Capítulo 31

178 23 4
                                    

  Caminhamos em silêncio, meu estômago está grudado mas costas de tanta fome que estou sentindo, em um momento como este até a comida da escola faz falta. Calcifer olha por cima do ombro rapidamente e logo se volta ao trajeto,  percorremos um longo caminho até que uma árvore chama minha atenção em seus galhos a diversos frutos sinto minha boca de encher de água, assim que passamos por ela retiro rapidamente dois frutos e já coloco um na boca, sua cor é avermelhada lembra muito a moça se tirar seu formato meio deformado. O gosto não é ruim só deixa a boca bem seca e amarrada, sabe quando você come.banana verde, é tipo igual, assim que levo a segunda fruta para a boca quando Calcifer se vira e assim que vê o que estou fazendo ou melhor comendo o mesmo grita.

--- IAA....está louca ?! -- ele pega a fruta e joga longe -- essa fruta é veneno se comer uma dessa é morte na certa ! -- fala mais bravo que antes.
  Jogo o resto da fruta que estava em minha boca e encaro Calcifer com os olhos arregalados e o medo estampado neles.

--- e ...se eu te disser que ...meio que comi uma inteira ....o que faria ?!

--- O QUE ! -- Calcifer fica pálido por um minuto, mas logo se recompõe me pega no colo e sai correndo entre as árvores e arbustos.

   Eu não estava sentindo nada até que ele proferiu a palavra chave " VENENO", nosso cérebro é muito interessante a gente só passa a sentir sua do vemos oi descobrimos o que tem de errado. Quando  Calcifer disse que era veneno meu estômago embrulhou, minhas pernas já ficaram mole e minha visão já se transformou em um enorme borrão.
   Nos braços de Calcifer posso ver que o mesmo é bem forte se eu tivesse em outro momento e em outra circunstâncias teria apreciado mais o momento. Chegamos na casa rapidamente e sou posta sobre o sofá velho já não consigo me mover e isso é apavorante meu corpo parece que está em chama, sinto o suor escorrer por minhas costas, pernas, braços. Minha boca está super seca, tento pedir água mas sai apenas um resmungo fraco, busco por Calcifer  e o encontro desbruçado sobre a mesa com uma pilha de livros de um lado e do outro uma pilha de plantas, está tão concentrado que nem percebe o dia virando noite. Posso dizer que estou agonizando, morrendo aos poucos, em um determinado momento creio que desmaiei pois acordei grogue com a febre alta e me lembro muito bem de Calcifer estar na minha frente com algo na mão, ele falava e me encarava mas confesso não entendi uma frase se quer

   Era como se estivesse falando em outra língua. Com a febre alta tive delírios perigosos e em um determinado momento lembro de ter visto Sam...ele estava barbudo como o encontramos pela primeira vez...foi doloroso vê-lo novamente mesmo sendo fruto da minha imaginação, em pensar que tive uma peque a queda por ele...

   Em outro ataque da febre eu juro ter visto Calcifer sem camisa deitado ao meu lado... acho que meu problema está sendo com os homens...ou falta de afeto vai entender minha imaginação.
   Passei a noite meio acordada e meio delirando sem saber distinguir o real do imaginário.
   Acordo assustada e com muita dor de cabeça, me mexo no sofá e Calcifer aparece em forma de fera seus olhos me perguntam  como estou.

--- estou bem ... só minha cabeça que dói de mais.

Me levanto de vagar e fico chocada com a cena que encontro, livros e ervas por todos os lados, vasilhas sejas é o que mais encontro. Até parece que um furacão passou por aqui.
   Cambaleou até um pote com água e quase tomo ele todo, me volto para a casa e tomando coragem prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e me ponho a arrumar a bagunça. Calcifer depois de muito resmungar se deitou no meio da casa e dela não saiu mais
    O dia novamente passou de pressa e meu braço já marca quatro dias, depois de arrumar a casa pego um livro sobre lendas antigas e folclóricas e em meio as páginas consigo encontrar uma lenda sobre a fênix.

   Nascida das cinzas de um vulcão a bela criatura possui seu corpo tomado por chama, seu grito é capaz de ser ouvido até no mundo dos humanos. Não possui vida longa mas além do possuir memória de seus ancestrais e uma sabedoria exuberante sempre vive intensamente.

O Dragão Onde histórias criam vida. Descubra agora