6. A suprema corte ?¿

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Pergunto-me se sempre será assim
Pois, apenas perco e lamento
A cada momento presa
Em minha própria tormenta.

— N.D.

Beldans, a suprema corte formada por 35 homens, eles julgam qualquer cidadão que descumpra as regras explícitas no Belda, livro regido por todas normas. Todo cidadão de Chedrinn escuta essas regras desde a pré-escola.

Sendo filha legítima da rainha, conheço de cor e salteado cada palavra escrita em suas folhas encardidas. A rainha me preparou para assumir o trono, me levando à toda atividade que envolvia assuntos diplomáticos. Quarta-feira é o dia em que eu me sentava naquela cadeira e observava pessoas sendo condenadas a terem suas cabeças cortadas.

Sentada na carruagem, mordo meus lábios, meus dedos ardiam, indicando que havia algo errado. No caminho, mantenho meus olhos atentos na estrada, o aroma de terra molhado é aconchegante.

Desde que Dante está morando no nosso castelo, minha mãe anda agindo de uma forma calma e isso me apavora. Saori não é uma mãe calma, muito menos uma rainha boa. A corda bamba tem se tornado estável e isso não é confortável. Meus pensamentos me afligem. Se tivesse um botão para desativá-los e deixá-los em um lugar seguro, eu apertaria, sem dúvidas.

A carruagem para, olho de soslaio para minha mãe que ajeita os fios, um homem de cabelos ruivos amarrados em um rabo de cavalo abre a porta. Seguro em sua mão para ter apoio. Uso um vestido azul com mangas brancas. A roupa me mantém presa, preciso respirar.

Saori caminha elegantemente pelo tapete branco, diferindo dos vestidos, ela usa uma calça preta social e um corset da mesma cor. É costumeiro meus olhos arderem nesse lugar, tudo é tão branco e dourado. No auditório, tento procurar rostos parecidos, quando vejo Dante acenar para mim. Estalo a minha língua, esse moleque é onipresente? Vou até ele, suas mãos estão apoiadas no braço da cadeira. Me aproximo de si, apertando meus lábios.

Gótica, tsc. — Estala a língua, mexendo a cabeça. — Me decepciona ver você perdendo sua essência com esse vestido azul, parece uma avó — coloca a mão na boca sorrindo.

Reviro meus olhos, como um cara pode ser tão irritante? O sorriso de canto tão característico continua ali.

— E o seu terno azul e amarelo, sério? A tendência entre os príncipes precisa se atualizar — desdenho.

Eu me mantinha concentrada, ouvindo a audiência, olhando para frente. Realmente me sentia incomodada com o aperto em meu corpo, o espartilho, o sutiã que apertava meus seios. Seguro as lágrimas que ameaçam descer de meus olhos, as vozes ecoam na minha mente, martelando. Eu preciso sair. Fecho meus olhos, tentando me manter respirando, mesmo com a falta de ar em meus pulmões.

— Merséfle, 16 anos, foi pega na floresta de memórias perdidas, recusa-se a dizer o que estava fazendo no local proibido — um barulho de martelo ecoa.

Minha cabeça está um nó, as lágrimas salgadas começam a descer. Aperto o braço da cadeira, desejando que aquela tortura acabe. A mão áspera dele faz carinho na minha. Meu olhar vai de encontro ao seu, refletindo a calmaria de uma tempestade. Ainda sinto o aperto incômodo, mas o carinho me acalma.

— Condenada a dois anos de sentença. E que isso sirva de exemplo para os demais.

Dante segura no meu pulso, arregalei meus olhos pelo puxão que levo. Antes de sairmos, vejo a garota que será presa. Não pode ser. Ela olha para mim, mas não consigo acreditar nisso.

— Você está melhor? Eu percebi que você tava quase sem respirar, não que isso seja da minha conta — ele pigarreia.

— É só dizer que está doidinho de preocupação — dou de ombros.

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