O Viúvo (Série: Loving b. Brasília 4) [Degustação]

Capítulo 7

Trilha Sonora: Etta James - At Last
Iasmin

Quando pelas portas passei e a luz do sol senti depois de tanto tempo, foi como realmente reviver. Não sabia o que tinha acontecido, não sabia em que condições o mundo estava depois de quase 5 anos, mas naquele momento não me importava, não quando o homem que empurrava a minha cadeira de rodas era o amor da minha vida. Vestia um vestido meu branco com flores que meu marido trouxe e a enfermeira me ajudou a vestir depois do banho, quando a luz do sol me tocou enfim pude me sentir tranquila, finalmente as coisas se encaminhavam para o caminho certo. Logo veria a minha filha, que agora já não era mais um bebê como a deixei. E o nervosismo já tomava conta de mim, o meu bebê já tinha 6 anos, não era mais um bebê.

Ah, meu Deus, será que ela vai gostar de mim? Será que ela irá entender a situação?

Mãe. Tinha minha mãe. Ah, meu Deus!

— Vamos voltar hoje ainda... — sou despertada de meus pensamentos por meu marido.

Olho para cima, vendo o esboço que ele era captado pelos meus olhos. Lhe sorrio, era ele mesmo ali, era o seu cheiro, era a sua voz. Aquilo pra mim era mais que o suficiente. Quando finalmente entramos no veículo, nos escondendo do sol e do calor, meu marido senta ao meu lado. Tenho tanta coisa para perguntar, tanta coisa para saber e ele finalmente estaria ali para me responder. Mas agora não, deixaria isso pra depois, tudo o que queria no momento era me aconchegar em seus braços e voltar para o Brasil. Oliver põe o meu cinto de segurança, deixando um beijo em minha bochecha, evitava espelhos, porque nem mesmo a minha imagem via, mas recebendo cada gesto de carinho dele que parecia tão feliz na minha presença o resto não importava. Não importava que estava cinco anos mais velha e nem mesmo o tempo passar eu vi, não me importava se estava mais magra ou se não tão bonita, o que importava era que estava nos braços do homem que eu amo.

Quando olhei pela janela senti meu corpo se retesar, vi Hana vindo em nossa direção com alguns seguranças, no mesmo instante eu fiquei com medo de me pegarem de volta e me levassem para aquele quarto de novo. Dei graças aos céus quando o carro começou a andar, fazendo com que voltasse a relaxar. Não conhecia o lugar, mas vi a areia clara sendo deixada para trás, via as construções que se mesclavam com areia e só sabia que eram casas pelos formatos inorgânicos que faziam e a minha visão conseguia interpretar, deixava tudo aquilo para trás e dava graças a Deus por isso.

Por aquele instante permite-me fechar os olhos, acomodando nos braços do meu marido e compartilhando do seu calor.

[...]

A porta foi aberta o barulho de um forte motor e hélices foi ouvido, olhei para a janela me deparando cum um grande avião estilo militar verde. Oliver me pegou no colo, caminhando comigo em direção ao avião, nós dois sendo seguidos pelos outros homens que o acompanhavam. Com cuidado fui depositada em um dos bancos laterais, onde tive o cinto posto. Oliver sentou-se do meu lado, segurando a minha mão e a levando a boca, não podia ver seu rosto, mas tinha certeza que sorria e eu também.

— Vamos parar em São Paulo para ver seus documentos e depois voltamos pra Brasília. — me explica o seu plano.

— Quais documentos? — perguntei, o olhando curiosa para saber o que aconteceu nos últimos anos.

Ele ficou calado por alguns segundo antes de me responder, pensativo.

— Você foi dada como morta... — quando aquelas palavras me atingem os meus olhos se arregalaram em surpresa.

— Como-como assim? — gaguejo, acho que não compreendi o que ele havia dito, ouvindo soltar um respiração ruidosa.

— Até a sua ligação todos nós pensávamos que você estava morta... — completa.