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Eu encarava o teste boquiaberta. Grávida. Eu estava grávida! Me senti tonta, o coração acelerado, tremia de nervoso. Não conseguia nem mexer os olhos: - Anna, tá tudo bem? Perguntou Bruna do outro lado da porta: - Estou grávida. Balbuciei. A mulher entrou no banheiro me encontrando completamente estática: - Anna, o que aconteceu? Questionou se agachando em frente a mim, acariciando meu rosto. Sem a olhar, balbuciei de novo: - Estou grávida. Arregalou os olhos. Com receio, abaixou minhas mãos para ver o teste, tendo a confirmação: - Caraca...- Pausou tentando, em vão, disfarçar que estava tão surpresa quanto- Isso é algo bom. Não é? Agora o Vinha vai poder se dedicar a você. Balancei lentamente a cabeça. Meus olhos ardiam, tentei segurar as lágrimas, mas elas foram mais rápidas que eu: - Não chora, amiga.- Pediu secando as lágrimas que só desciam com mais intensidade- Não chora, Anna. Enfiei meu rosto nas mãos, chorando desesperada. Tinha medo que Vinha me deixasse, afinal, quando começamos, ele deixou claro que não queria ter filhos, mas por um deslize de ambos, achamos que conseguiríamos fazer sexo sem camisinha mesmo e que não teria consequências: - E se ele me deixar, Bru? O Vinha é poliamoroso e nunca quis ter filhos. Seus dedos levantaram meu queixo: - Anna, uma coisa que sei é que o Vinha te ama loucamente. Deixaria tudo por você, se pedisse. Acho até que você e a Aline são as duas únicas pessoas que ele já amou de verdade. Não faria sentido ele continuar com pessoas com quem ele só tem transa casual e terminar com você porque engravidou. O máximo que vai fazer é continuar as relações por fora também. Mas te abandonar? Acho pouco provável. Olhei para o objeto em minhas mãos, refletindo sobre o que a de cabelo cor de rosa disse. Voltei ao meu quarto, deitei na cama de bruços, pensando em como o contaria sobre a notícia para ele. Tudo parecia tão confuso, nublado. Felipe Vinha era o primeiro cara por quem me apaixonei pra valer, que eu amava, e a ideia de perder ele era tão assustador quanto estar grávida aos vinte e quatro. Botei minhas mãos abraçando a minha barriga para, depois de muitas crises, finalmente adormecer. Acordei com a mão do meu namorado acariciando meu rosto. Sem abrir os olhos, me virei em direção dele, abracei sua cintura e me encolhi em seu colo: - Oi amor. Sussurrou fazendo carinho no me cabelo. Aquilo acabou comigo. Eu tinha medo de que Vinha me deixasse apenas por estar grávida: - Querida, o que foi? Perguntou preocupado, agarrei-me mais ainda em sua cintura: - Estou g-grávida. Solucei alto sem querer, ele me soltou da sua cintura, me botou sentada, olhou em meus olhos, então analisou meu rosto. Secou uma das minhas lágrimas: - E isso é um problema? Indagou, assenti: - Você nunca quis uma criança pra não se prender a alguém que não fosse a Line e agora estou grávida e-e você vai me deixar. Solucei, me levantei correndo ao banheiro para chorar: - Anna, amor, por favor, se acalma.- Vinha bateu a porta- Vamos dar um jeito, só abre a porta para conversar, meu bem. Balancei a cabeça. Ficamos em silêncio por um longo tempo até eu me cansar de fugir, abrir a porta e ver meu namorado sentado no chão, de costas para a porta. Ele se levantou, tocou meu rosto: - Minha gatinha sisuda.- Beijou minha testa- Eu te amo demais pra te deixar. Sem demonstrar qualquer reação, o olhei procurando algum vestígio de mentira em seu rosto: - Mas...- Procurei as palavras corretas para não afastar ele de mim- Você sempre disse que não queria ter filho porque isso te forçaria ficar mais tempo com o cônjuge, vivendo quase como monogâmico. O maior assentiu: - Sim, você está certa. Nunca quis ter uma criança, mas eu não abandonaria qualquer outra mulher nessa situação sozinha, que dirá deixar um dos amores da minha vida. Anna, acredite em mim quando digo que se algum dia eu te perder nunca irei me perdoar por deixar uma pessoa tão incrível, magnífica e que me faz me sentir tão bem ir embora. Abracei o homem, estava emocionada com sua declaração: - Te amo, amor. Resfoleguei, ganhei um beijo na testa: - Amo vocês dois. Colocou a mão sobre minha barriga, a porta do quarto foi aberta, um Hades feliz da vida invadiu para pular em nós. Olhamos para a porta e ali estava Aline nos encarando sorridente: - Quero ser a madrinha. A mais velha brincou. Rimos, a puxei para um abraço. Éramos uma família feliz. Diferente, mas feliz.
