PROLOGUE

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Annie Roy
French Quarter

A casa dos Guerrera estava praticamente impossível de se mover, e mesmo se conseguisse o risco de queda seria maior ainda, móveis estavam caídos por todo o chão. Na noite de ontem, gritos e mais gritos foram escutados pelos vizinhos, até os policiais do Quarter chegar, as mortes já haviam acontecido, por isso as delegacias do Tremé, 7th Ward e Storyville, foram designadas para ajudar nas investigações.

Todos os corpos estavam estraçalhados, alguns sem sangue, mas o que tinham em comum eram a falta do dedo anelar ou até mesmo das mãos, era como se quisessem tirar um anel que era necessário, algo de muita importância.

Passo pela fita amarela que demonstrava que aquela área era apenas para pessoal autorizado, já que a maioria dos corpos estavam lá, os legistas trabalhavam a todo vapor do lado de dentro, já que tinham examinado todo o lado de fora, onde haviam os corpos de quatro dos seguranças.

Era estranho pensar no fato de que aquela família estava morta, já que eles eram perigosos, gerenciavam o tráfico de drogas da região, além do simples fato de terem um cassino que obviamente escondia muito mais do que cocaína, por baixo dos panos.

— Não gosto desse seu olhar! — Auggie, meu melhor amigo, afirma ao me ver entrar. A antiga casa tinha se tornado patrimônio público algumas horas antes do massacre, a prefeitura tinha aceitado a proposta de um empresário "novo" da região e logo depois eles tinham morrido, despropositadamente? Temo que não. Eu queria respostas, e não iria parar até encontrá-las, sempre fui assim.

— Por que? O que tem nele? — Questiono olhando para o cadáver de um dos irmãos, não sabia como Auggie conseguia trabalhar como legista sendo que quando éramos crianças, ele foi o garoto que tinha nojo de brócolis por ser verde demais, e verde é a cor das coisas nojentas, segundo ele. Ele tira suas luvas e pega o café que eu trazia para ele.

— É aquele olhar "Meu Deus! Eu não vou parar de investigar até achar esse cara, ou não me chamo Annabeth Kristian Roy".

— Você não está curioso?

— Curioso eu estou, mas sei ser zeloso pela minha linda vida. E você deveria aprender isso, minha doce e amada amiga. — Auggie era um dos meus poucos amigos, tínhamos crescido juntos, éramos vizinhos até ele mudar da casa dos pais, algo que não é minha próxima meta, além de sermos vizinhos, éramos colegas de turma durante toda a escola, depois fomos para Stanford juntos, e lá dividíamos um pequeno apartamento, quando voltamos fomos direcionados para a mesma delegacia. Auggie era a única pessoa além do meu pai que me entedia, na maior parte das vezes eram apenas os dois que me apoiavam, como agora, que apesar de não querer em nada me ajudar, ele irá fazer isso.

— A sua linda vida pode ganhar um bronzeamento em Bali.

— Não, não, não. Eu não acredito, você vai mesmo me levar?

— Para que serve uma passagem de um leilão beneficente, se não viajar?

— Que sua mãe vire uma santa, por te obrigar a ir.

— Deixa de ser tonto.

— Por falar em tonto, o tonto do nosso chefe está te procurando. — Auggie diz olhando para algo atrás de mim e sai em poucos instantes, olho para trás vendo o meu chefe e me viro para encará-lo.

— Roy! — Meu chefe me chama indicando que eu o siga para fora da casa, meu coração palpitava cada vez mais a cada passo que eu dava. Era como se fosse a primeira vez que eu tinha pisado na delegacia, parecia que eu iria morrer a cada instante, podia me sentir como um dos atabaques das festas de Tremé, ou o asfalto da Bourbon Street durante o Mardi Gras, com todos aqueles turistas pulando animados na rua. Já se fazia quatro anos, mas a sensação era a mesma, toda vez que meu chefe me chamava, mesmo considerando o fato de que nos seis dias que trabalho na semana, quatro eu sou chamada em sua sala, o que fazia sentido, já que segundo o meu relatório eu tinha grandes impulsos, junto com uma grande visceralidade, impulsos propiciais a psicopatia e talvez um grau leve de narcisismo. Achava minha ficha uma grande hipérbole, eu não tinha impulsos propiciais a psicopatia ou um leve grau de narcisismo, mas talvez os "grandes impulsos, junto com uma grande visceralidade" fossem eufemismo, eu tinha impulsos muito grandes, que faziam minha mãe temer por mim, durante grande parte do dia pelo meu trabalho, mas a visceralidade não era tão grande e violenta para ser considerada psicopata. Quando meu chefe e eu chegamos a porta da frente ele para acendendo um de seus cigarros, achava que a qualquer momento ele teria um câncer de pulmão e não sobreviveria nem seis meses. — Está vendo? — Ele aponta para os outros detetives que conversavam com seus respectivos chefes.

— O que tem? — Questiono sem entender o que ele queria demonstrar com aquilo.

— Eles vão seguir as ordens de seus superiores, não vão pestanejar, e vão escutá-los, mas você não vai fazer isso, pelo simples fato de que não me escuta, porém eu vou te dar apenas um aviso se você pensar em investigar isso, será demitida no mesmo minuto. — Meu capitão diz e sai da cena do crime, me deixando lá sem reação, como ele não queria que tudo aquilo fosse investigado? Alguma coisa maior do que os políticos da cidade estava atrás disso, e eu iria descobrir por bem ou por mal, mesmo que o meu estivesse na reta, me viro para entrar e me despedir de Auggie quando vejo algo brilhar atrás de um dos vasos que ficavam cada um ao lado de uma das extremidades da porta, me abaixo pegando um objeto vendo uma abotoadura, com a letra E gravada ao centro, parecia ser feita de ouro maciço, seja lá quem tivesse matado todas aquelas pessoas, ele tinha dinheiro.

At The Police Crossroads  | Elijah MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora