Rodrick Heffley É Um Idiota!

IX

Rodrick Heffley

Pela manhã, Alicia tinha sumido. Não faço ideia de como ela driblou a minha mãe ou saiu sem eu perceber, talvez meu sono seja um pouco pesado. Entretanto, pela primeira vez em muito tempo, me senti preocupado com alguém e peguei meu celular para mandar uma mensagem.

"alicia cade vc"
"vcoe sumiu asism do nada"
"tonpreocupado me mabda .ensagem se vc estiver bwm"

10:56 A.M

As horas se passaram e nada, nem sinal dela. A ansiedade foi me corroendo, e eu já não parava quieto mais. Tamborilava meus dedos na mesa sem parar, balançava os pés, roía as unhas. E nada de mensagem, foi aí que eu recebi uma ligação de Jonathan.

—  Qual foi mano, você tá maluco? Não é para chegar mais perto da Alicia, está me entendendo? Eu não sei o que você disse para ela, para ela parar na sua cama como mais um dos seus brinquedos sexuais malditos. Se você chegar perto dela, eu te arrebento na porrada!

— Como assim? A-acho que você não...

— VOCÊ ENTENDEU?

— Eu... acho que sim. Desculpa.

E assim acaba a ligação, sem chances de explicação, sem nada. O que eu mais temia aconteceu: estou sem poder falar com a Alicia.

"alicia"
"o que aconteceu?"
"você sumiu, e agora seu irmão me logou, puto da vida"
"eu estou falando sério"
"deixa eu me esclarecer, pelo menos"

03:42 P.M.

"Não me mande mais mensagens"

04: 37 P.M.

Quando um ciclo com alguém que você conhece e se importa se encerra, dói. O pior de tudo é quando esse ciclo se encerra e você nem sabe o motivo, sua mente se enche de "talvez".

Talvez ela não tenha gostado de ontem à noite.

Talvez ela tenha se arrependido.

Talvez eu a tenha machucado.

Talvez eu tenha demonstrado demais.

Talvez ela só queria me usar.

Droga, odeio essa sensação de impotência, quando minha cabeça dói de preocupação, meus olhos enchem de lágrima e eu quero chorar. Sei que é normal para os outros, mas não para mim. Eu nunca choro, não deveria, pelo menos. Eu deveria ser o cara sarcástico e sem sentimentos o tempo inteiro.

Minha mãe bate na porta e entra no meu quarto:

— Filho, você não saiu do quarto até agora, não quer comer nada?

— Talvez não agora, mãe. Valeu.

Ela sai, parecendo chocada ou preocupada. Alguns minutos se passam e eu me canso de sofrer no quarto, então  decido ir para o porão, tocar bateria. É então que eu me dou conta de que a batalha das bandas é em pouquíssimo tempo, e eu não tenho vocalista ou guitarrista, e meu baixista é um frouxo. Precisava recrutar mais pessoas, e rápido. Peguei algumas folhas e canetinhas do meu pai e fiz cartazes para espalhar pela cidade, abrindo inscrições para participar da banda, sem um pingo de esperanças de que desse certo. Na mesma noite, saí para os espalhar pela cidade, isso havia me ajudado a esquecer um pouco os fatos anteriores, até que eu vi.