Já haviam se passado três dias desde aquela noite, quando eu havia acordado no domingo Andrew não estava mais no quarto e desde então ele não havia falado comigo direito. Sem sorrisos, sem indiretas, sem ataques, apenas o que a regra de educação mandava, bom dia, boa tarde e boa noite. Ele estava me evitando, e aquilo estava me incomodando. Irônico hã? Eu passei a semana toda, principalmente o final dela, querendo que ele me deixasse em paz, e quando ele finalmente atende o meu pedido eu me sentia estranha, me sentia... vazia? Estranho, eu sei, mas eu meio que sentia falta do Summer invadindo a minha casa para saber da minha vida, sentia falta do Summer sorrir daquele jeito misterioso que ele sempre fazia quando eu passava na frente da casa dele, sentia falta do Summer espionar pela janela sem ter nenhum medo de que eu pegasse no flagra. Eu sentia falta dele. Era algo bom e ruim ao mesmo tempo. Impressionante como uma única pessoa pode bagunçar toda a sua mente em apenas uma semana e meia...
Eu batucava na carteira do colégio com um lápis enquanto meu parceiro de mesa terminava algum trabalho nosso de história, sempre que ele me perguntava alguma coisa a única resposta que saia da minha boca era um "tanto faz" ou "o que você achar melhor". Nunca fui boa em história, o que por sinal deixava meus pais irritados, e naquele momento eu realmente não estava com paciência para saber o que os nossos ancestrais fizeram pelo nosso país.
Ouvi o sinal tocar, peguei parte dos papéis pela minha mesa e o resto joguei dentro da mochila tentando sair o quanto antes da sala.
- Srta. Star? – Ouvi a voz rouca e lenta do Sr. Robert me chamar, era a única coisa que eu precisava agora. – Precisamos conversar. – Ele não era velho, deveria ter uns 35 anos no máximo, cabelos pretos puxados para trás e sempre usava um suéter diferente a cada semana. Ele era um dos únicos professores ricos da cidade, o que ajudava a ter garotas sempre perto dele querendo "uma carona" no carro dele, se é que me entendem...
- Algum problema Senhor? – Sentei numa cadeira perto dele o encarando.
- Quanta formalidade... – Ele sempre me repreendia por não chamá-lo por Tom, seu primeiro nome. Mas, bem, era sempre assim, começava por Tom e acabava pegando "carona". – Eu estava revisando suas notas e pelo que me parece, se continuar no mesmo ritmo você poderá repetir a matéria.- Eu prometo que tentarei melhorar, senhor.
- Já perdeu a graça falar que você pode me chamar de Tom, e bem... – Sentir a mão dele passar pela minha coxa, subindo um pouco a saia fazendo círculos na minha pele com o dedão. – Se você quiser eu posso até te ajudar a passar... – Aquilo era nojento. Levantei irritada jogando a mão dele para longe e consertando a minha saia.
- Acontece, SENHOR Robert, que eu não preciso da sua ajuda, posso me virar sozinha. Muito obrigada. – O olhei com nojo e saí da sala ainda dando tempo de ouvi-lo responder um "se precisar estou aqui", meus passos eram tão rápidos que não deu tempo de ver que vinha alguém, me fazendo esbarrar e todas as minhas coisas caírem pelo chão. - Desculpe-me! – Falei me abaixando para recolher todos os papéis. – Sou muito desastrada, droga... – Vi a sombra da pessoa se abaixar comigo para me ajudar a pegar os papéis. Minhas mãos tremiam de raiva pelo que tinha acabado de acontecer, fazendo os papéis caírem mais uma vez, até que desisti e joguei tudo no chão me sentando ao lado e passando a mão pelo rosto.
- Ei, calma... Foi um acidente. – Olhei para frente me deparando com um sorriso totalmente branco. – Acontece com todo mundo. – Ele arrumou os papéis me entregando. – E pelo que eu estou vendo seu dia não está sendo um dos melhores. – Vi sua mão se estender me ajudando a levantar do chão.
- Obrigada... – Agradeci concertando minha farda e colocando todos os papéis dentro da bolsa para evitar qualquer outro acidente. – Na verdade minha vida não está no seu melhor momento.
- Bem vinda ao clube. – O sorriso dele era tão suave, tão lindo, que me fez sorrir só por isso. Ele tinha olhos castanhos e cabelos tão pretos quanto os do meu irmão mais ele me lembrava o Andrew que se destacava na pele pálida, até parecia que ele não tinha visto o sol há anos. Era alto e Jesus, o corpo dele era forte, mas de um jeito saudável. Josh. – Ele falou entendendo a mão, claro que eu retribuí, e Jesus que pele macia e quente!
- Katherine, mas pode me chamar de cat.
- Katherine, meu nome favorito!
- Sério?
- É... Não, estava apenas causando boa impressão.
- Está funcionando.
- Está?
- Não, estava apenas sendo agradável. – A risada dele foi tão alta e gostosa de ouvir que me deu arrepios. Sério, onde ele se meteu esse tempo todo aqui no colégio?!
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Sonhos e Lembranças
RomanceDepois de tudo o que aconteceu comigo, agora eu tenho ele para me assombrar.