Capítulo Vinte e Três

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Já havia se passado alguns dias desde que mostrei o quadro de Luz para Carlos, e desde esse dia ele começou a agir de maneira estranha. Me lembrar daquela tarde me deixa emocionada.

***

Carlos tira seus olhos do quadro e começa a me olhar, as lagrimas antes não derramadas agora cobrem seu rosto. 

- Nossa... filha? - as palavras saem entre sussurros. 

-Sim. - a essa altura também já estou chorando.

Ele me abraça emocionado e não diz nada. Permanecemos assim ate que ele foi tomar banho. 

Naquela mesma noite Carlos me amou de maneira lenta e delicada e na manhã seguinte, já não era o mesmo Carlos que estava ali, era outro e eu não sabia o que tinha causado isso.

***

- Ana Luiza, eu já estou indo para empresa. - Ele diz ao chegar ao fim da escada e me ver na mesa tomando café da manhã. 

- Não vai tomar café comigo? - pergunto já sabendo a resposta.

- Eu, tenho uma reunião agora pela manhã. - ele caminha ate mim me dando um beijo na testa.

- Qual o seu problema? - ele me olha sem entender. - Uma semana, Carlos. Uma maldita semana que você mal me olha nos olhos, tem saído mais cedo e voltado mais tarde. Desde que te mostrei o quadro da nossa filha, você tem agido assim. O que esta acontecendo?

Seu olhar é triste, e posso ver que lá no fundo ele me esconde algo.

- Nada! Não tem nada acontecendo.

- Eu cansei, já tem uma semana que estou tentando falar com você, tentando te entender. Mas eu não vou fazer mais isso. 

O silêncio seguinte me mata de angustia, tenho esperança que ele me fale o que esta acontecendo.

- Seu carro chega hoje pela tarde, amanhã João o levará até a empresa para colocarmos o rastreador nele. - é tudo o que ele diz antes de entrar no elevador e ir trabalhar.

- Maria! - não demora muito e ela aparece na sala, e pelo seu olhar eu sei que escutou. - Pode retirar a mesa, por favor. - digo ao me levantar e ela me puxa para um abraço.

- Tudo irá se resolver querida, tenha fé.

- Eu sei, Maria, mas mesmo assim doí, doí muito. Eu vou... para escola, tenho que fazer a prova de conclusão, caso contrario eu perco o ano. 

- Vai lá, querida eu sei que vai conseguir.

Após fazer uma prova enorme e ficar esperando por uma hora o resultado, volto para casa tendo a certeza que passei para o ano seguinte. 

Quando João estaciona na garagem do prédio vejo meu carro estacionado, decidi comprá-lo  quando voltávamos do shopping, no mesmo dia que fomos comprar as telas. Um cliente estava entrando no estacionamento com esse modelo de carro, acho que foi amor a primeira vista. Quando cheguei em casa Carlos me ajudou a entrar em contato com uma concessionaria, marcamos uma visita e eu fechei a compra.

E agora ela esta aqui.

- É ainda mais linda de perto. - digo com um enorme sorrio.

- Tem bom gosto para carros, Ana. O que acha de ir almoçar e voltar para dar uma volta, assim você se acostuma com o carro.

- Ótima ideia, João, já volto.

A tarde passou de forma rápida. João e eu saímos pelas ruas de Seattle para que eu pudesse me habituar com meu carro novo. Quando voltei ao apartamento, Maria me informou que Carlos havia ligado e disse que sairia com as meninas para a noite da bebida. Não estranhei, eles faziam isso todos os meses, apenas fiquei triste pelo fato que ele preferiu ligar para casa, mas não para mim.

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