Capítulo 5

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Trilha Sonora: Chico Buarque - João e Maria
O meu número de celular pessoal é o mesmo desde que tive acesso à tal tecnologia. Eram poucos os que tinham acesso a esse número e continuaria assim, o mantinha ainda, acredito eu, por de certa forma ter apego por ele. Situações são as mais diversas, mas ainda ter aquele mesmo número que atrelo a mim desde praticamente sempre poderia ser um forma me manter atrelado também ao meu passado. Por vez cheguei a me perguntar: Se eu acabasse com ele, não usasse mais, por quanto tempo eu ainda o lembraria?

Poderia ser algo semelhante àquelas coisas que guardamos conosco, mesmo sejam elas extremamente inúteis. De certa forma me apeguei, mas qual será o motivo do meu apego a uma pequena equação? Era eu mesmo um louco com suas peculiaridades.

Não via sentindo, por mais que me esforçasse a entender.

Por ser um pequeno número de pessoas que tinham acesso aquele número que quando sobre a minha mesa, não o telefone do meu ramal, tocou um de meus aparelhos celulares, vendo qual e de onde vinha a nomenclatura do número eu atendi com o semblante confuso.

— Alô? — perguntei em português, mas passando alguns segundos mudei a minha estratégia — Hello?

A respiração acelerada do outro lado fez com que algo dentro de mim acendesse, e quando à primeira fungada de prenúncio de choro chegou eu me alarmei na minha cadeira, desconfortável.

— Alô? — perguntei novamente.

Meu amor... — sua voz mesmo rouca e sua fala lenta e embolada, como se dito com dificuldade, ainda por mim fora reconhecida.

Na mesma hora me levantei da cadeira em impulso, fazendo com que o assento fosse ao chão.

— Meu amor... onde você tá? — essa é a pergunta que pairava sobre a minha cabeça.

À vontade de chorar por somente ter ouvido a sua voz me invade. Porra, é muito difícil de acreditar, mas a sua respiradas pesadas do outro lado me faziam entender que sim, era ela mesmo que eu ouvia no meu ouvido. Era minha Iasmin no meu ouvido. Tentando agir de maneira a solucionar o meu problema saí daquela sala, com passadas rápidas logo parando em frente à porta de mental, chamando o elevador com ansiedade.

— Fala comigo, meu amor... Fala comigo... — implorei com a primeira lágrima já descendo pelo o meu rosto.

Vem me tirar daqui... — quando o soluço lhe escapou junto da voz embargada meu coração mais vez se quebrou.

— Eu vou tirar, segura só mais um pouco a ligação... — pedia correndo com o celular no ouvido pelo o meu departamento de TI.

Invadi a sala do supervisor do andar, me aproximando sério dele e vendo o homem de óculos me olhar sem compreender o que acontecia e com confusão em face.

— Localize a ligação... — mando entredentes tirando o celular do ouvido e mostrando para ele que não hesita em começar a fazer o que eu pedi, sabendo que se não conseguir sua cabeça iria rolar.

Não costumava tratar as pessoas assim, mas era a mulher da minha vida que se encontrava em risco. Por isso tentava acalmar Iasmin do outro lado da linha, mesmo que muita das vezes ela não parecesse ouvir a minha voz. Parecia nervosa, ouvia a sua respiração trêmula e com isso a preocupação cada vez mais em mim subindo, mas me seguro, tentando me controlar para perguntar o que estava acontecendo, eram muitas às perguntas que se ressoavam em minha cabeça, porém não eram momentos para elas.

Al Ain, Emirados Árabes...

— Eu preciso de mais — o pressiono, nervoso.

O jovem suava quando se concentrava em usar uma porção de códigos o jogando em outra aba no computador onde estava conectado o celular. Àquela altura minha mulher já chorava aflita e eu me segurava pra não fazer o mesmo.

O Viúvo (Série: Loving b. Brasília 4) [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora