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Mattia narrando.

Um mês.

Um mês desde que a sequestramos e parece que foi ontem, tudo andando conforme o planejado... Isso não considerando o quanto acho que aquela garota está nos afetando sem perceber.

Olho para tela do meu notebook e suspiro, lá estava ela. Nina estava caindo de sono e mesmo assim tentava se manter acordada, e eu sei bem o porquê. Oh, como estou vendo ela? É, é isso aí mesmo.

Sim, porra, eu coloquei câmeras no quarto dela, eu precisava vigiá-la, bom, antes era por isso. Depois de dias a observando, eu percebi que eu me pegava ansiando para que o meu treinamento acabasse logo e eu pudesse a ver, mesmo que por essa pequena tela. Eu sei dos seu encontros com Martino, tanto ela quanto ele pensam que estão passando despercebidos, mas eu vejo tudo o que eles estão fazendo, isso tem me incomodado, mas ele tem feito bem à ela, ela riu pela primeira vez depois de um longo tempo e isso é uma conquista exclusiva dele, por isso continuo permitindo que Martino a veja toda noite, e ele respeitou minha ordem de não se relacionar com ela, pelo menos isso.

Foda-se que isso é uma baita invasão de privacidade, as regras não equivalem muito aqui, não vou parar agora, não acho que eu consiga. Ela é tão linda... E tão graciosa, não sei explicar, algo nela parece tão calmo e seu sorriso com certeza é impressionante, vê-la se divertir me deixa com algum sentimento estranho, mas é bom, eu gosto.
Não passo para vê-la porque não sei se conseguiria me manter focado no plano, não sei se conseguiria não a beijar, seus lábios são verdadeiramente tentadores.

E assim como a vejo com Martino, vejo como Matteo a trata também, e mesmo assim não interfiro, ela virou seu brinquedinho principal e a tirar dele com certeza causaria estragos maiores, é melhor ela sofrer agora, no fim ela não ficará aqui de qualquer forma.

Já está tarde e não estou com a mínima vontade de ver ela e Martino juntos se divertindo, então desligo meu computador e me arrasto até meu quarto, apenas tirando a roupa que uso e caindo na cama exausto.

A noite se passou de forma pertubadora, não conseguia parar de pensar que enquanto estava tentando dormir, talvez essa noite possa ter sido diferente para Martino e Nina, que talvez essa noite eles tenham se beijado, ou até algo mais. Esses pensamentos incômodos são irritantes e beiram o perigo, não era para eu ficar desse jeito, não era mesmo.

Logo vejo o sol invadindo meu quarto através das brechas da cortina e bufo por ter perdido mais uma noite de sono mesmo estando morto por dentro. Continuo deitado por mais um tempo até ouvir meu despertador, então me levanto e me preparo para a minha rotina de hoje que começa comigo treinando.

Tomo um banho e ponho uma calça de moletom qualquer que uso para essas ocasiões mesmo. Provavelmente Matteo irá treinar hoje também e eu queria mesmo descontar toda essa frustração em alguém, mas não to afim de apanhar na mesma intensidade, então me manterei na minha.

Assim que adentro o espaço de treinamento que usamos, já o avisto dando uma sequência de socos no saco de areia, suspeito que um dia essa corrente arrebentará e esse saco irá estourar com o punho dele. Ele soca com raiva. Com ódio. Do que exatamente? Nem ele deve saber.

— Com ódio da vida já de manhã, Matteo? — me aproximo e ainda assim ele não para com seus movimentos. — Suas palavras são sempre comoventes — seguro o saco com força e mesmo assim ele não para. — O silêncio então, é reconfortante. — ele dá um último soco com mais força e se afasta me encarando.

— O que quer agora? — ele exala o ar que prendia e cruza os braços de forma tensa.

— O que mais eu viria fazer aqui? Obviamente vim treinar. — respondo à altura, apesar de eu sempre querer evitar confrontos com Matteo, também deixo claro quem está no controle no final das contas.

Just call me a babyOnde histórias criam vida. Descubra agora