram tantas pessoas juntas que mal podia me mover.

Aquele lugar, lá havia desde as pessoas mais ricas e badaladas do North Side, até as com baixa renda, dos mais velhos até os mais novos.

Mas apenas um grupo de pessoas estavam em meus interesses ali, minha própria família, a família Hacker, a mesma família que deu origem ao meu pai bastardo e a mesma que deu o sobrenome que tenho hoje. Sinceramente? É perturbador pra caralho temer sua linhagem, seu próprio sangue, mas eu precisava estar ali.

— Meu Deus, me segura que é uma miragem, eu não to vendo isso senhor!! - Amelia se expressou dramaticamente quando eu cheguei

— Oi Melia - cumprimentei-a rindo e dizendo aquele carinhoso apelido, que a muito tempo não havia dito, eu tinha saudades dela

— Vincent querido, como é bom poder dizer seu nome, como é bom ver você! - ela exclamou me dando mais um apertado abraço

— Também senti saudades, quer dizer nossa, da última vez que te vi você era um pirralho de 13 anos, e agora você já tem 18 anos isso é, loucura - ela comentou rindo

Bem Melia, se você tem uma televisão em casa, acho que viu uma versão mais atualizada minha, com 15 anos - rebati meio tenso

Argh, aqueles rumores de que você matou a irmã da Kalena são ridículos, eu juro, que da última vez que alguém tocou nesse assunto aqui na boate, minha frigideira voou na cabeça de um - ela confessou nervosa e eu apenas ri

South Side - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora