03

6K 391 23
                                    

Nina narrando.

Minha nossa! Eu mal posso acreditar que é hoje, depois de anos de esforços, hoje seria a minha estreia em Nova York! Fiz diversos desfiles na Itália, mas nenhum se compara ao de hoje, modelar para a marca Chanel sempre foi algo que eu almejava fazer um dia, só não imaginava que conseguiria antigir isso tão nova, é algo fantástico para a minha carreira, eu nem to acreditando que realmente estou aqui. Pode me abrir caminhos e contatos muito bons, alguns empresários de agências já me telefonaram e eu nem sequer estreiei aqui ainda, imagina depois dessa noite, tudo mudaria para mim! O meu sonho finalmente vai ser tornar realidade e tudo que fiz vai valer à pena para esse momento.

Agora estou junto com as outras modelos, estamos nos aprontando e só há uma coisa que poderia me fazer mais feliz no momento... Minha mãe estar aqui comigo, ela sempre me apoiou e se dedicou totalmente ao meu sonho, não teria conseguido se não fosse por ela me incentivando toda santo dia, dizendo que eu era capaz disso. Muitos infelizmente tem a visão errada que para ser modelo só é preciso nascer bonita ou bonito, mas há muito mais por trás, tem a dedicação, as incontáveis lições, o treinamento, o padrão em que temos que entrar, tudo isso nos afeta e nos deprime, eu achava que seria mais fácil chegar até aqui, bem, não foi, porém agora também sei que tudo se vem com esforço e dedicação, agradeço minha mãe por ter me mostrado isso ao longo dos anos, gostaria que ela pudesse estar aqui hoje e ver que eu consegui, que nós conseguimos!

Percebo uma lágrima escorrendo pelo canto da minha bochecha ao me olhar no espelho do camarim onde todas estamos acomodadas, então começo a entrar em pânico também. Ela não está aqui, ela não está aqui comigo nesta noite! Esse vai ser o meu maior desfile e o primeiro em que ela não vai estar lá da plateia me dando apoio apenas com o seu olhar. Ela não vai poder vir me abraçar e dizer o como eu fui incrível quando terminar. Ela não vai fazer nada disso porque ela não está mais aqui!

Sinto meus pulmões se contrairem em busca de ar mas não consigo respirar, me sinto sufocada aqui, todo esse falatório, pessoas passando para lá e para cá, tudo está me sufocando, senhor. Corro para a saída dos fundos onde há um segurança e passo por ele abruptamente, ele não entende, no entanto também não intervém. Ao chegar do lado de fora, avanço com pressa sem saber o que fazer, me recosto na parede do beco em que saí e olho para cima vendo o céu estrelado, a luz brilhante da lua, a imensidão que tudo aquilo era e aos poucos vou me acalmando, porém lágrimas estúpidas continuam a rolar pelo meu rosto.

Como se não bastasse, ainda respirando com dificuldade, escuto um barulho vindo de cima, vejo uma escada de ferro no canto e por algum motivo idiota, ou talvez seja o meu raciocínio que não está muito bom no momento, decido subir ela. Poderia ser um viciado, um bêbado ou até mesmo um ladrão, todavia para minha salvação, era apenas um homem alto em um terno impecável fumando um cigarro no parapeito do edifício.

Me aproximo dele que parece distraído e me sento ao seu lado. Ele não se assusta, então deduzo que me escutou subindo ou me viu, não sei, talvez os saltos tenham me entregue.

- Olá. - me encolho abraçando meus joelhos e tento chamar a atenção do estranho ao meu lado, eu não conseguia ver seu rosto já que ele olhava para baixo e estava muito escuro ali.

Ele não me respondeu, permaneceu calado parecendo distante, como se nem fizesse diferença eu estar ali ou não.

- Por que está aqui? - o encaro esperando por uma resposta - Não deveria estar lá dentro? - tento mais uma vez e mesmo assim não recebo nada em troca. - Posso te ajudar com algo? Tá tudo bem com você? - tento o tocar mas ele se esquiva como se eu fosse uma doença contagiosa. - Meu deus, você quer que eu vá embora? É isso? - mais uma vez tento e em troca recebo seu silêncio. - Tudo bem, eu saio, a noite também está sendo difícil pra mim, não vou te pertubar mais. - quando ia me girar para levantar do parapeito, sinto sua mão agarrar meu pulso.

Just call me a babyOnde histórias criam vida. Descubra agora