Vou mendigar, roubar e matar

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Estava mendigando receber um olhar dela, estava mendigando seus suspiros de raiva, seu olhar ameaçador e sua vontade de gritar comigo. Ela me ignorava completamente na escola e eu só escutava Albus dizer:

— Talvez você devesse fazer o contrário, ignorar ela para receber atenção.

Foi assim que abandonei a ideia das rosas roubadas, arquivei ela por um tempo. Doeu em mim tentar não conversar com ela, não roubar suas rosas e nem matar meu tempo pensando em coisas que poderia fazer para ela me notar.

Ficava em casa na minha janela olhando ela em sua casa, ora lendo, ora mexendo nas tulipas de sua mãe no jardim. Era o máximo de contato que tínhamos.

Foi quando tive a ideia. Rose amava mais que tudo seus livros, poderia mendigar sua atenção através de um deles. Esperei o momento do recreio e peguei seu livro do "Pequeno príncipe" da bolsa.

Sim o roubei!

Já estava mendigando, o que seria roubar para mim?

Escolhi a página ideal, uma que dizia sobre cativar. Eu decorei esse livro por ser o mais lido por ela. Sabia todas as metáforas usadas pelo autor. Era mais forte que eu.

Peguei o alicate e arranquei tufos de folhas do meio da página, cortei a palavra cativar e coloquei ela atrelada a um anel, que tinha uma pedra de rosa - Eu havia roubado de uma loja de bugigangas. Mais um roubo e outra rosa roubada para ela. Guardei o anel no buraco que tinha feito com o canivete.

Fechei e coloquei na bolsa dela novamente.

Sentei atrás e esperei para assistir ao espetáculo.

Rose sempre abria seu exemplar do pequeno príncipe na aula de Filosofia, ela odiava a professora Trellawney e todo o blá blá blá filosófico que não levava a lugar nenhum. Foi o que ela fez, mas ao abrir o livro ela gritou surpresa.

— Quem assassinou meu livro!?

Ela segurou o anel de rosa entre os dedos e então virou seu olhar, um tanto assassino, para mim.

— Esse meu livro era de família! Era da minha avó que passou para a minha mãe, que… hunf!!! Qual é o seu problema?!

— Eu quis roubar seu exemplar para lhe fazer uma surpresa.

— Você matou o meu livro!

Impressionante que por seu amor eu mendigo, eu roubo e mato. Além de meu cérebro parar de funcionar por eu só cometer erros em a conquistar.

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