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Mattia narrando.

Cacete, estou até agora tentando entender que porra aconteceu hoje. Eu já estava irritado desde cedo pelo que vi pela porra da câmera, merda, essas câmeras vão me deixar maluco daqui a pouco, passo todo o meu tempo com os olhos vidrados nelas, e aí para piorar a porra toda, somos invadidos. Como isso foi acontecer?! Nunca havíamos sido atacados de tal maneira, nenhum de nós esperávamos por isso e definitivamente não poderia ter um dia pior para acontecer.

Eu não deveria ter permitido que aquela garota saísse do quarto, além de quase ter sido morta junto com todos nós, tive que descobrir da pior forma que ela tem crises de asma, filha da puta. Ela tinha que ter nos informado sobre isso porra, ela quase morreu nos meus braços... Ao menos depois de passar por toda a crise e ter desmaiado, ela parecia mais relaxada e tranquila, o que me acalmou por alguns minutos também, até que eu tive que descer e voltar para a porra do massacre que estava tendo em minha sala de estar. Por um descuido ao tentar ajudar Martino, acabei levando um tiro de raspão, já senti dores piores, mas ainda assim é uma merda estar com o ombro fodido.

Depois de tudo ter se acalmado, pedi pra que Loira ficasse de olho em Nina e se pudesse a colocar embaixo do chuveiro para ver se ela acordava também seria bom, o que não adiantou muito porquê a garota parecia ter entrado em um coma, demorou horas para voltar pro mundo real.

Prometi para mim mesmo que não iria ir vê-la, mas depois de ter visto pelas câmeras que ela passou o restante da madrugada acordada, essa promessa foi ralo à baixo e agora minhas pernas estão falando por si próprias ao se direcionarem ao seu quarto.

Entro sem ao menos bater na porta e vejo o sobressalto de seu corpo sobre a cama, indicando que levou um susto com a minha presença. Talvez ela esperasse que fosse Martino a vir vê-la, sei bem das fugidas dele para cá, mas os sorrisos que só ele consegue tirar dela são como um leve momento de alívio, até minha mente fodida fazer questão de me lembrar que ele quem tira esses sorrisos e não eu.

— O que faz aqui? — ela pergunta encolhida na cama, abraçando os próprios joelhos.

Dou alguns passos em sua direção e me sento na poltrona que havia ali ao seu lado.

— O que faz acordada à essa hora garota? — cruzo os braços contra o peito e sinto um incômodo em meu ombro que me faz fechar a cara.

— Não consigo dormir mais, mesmo me sentindo cansada. — ela deita a cabeça sobre seus braços e me encara com aqueles olhos meigos.

Como ela ainda pode ter olhos assim? Mesmo depois de tudo que passou.

— O que aconteceu com você? — ela fala baixinho, quase como se fosse um segredo que ninguém pudesse escutar e eu franzo o cenho sem entender do que se trata.

Afinal, muitas coisas aconteceram comigo até eu ser quem eu sou.

— Lá embaixo, depois que me trouxe pra cá. — ela diz e sai de sua posição inicial, se virando para mim e deixando suas pernas soltas na lateral da cama. — Você se machucou? — ela pergunta quase como se estivesse preocupada e meu coração dá um salto a mais por isso.

— Sim, nada muito grave. — ela continuava me olhando curiosa, talvez se perguntando o que vim fazer aqui uma hora dessas, mas eu não saberia responder isso.

Então antes que ela pudesse me questionar, levo minhas mãos até a gola da camiseta que eu uso e a puxo para cima, a tirando por completo e deixando exposto meu mais novo curativo. Os olhos de Nina se arregalam e não sei pelo o que exatamente, mas gosto da expressão em seu rosto.

— Levei um tiro de raspão no ombro. — suspiro deixando a camisa no chão e sua boca se abre em choque.

Em um movimento inesperado, Nina se levanta da cama e com passos cautelosos vem até mim, sua mão se estica até meu ombro e ela parece receosa em relação a me tocar ou não, então quebro sua dúvida e levo sua mão até as gases grudadas por esparadrapos. Ela me encara e eu assinto com a cabeça em permissão para que ela o tire e veja, não é lá uma visão muito legal, mas eu quero continuar com sua aproximação, gosto de tê-la por perto, por isso deixo que ela continue.

Just call me a babyOnde histórias criam vida. Descubra agora