LAISSEZ LES BON TEMPS ROULER

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Annie Roy
7th Ward

Depois de vasculhar cada um dos registros de cada pátio de toda a cidade, eu acabei não encontrando o maldito carro de Francesca, mas tinha descoberto o horário que um dos policiais do Treme que não me odiava tanto trabalhava, então apenas tinha que me sentar e esperar o turno dele começar, a única coisa que eu podia fazer agora na delegacia era pesquisar. Eu já tinha procurado por todos os sobrenomes da cidade que começassem com E, seria fácil se fosse só isso, mas tinha que procurar antecedentes para ter a certeza de que nenhum almejava a morte da família Guerrera. Depois de ter esgotado todas as possibilidades, procurei entre todos os apostadores do cassino, seria difícil já que isso não era um caso oficial, não podia chamá-los para depor, eu tinha que ir por instinto, algo que eu era muito boa.

Entre todas as pesquisas, tudo o que eu pensava era o fato da polícia não investigar, não era apenas corrupção tinha algo mais nisso, as câmeras da casa estavam em bom estado, mas segundo os relatórios da perícia no local, todas as câmeras estavam destruídas, mesmo que eles estivessem na sala de provas e eu soubesse que tinha como ter alguma prova, todos os dados eram inconclusivos, e me deixavam em alerta e cada vez mais instigada a procurar o verdadeiro culpado, não podia aceitar que pelas marcas dos corpos a pessoa era bem da cabeça, no mínimo um esquizofrênico com altos níveis de psicopatia.

Sou retirada dos meus pensamentos com a loira que eu tanto conhecia entrando na delegacia e vindo até a minha mesa. Camille O'Connell, mas como gosta de ser chamada Cami, nos conhecíamos desde crianças, mas nunca foi como eu e o Auggie, talvez porque crianças do Quarter, jamais se misturavam com as do Garden District.

As pessoas que moravam em Garden District em geral eram das famílias mais ricas francesas, ou até mesmo americanas, pessoas da alta sociedade do século XIX e XX, as mansões eram bem antigas, feitas em grandes lotes, éramos do tipo de pessoas que só tem relações entre nós mesmos, alta sociedade com alta sociedade, de tomar chá da tarde na casa de uma das vizinhas com todas as mulheres do quarteirão reunidas para falar mal de uma única pessoa.

Já as crianças que cresciam no Quarter eram rodeadas de jazz e culturas de diferentes lugares, eram livres, corriam pelas ruas, nos chamavam de exibidos e chatos sempre que podiam. Tínhamos nos conhecido em um evento de fundadores da cidade, apesar de terem dinheiro os O'Connell sempre viveram no Quarter, o coração da cidade, era o que eu mais amava na família dela, não se importar com o dinheiro que tinham e se misturar entre diversas nações.

— E aí, no que está trabalhando? — Ela pergunta se sentando na cadeira de Auggie.

— A gente pode sair daqui e eu te conto? — Pergunto e ela concorda, arrumo minhas coisas rapidamente e saio de lá. Durante a noite com a quietude de tudo na delegacia, era mais fácil de se ouvir algo e alguém poderia dizer o que eu estava fazendo para o meu chefe.

— Então no que está trabalhando? — Ela pergunta quando já estamos na cafeteria próxima a delegacia.

— No caso Guerrera.

— Acho que não deveria entrar nessa. — Ela fala parecendo estar culpada.

— Por que?

— Ah...porque os Guerrera eram importantes, matá-los não deve ser fácil. — Ela diz hesitante.

— Eles eram importantes, e não poderosos, não se pode dizer que eles eram a Família Marcello e Francesca era o Carlos.

At The Police Crossroads  | Elijah MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora