Você promete Avani?

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POV Priscila

Vinnie Hacker, lembro-me da primeira vez que ouvi seu nome, estávamos no campo de nossa escola, e ele mal olhava-me nos olhos enquanto nos apresentávamos um para o outro. A escola, faz um bom tempo que eu nem ao menos coloco os meus pés naquele lugar, mas não nego que sinto falta de quando minhas únicas preocupações eram as lições de casa.

Sempre fui uma aluna dedicada, nunca fui uma das primeiras da sala como minha mãe sempre exigia de mim, mas ao fim do semestre, eu até que conseguia arrancar sorrisos orgulhoso de meus pais. Eu sabia que Vinnie era um garoto muito inteligente, mas não nego que quase soltei um palavrão quando achei um boletim com notas altíssimas em sua gaveta.

Vascular gavetas, talvez devesse ser a minha nova profissão a partir de hoje, pois era só o que fazia nessa última semana. Depois da invasão de Renata, ele estava mais paranoico do que já esteve em qualquer momento de sua vida, sempre flagrava Vinnie observando às frestas de todas as cortinas, cortinas às quais ele fazia questão de estarem todas fechadas.

Achava isso normal aos primeiros dias, mas ao decorrer da semana vi que não era tão comum quanto imaginei que seria. Vinnie lidava com dificuldades para dormir, mas desde a invasão, ele não passava mais por elas, isso porque ele simplesmente não fazia questão de dormir.

Não nego que já coloquei um calmante em seu suco durante o almoço, esperava que ele descansasse ao menos por algumas horas, mas novamente, durante as noites, ele permanecia com os olhos abertos, e eu não precisava olhar dentro de suas orbes com cor de mel para saber que ele jamais alcançaria os batimentos cardíacos de uma pessoa já adormecida, ou relaxada.

Por volta do quarto dia, levantava-se Vinnie por todas as noites assim que eu adormecia, e rondava a casa inteira com passos apressados, como se tivesse buscando algo, e sempre que ele parava no quarto, me encarava por alguns minutos, suspirava, e retornava ao seu ciclo sem fim de caminhadas por toda casa.

As consequências de não dormir começaram a afetar sua aparência, ele possuía enormes bolsas arroxeadas abaixo de seus olhos, e algumas veias que antes não eram tão nítidas, agora eram facilmente perceptíveis, seus lábios começaram a ficar rachados e secos, e sua pele que antes já era branca demais para o meu gosto, havia ficado mais ainda. Ele continuava sendo o homem mas lindo que já vi na vida, mas estava visivelmente destruído.

Ao quinto dia daquela semana, ele começou a ter comportamentos de alta-proteção, isso se aplicava a maneira que eu fechava a geladeira e manuseava os pratos, ou até mesmo que comia, me sentia como uma garota de dois aninhos na qual a mãe precisa colocar a comida na boca.

— Já está pronta pra dormir, amor? - ele questionou me levando até a cama

— Sim, claro - respondi desanimada sabendo que seria mais uma noite mal dormida, deitei-me e recolhi um pequeno cobertor

— Quer mais um? - pergunta arrancando uma manta grossa do armário

— Não precisa, Vin... - fui interrompida ao sentir o manto recobrir meu corpo - Ahm, tá tudo bem, pode me cobrir - disse pausadamente

— Está frio hoje, ficará doente de não se agasalhar bem - ele diz sorrindo e eu retribuo, mas tenho certeza que saiu tão estranho quando ele mesmo nesse momento

Ele atravessou a cama e se sentou ao meu lado, começou a remexer em meu casaco, nos lençóis, travesseiros e até mesmo na pilha de cobertores que ele havia amontoado encima de meu corpo, que estava começando a transpirar devido à tanta "proteção" dos cobertores.

South Side - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora