Rodrick cuidou bem de mim, me emprestou uma camisa e uma toalha para eu tomar banho e limpar o vômito (eu infelizmente vou ter que concordar que eu estava mais fedida que ele), me deu muita água e comida. Estava morrendo de sono e ele me deixou dormir no quarto de hóspedes, que era bem confortável.
[...]
Não me lembro de muita coisa da festa, tenho algumas lembranças, como eu vomitando e indo para a casa do Rodrick.
MEU DEUS.
EU.
FUI.
PARA.
A.
CASA.
DO.
RODRICK.
MINHA MÃE VAI ME ESGANAR!
Olhei o telefone, 14h20 e 27 chamadas perdidas. Puta que pariu. Me fodi. Puta merda. Porra. Buceta. Inferno. Caralho. Porra. Puta que pariu.
Saí do quarto de hóspedes correndo, procurei Rodrick e me despedi, agradeci por ter cuidado de mim ontem e ele riu. Temi ter feito algo vergonhoso (além de ficar caindo de bêbada) e saí de lá. Dei de cara com a mãe dele, que parecia não estar entendendo nada, então eu apenas dei um bom dia e pedi desculpas.
Saí correndo o mais rápido possível, mas minha cabeça estava doendo para um caralho, então foi um experiência horrível.
Cheguei em casa, abri a porta e fechei os olhos esperando a bronca.
— ALICIA BIANCHI, POSSO SABER POR QUE A SENHORITA NÃO VOLTOU PARA CASA HOJE?
— Ah... É que... Eu tava em um show e tava meio tarde para voltar...
— Com quem você estava?
Não podia mentir, minha mãe sabia que Laura e Lily estavam no Caribe com a família e eu não conheço ninguém daquela escola para dizer o nome.
— Com o Rodrick, mãe...
— Rodrick é seu namorado?
— Não, ele é gay.
Ah, uma mentirinha não faz mal, não é mesmo? Se ninguém contar, ninguém além de minha mãe vai saber que eu disse isso.
— Quem disse que o Rodrick é gay? Essa é nova, Rodrick pega tanta menina que eu fico até com ciúme — meu irmão, aquele filho de uma boa mãe (porque a mãe também é minha), jogou o meu plano por água abaixo.
— Você mentiu para mim, Alicia?
— Não acredito nisso, maninha! Isso é muito feio, não pode!
— Me erra, Jonathan!
[...]
Castigo, tô de castigo por ter mentido e por ter dormido fora sem avisar ela. 2 semanas sem celular, ensaios e qualquer outra coisa que eu goste de fazer. Resta ficar no quarto, olhando para o teto, pensando na vida e lendo o mesmo livro pela 300° vez.
[...]
Ok, eu não aguento mais, só se passou um dia e parece uma eternidade. Queria a minha guitarra, meu celular... Eu senti falta de falar com o Rodrick. Tá, tudo bem que eu odeio ele, mas ele foi tão legal comigo no dia do show...
— Alicia, vai no mercado comprar algumas coisas, por favor?
Vibrei com o pedido de minha mãe. Talvez seja estranho pensar que eu fiquei feliz só com a oportunidade de ir no mercado, mas vocês não sabem a chatice que estava dentro daquela casa.
— Claro, mãe!
Me arrumei (ir para o mercado é como ir para uma festa de gala, não posso ir desarrumada), peguei o cartão e peguei o caminho mais curto até o mercado, mas esbarrei em alguém mais alto que eu.
— Ah, descul... Rodrick?
— Ah, Alicia. Você não foi no ensaio ontem... Também não avisou nada, podia ter dado um sinal de vida.
— Olha, me desculpa, minha mãe tava brigando comigo, então eu inventei uma mentirinha pra tentar contornar a situação, mas meu irmão me dedurou e agora eu estou de castigo por duas semanas...
Ele se vira para a direção que eu estou indo e me segue, falando comigo.
— Ah, sim, por isso não respondeu as mensagens. Minha mãe é assim comigo, também.
— Eu não sei como vou participar do ensaios agora, Rodrick, me desculpa.
— Relaxa, eu dou o meu jeitinho — ele pisca para mim, de novo —, seu irmão me falou algo sobre você, mas não me lembro exatamente o que era.
— Nem me fale dessa praga, estou com ódio dele.
Ele gargalha e eu me lembro do dia em que ele me ajudou.
— Rodrick, eu falei alguma merda no dia do show? Tipo, quando eu tava bêbada...
— Não, não, você só tava toda manhosa e até um pouco carente, pra me dar um beijo daqueles...
— QUÊ? O QUE EU FIZ?
— Mas você beija bem, hein? A gente deveria repetir.
— Que história é essa, Rodrick?
— É zoeira, bobinha! Menos a parte em que você estava toda manhosa, isso aí não dá para negar.
— Meu Deus do céu.
Chegamos no mercado, ele pega algumas coisas para mim. Até que esse cara é prestativo.
[...]
Pago a conta, pego as sacolas e ele me segue de novo.
— Olha, você não quer ir tomar um sorvete comigo? Eu estou te devendo um, daquele dia.
— Nossa, eu adoraria.
Cortamos caminho até a sorveteria mais próxima, ele me deixa escolher qualquer um. Pego um sunday grande de morango, ele pega um sorvete comum de chocolate.
— Você não serve para comer sorvete, Alicia, sua cara tá toda suja!
Limpo o rosto e rebato:
— Ah, é? Mas o seu rosto também tá sujo!
— Quê? Onde?
Pego um pouco de seu sorvete e sujo sua cara.
— Aqui! — Rio alto e saio correndo, ele vem atrás de mim.
— Não, você me paga, Alicia!
Eu me canso (a triste vida das garotas sedentárias) e ele finalmente me alcança.
— Não, por favor, não! — suplico, ele ignora, pega um pouco de sorvete e ameaça jogar em mim.
Eu me encosto no muro que estava perto de mim e coloco as mãos na frente do rosto, de olhos fechados. Ele lambe o dedo que pegou o sorvete (ugh, que nojo, sabe-se lá onde ele colocou esse dedo) e me segura, olhando no fundo dos meus olhos. O encaro por alguns segundos e ele se aproxima, mas eu me afasto, rápido.
O que foi? Achou que ia sair um beijo? Pois fique sabendo que um sorvete não me compra, caros leitores.
— Eu preciso ir para casa, minha mãe tá me esperando. Meu Deus, as compras? Onde eu deixei elas?
Volto correndo, desesperada, até o banco da sorveteria, onde eu acho todas as sacolas.
Exausta de tanto correr, volto para casa caminhando igual a uma tartaruga. Rodrick foi embora.
Respiro fundo antes de entrar em casa.
— Aqui, mãe, as compras...
— Por que demorou tanto?
— A fila estava enorme, aquele mercado estava lotado!
— Entendi. Anda, vá para o quarto!
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Rodrick Heffley É Um Idiota!
RomanceRodrick é meio estranho, às vezes, mas é um bom amigo. Mesmo sendo amigo do meu irmão (todos os amigos dele são tão desgraçados quanto ele), Rodrick é legal. Por mais que eu odeie admitir, gosto da companhia dele e, confesso, tenho receio de acabar...