Capítulo 5: Role-Playing Game (RPG de mesa)

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Aperto a campainha e espero alguém atender a porta.

— Você apareceu — Heytor move a placa de madeira dando espaço pra que eu entre — achei que vinha comigo direto da escola.

— Tive que passar em casa antes, me arrumar pra você, fofucho — sorrio cinicamente e entro.

Na verdade, eu acidentalmente havia derrubado suco na camiseta inteira bem na hora da saída.

— Não esquece de...

— Tirar os sapatos pra entrar, eu sei — deixo meus vans pretos no hall de entrada e calço as pantufas lilás que estavam logo a frente. Lilás é minha cor favorita.

— Senhora Cho. — Curvo-me para cumprimentar a mulher de meia idade que me esperava na sala.

— Pode me abraçar, querida — ela se levanta e abre os braços — não te vejo há muito tempo, está tão crescida.

Vou em sua direção e abraço-a. Nos últimos anos eu parei de acompanhar minha mãe nesses jantares de negócios e não vi mais a empresária sul-coreana.

— A Senhora não mudou nada. — digo ao desvencilhar-me de seus braços.

— É impressão sua — ela sorri — pode tirar a máscara aqui dentro, todos estamos vacinados — concordo movendo a cabeça — e não precisa do "senhora", Mina já está bom.

— Tudo bem, Mina. — sorrio.

— Agora venha, fiz deliciosos Tteokbokki e kimchi especialmente pra você.

Quando eu era pequena, dizia que esses eram meus pratos preferidos. Fico feliz que ela ainda lembre.

— Muito obrigada, espero não ter tomado muito do seu tempo.

— Que isso, querida, sente-se.

Sento-me na lateral esquerda da mesa, Heytor senta na minha frente, sua mãe ao meu lado e Nabi ao lado do irmão.

Poucas palavras são ditas durante a refeição, mas constantemente Heytor sorri enquanto come, um sorriso diferente, isso me intriga.

Depois de terminar a sobremesa, nos levantamos e subimos para o quarto do Heytor. Três paredes brancas e uma azul que imita o fundo do oceano, paixão do garoto desde pequeno.

O garoto acende a luz do ambiente e pega uma caixa de arquivos de dentro do armário, ele coloca-a em cima da cama e percebe que está sendo observado.

— O que foi? — pergunta curioso.

— Você está doente? — me aproximo e coloco as costas da mão em sua testa.

— Co-como assim? — ele gagueja e seu rosto esquenta.

— Não me xingou nenhuma vez desde que cheguei. — desço o braço que cansa por conta dos 30 centímetros de diferença. A distância de nossos corpos não muda.

— Por respeito ao alimento em nossa mesa e à minha mãe — seu corpo parece querer se mover, mas ele hesita. — ela não consegue ver toda a maldade que tem dentro de você, florzinha. — ele me olhava de cima, como se fosse o dono da situação.

— E não está nem um pouco errada, o ser odioso aqui é você, fofucho. — encaro-o de volta.

— Nossa, garota, você me tira do sério. — ele se afasta, vira de costas e passa as mãos na cabeça, despenteando os lindos fios pretos.

— Eu chamaria de talento — gesticulo no ar enquanto ele novamente olha pra mim. — Mas então, o que você tem de tão legal da Coreia do Sul além de ser meio descendente?

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