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Nina narrando.

Não se passou nem mesmo uma hora e escuto o barulho de alguém destrancando a porta. Eu estava entediada, mas não é esse tipo de entretenimento que eu gostaria agora.

A primeira coisa que vejo é uma cabeleireira loira e então deduzo que seja a tal "ela" à quem Martino se referia, ele disse que a mandaria aqui para analisar o machucado, menos mal, não é nenhum deles.

— Nina, certo? — ela caminha calmamente até mim e eu a analiso por completo.

Ela vestia uma calça preta colada ao corpo que imitava algum tipo de couro, uma regata branca, suas mãos estão enfaixadas e ela usa botas de combate, seu cabelo trançado em boxeadoras e um olhar sério predominava seu rosto.

— Isso — assinto sem querer arrumar problemas. — Você é...? — to curiosa afinal de contas.

— Me chame de loira. — ela abre a caixa que carrega em suas mãos e vejo que ali há mais gazes, esparadrapo, álcool e umas coisas a mais.

— Loira? Não tem nome, loira? — ergo uma sobrancelha lhe estendendo minha mão, afim de colaborar.

— Se eu disse para me chamar assim, me chame assim — ela ergue seu olhar para mim e eu engulo à seco não fazendo mais perguntas. — Todos me chamam assim, não é pessoal. — ela começa a desenfaixar minha mão e eu cerro meus dentes pela dor que sinto.

— Nada é, não é? Tudo um acaso, como eu vim parar aqui... Como me machucam... Como me prendem... — respiro fundo sentindo vontade de chorar.

— Você não deu sorte, acontece — ela pega o álcool e começa a limpar em volta, assim como Martino fez, mas realmente ela não ligava se aquilo estava ardendo ou não. — Não fique se lamentando ou se fazendo de coitada, não vai adiantar merda nenhuma, apenas parecer mais estúpida do que te achamos agora. — engulo à seco e me forço a não chorar.

— Ótimo, bom saber. — encaro meu pulso algemado, não querendo focar na dor que sinto em minha mão.

— Eu posso dar os pontos, mas só se você quiser, aproveite que ainda tem escolha em alguma coisa. — ela sarcasticamente diz e eu reprimo a vontade de revirar os olhos.

— Pode dar, ficará uma marca horrível mas pelo menos cicatrizará mais rápido. — ela nada diz e pega a agulha, passando a linha em seguida.

— Adianto logo que meus serviços não são exatamente de se dar 5 estrelas. — ela começa e eu quase sinto meus dentes quebrarem de tanta força que faço para não gritar.

Eu fiquei tão tensa durante todo o tempo em que ela me costurava que posso sentir meu corpo doer. Ela limpa o local mais uma vez e enfaixa novamente.

— Nada mal, até que você aguentou bem, para uma modelozinha... — ela debocha e tenho que me segurar muito para não lhe dar uma palestra dizendo o quanto é difícil ser modelo. — Tem que trocar isso todos os dias e higienizar bem se não quiser uma infecção, mas aí é com você a partir de agora. — ela larga a caixa que trouxe ao meu lado e eu arregalo os olhos inacreditada.

Eu mal posso me mover, como farei isso?

— Dê seu jeito, é assim que as coisas funcionam nesse mundo. Ninguém é privilegiado aqui. — ela diz com se lesse minha mente.

— Certo. — concordo sem pestanejar, daqui em diante eu acatarei tudo que eles disserem.

— Bem, tenho algumas perguntas, poucas. — ela se senta na poltrona do canto, cruza as pernas e os braços, depois me encara.

Just call me a babyOnde histórias criam vida. Descubra agora