II

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Passei a tarde inteira trocando mensagens com as minhas amigas, contei a elas da novidade.

Laura

Você vai arrasar, Ali, confio em você!

Lily

Conheci antes da fama!

Ao fim do dia, assisti o meu filme preferido, Hotel Transilvânia. Sim, parece idiota, mas esse filme me traz ótimas lembranças. Nao consegui dormir, por causa da ansiedade. Quando finalmente peguei no sono, o alarme tocou. Não podia perder a hora da aula, então me levantei cambaleando de sono e me vesti de qualquer jeito. Estava sem fome, então só fiz um sanduíche para levar para a escola.

- Tá vendo, idiota, não perdi o horário hoje, otário!

- Não me importo, quero saber da sua amiga. Acho bom você não me enganar.

- Tá, tá, já entendi.

Me senti meio mal por ter feito o trato, mas era isso ou eu não iria conseguir a oportunidade.

Andei até a escola e, no caminho, encontrei Laura e Lily. De manhã, elas iam andando, à tarde, elas voltavam de carro com seu pai.

- Laura, sabe o Jonathan?

- Sei, sei, seu irmão bonitinho.

- Então, Laurinha... sabe que eu te amo, não é?

- O que você fez dessa vez?

- Você por acaso toparia sair com ele? - faço um drama e junto as mãos de forma teatral.

- Ok, isso tá estranho. O que tá pegando?

- Olha, me perdoa, eu disse pra ele que ia dar um jeito de fazer uma amiga sair com ele se ele me indicasse para a banda do amigo dele... me desculpa, me desculpa, me desculpa.

- FINALMENTE, PORRA! Já fazia um tempo que eu queria sair com ele, você só ajudou, até porque eu nunca sabia como falar com ele. - Laura tem uma reação completamente diferente. Bem, de qualquer forma, deu tudo certo.

- Mas, e aí, Lily, como vai você e o Andrew? - Andrew é o cara que ela gosta, representante do clube de leitura.

Lily nunca foi de dar trabalho, sempre gostou de estudar, participava de todos os torneios estudantis e nunca namorou. Laura, por sua vez, saía escondida toda sexta-feira, bebia, gostava de aventuras.

- Ah, ele... Ele me chamou para sair, mas não sei se devo aceitar.

- Você não vai negar, ne? Aceita! Aceita! Aceita! - Eu e Laura começamos um coro.

- Ah, vocês sabem muito bem que eu não curto muito sair de casa...

- Sai da zona de conforto pelo menos uma vez, Lily!

- É, tem razão. Acho que vou falar com ele, depois, mas vocês devem me ajudar com a roupa, ok?

Chegamos na escola, procuro meu armário e me deparo com uma figura estranha no caminho. É Fabrício Jeffrey.

- Ah, oi, gatinha. Você é a irmã do Jonathan, né? - ele dá uma piscadela. Esse cara é muito estranho, ele tem algum problema?

- Sim. Você é o Fabrício, certo?

- Fabrício? - ele faz uma careta - Que nome feio, eu sou o Rodrick.

- Ah, tá, tanto faz.

- Olha, vou te esperar na saída da escola para irmos para o ensaio, me diga onde é a sua casa para você pegar tudo que precisa. E não se atrase.

Ele pisca de novo e sai.

Hoje teve educação física, fiquei toda suada e fedida, meu senhor, como odeio essa aula!

Me despedi das minhas amigas e fui ao encontro de Rodrick, que estava em uma van estampada com um grande "Fräwda Xeia".

- Fala aí, gatinha. Deu sorte que não tem mais ninguém comigo, ou alguém teria que ir lá para trás. - ele aponta com o polegar para o espaço vazio atrás dos bancos.

Ele para em frente de casa e eu desço, John, que havia faltado, sai do quarto para falar com Rodrick. Pego a minha guitarra, o amplificador, cabo, correia, palhetas e todo o resto e desço até a cozinha, onde pego um pedaço de bolo de chocolate. Vou comendo ele no caminho.

Entro no carro, Rodrick se despede de Jonathan e nós seguimos o trajeto.

- Dá um pedaço desse bolo, aí, gatinha.

- Nunca - falo, ainda de boca cheia. Ele parece não ouvir e pega o bolo de minha mão mesmo assim. Eu, normalmente, encheria ele de tapas até ter meu bolo de volta, mas, observando seus talentos como motorista, preferi evitar um acidente - Você toca o quê?

- Bateria, toco desde... sempre.

- Ah, sim. Coloca uma música, aí, pô.

Ele assente e coloca um álbum do Megadeth, Youthanasia. Pelo menos o gosto musical dele é bom.

[...]

Eles são péssimos. A banda é péssima, não tem sincronização, ritmo, o vocalista canta como se estivesse cagando. Ah, eles vão precisar de muito treino.

- A Alicia é incrível, sem dúvidas ela tá dentro. - Rodrick exclama. Não sei se devo considerar isso um elogio, já que a banda é péssima. - Mudando de assunto, vocês viram que as inscrições para o concurso anual de bandas já abriram? Agora a gente pode participar!

- Sim, podemos, mas, até lá, temos que ensaiar bastante - O baixista, Tom, diz.

- Nós somos ótimos, fala sério!

- Posso dar um palpite? - Digo, um pouco nervosa, com medo de falar alguma merda e ser expulsa.

- Fala, gatinha.

- Eca, não me chame assim! Bem, eu achei um pouco dessincronizado, sabe? Vocês tocam bem, mas quando junta tudo, tá fora do tempo, vira uma barulheira, o som da bateria sai por cima do resto...

- É, faz sentido. Como você acha que devíamos começar?

- Primeiro, Tom, começa. - ele começa a tocar as notas, acho o momento certo para começar o meu solo. - Agora, eu. Entra, Rodrick, com a bateria. E agora, Jim, canta.

Acho que eles entenderam o recado, porque foi melhor que da última vez, todos no tempo certo, a bateria não atropelada nenhum som e, o vocalista... Bem, a voz dele continuava horrível, mas estava no tempo certo.

- Essa menina entende do assunto.

- Tenho mais uma sugestão... Acho que faltou uma voz de fundo.

- Tem razão, mas, onde nós vamos achar uma? Você canta, Alicia?

- Ah, canto um pouquinho, no chuveiro.

- Então manda ver!

Eles seguiram as minhas instruções e eu entrei como segunda voz, dessa vez, estava melhor.

Eles são bons, só precisavam de um pouco mais de organização.

Rodrick Heffley É Um Idiota!Onde histórias criam vida. Descubra agora