Três

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Eu passei o verão inteiro odiando meu vizinho da frente com suas constantes festa que não me deixava dormir, muito menos me concentrar em ler. Minha avó tinha sorte de estar num quarto com isolamento sonoro, o meu era muito aberto pra isso. Agora estava ali com ele. O garoto literalmente morava na frente da minha casa.

Pedro era muito simpático e fino, parecia carregar uma boa amizade com Feco. 

- Você passou o verão todo na minha frente e eu nunca te encontrei, como fez isso? - ele perguntou.

- Talvez tenha visto sua mãe no dia que a gente se mudou, mas depois disso eu não saí muito. 

- Não era minha mãe, definitivamente. Então você é um grande nerd antissocial? - ele riu e botou a mão no meu ombro - Relaxa, só queria ter te chamado pra sair, eu fiz varias festas durante esse tempo. 

"Eu sei, e como sei" quis dizer, não quis ser rude, ele já estava me dando carona.

- Pois é. A gente podia ter se conhecido antes...

- Não seja por isso, sexta vou dar uma festa para comemorar o inicio das aulas, você vai.

- Vou? Não sei, não! Preciso ver com meu tio e minha avó.

- Você vai, eu sou muito persuasivo, vou agora lá convencer eles.

- Não precisa disso, deixa que eu falo.

- Faço questão - ele era um raio de sol no meio daquela chuva toda, eu juro que toda vez que ele sorria iluminava tudo, ele era o tipo de pessoa que conversava olhando nos seus olhos, e ele tinha olhos profundos que te prendia como um cadeado. - Vai ser até bom conhecer meus vizinhos, minha mãe tá fora do país, acabou que não fomos dar boas vindas por causa disso.  

Não tinha muito o que falar, ele ia insistir de qualquer forma, "uhum" acenei com a cabeça positivamente.

A chuva ia cessando quando estávamos chegando, enquanto íamos passando por praça, espaço de esporte, piscina e outros serviços que o condomínio oferecia, Feco ia contando sobre os lugares e como ele frequentava aqueles lugares.

- Aqui, é aqui. - apontei para nossa casa.

- Pedro pode parar aqui, já volto para casa.

Pedro assentiu com a cabeça. Descemos do carro, peguei minha mochila, já Feco deixou a dele ali mesmo, junto com paletó, gravata e chapéu. Reparei pela camisa branca que ele tinha um peitoral forte, definido, me senti magro e pequeno ao lado dele por um segundo. 

Não tinha levado a chave, tive que tocar o interfone. 

- Odete, sou eu, Miguel. Vim sozinho, quero dizer, vim de carona. O Ricardo me esqueceu!

Alguns segundo depois Odete veio abrir a portaa.

- Quem é esse com você? - perguntou.

- Eu sou Feco, prazer. Vizinho da frente, acabou que eu e Miguel caímos na mesma classe. - ele disse estendendo a mão antes mesmo que eu abrisse a boca.

- Ele é o Feco, entra! - eu disse passando para dentro. 

- O tal vizinho barulhento, hum - ouvi Odete sussurrar. 

- Vim dar boas vindas da vizinhança à vocês - ele disse

- Tá um pouco atrasado. - disse Odete com um olhar severo.

- Odete! - exclamei - Menos, ele meu colega. 

Minha vó estava sentada na sala, bem cansada assistindo algo na tv. 

- Ei, vó! - ela levanta o olhar cansado. 

- Oi filho, como foi o primeiro dia de aula...

- Então a senhora é a linda irmã do Miguel - Feco se intromete com um sorrisão.

- Não é para tanto meu querido, quem é esse? - ela tira os olhos dele e os volta pra mim.

- Esse é o Felipe, nosso vizinho da frente, também meu colega de classe. 

- Pode me chamar de Feco, queria me apresentar já que vamos passar muito tempo juntos, por causa do colégio e tudo mais. - ele estendeu a mão todo animada e em seguida deu um beijo carinhoso na bochecha da minha avó.

- Muito charmoso você senhor Feco. - ela disse. 

- Vai ter uma festa sexta, na casa de praia dos meus pais, o Miguel disse que precisava de autorização pra ir, eu levo ele e trago de volta inteiro, vão ter adultos responsáveis, alimentação, provavelmente vamos dormir por lá, ele pode ir? 

Ela me encarrou e eu fiz um sinal com os olhos para o lado que queria dizer "pelo amor de deus não deixa", mas ela disse: - Deve, fico feliz que você já está fazendo amigos, meu querido. 

- Boa! - ele exclamou - Nem foi tão difícil, viu?  

- Pois é - dei um risinho sem graça. 

- Quer ficar para o jantar? - disse minha avó. 

- Não, eu marquei de jantar com minha namorada e os pais dela, já tenho que ir. Obrigado por deixar seu neto sair comigo. 

- Tudo bem, eu que agradeço você fazer companhia para ele. 

- Me acompanha? - ele piscou pra mim e encostou a mão gentilmente no meu ombro.

- Sim, vamos.

Fui com ele até a porta.

- Então tá marcado. Me passa seu número, pra gente manter contato. 

Ele me entregou o celular dele, digitei meu número e devolvi.

- Boa noite, Miguel - Ele disse estendendo a mão - Foi ótimo te conhecer. 

- Boa noite, Felipe - apertei a mão dele e puxou para um quase abraço - Bom jantar!

 E ele se foi noite a dentro atravessando a rua de sua casa. 

Voltei para dentro, fui para me quarto, tomei um banho gelado, quando saía do banho meu tio chegou em meu quarto pedido desculpas, disse que ficou enrolado com as gravações e que a bateria dele tinha acabado. "Tudo bem, peguei uma carona" disse, e então aguardei o jantar.

Por volta das onze da noite quando eu já estava deitando para dormir o meu celular vibrou.

Levantei da cama, olhei pela janela e na casa de Felipe uma luz piscou umas três vezes em uma janela, liguei a lanterna do meu celular e fiz o mesmo

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Levantei da cama, olhei pela janela e na casa de Felipe uma luz piscou umas três vezes em uma janela, liguei a lanterna do meu celular e fiz o mesmo.

Levantei da cama, olhei pela janela e na casa de Felipe uma luz piscou umas três vezes em uma janela, liguei a lanterna do meu celular e fiz o mesmo

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Voltei para a cama e dormi profundamente. 

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